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quinta-feira, 17 de abril de 2008

EDUCAÇÃO ATRAVÉS DO DESPORTO (II)

“Vive-se uma época de mudança explosiva. (...) Velhas maneiras de pensar, velhas fórmulas, velhos dogmas e velhas ideologias,
por muito queridos ou úteis que tenham sido no passado,
já não se coadunam com os factos. (...)
Não podemos meter à força o mundo embrionário de amanhã
nos cubículos convencionais de ontem”.

Alvin Tofller


Questionarão muitos professores, fundamentalmente, mas também políticos e outros agentes desportivos, afinal, o que tem a ver, no essencial, a citação de Tofller com o nosso problema, isto é, com a Educação Física e o Desporto na Escola? Diria que tudo se partirmos do pressuposto que no mundo que estamos a viver, se tornar indispensável olhar para os Sistemas Educativo e Desportivo como sistemas que interagem entre si e com todos os restantes. Há, como sempre existiu ao longo da História, a necessidade de um esforço colectivo no sentido de uma permanente interrogação, na perspectiva de, tendencialmente, fazer ajustar a actividade profissional aos novos ritmos que a vida impõe. E assim sendo, parafraseando Carlos Fuentes, citado por Toffler (1984), impõe-se questionarmo-nos se “estamos a morrer ou a nascer?”. Melhor dizendo, numa aproximação a este contexto, se a Educação Física está a morrer ou a renascer?. Trata-se de uma questão essencial, isto é, se a tendência é aferrolhar esta área de desempenho social ou, pelo contrário, libertá-la dando largas à imaginação criando uma Educação Desportiva geradora de felicidade para quem a pratica e recompensadora para quem a orienta no plano da plena satisfação profissional [1].
É este o dilema perante o qual a Escola e as instituições políticas estão confrontadas. É caso para interrogar: por que razão os jovens terão de se subordinar, tal como ontem, a programas estandardizados e desadequados que pouco ou nada têm a ver com a sua maneira de ser e com as suas expectativas? Programas baseados numa taxonomia discutível, repetitiva, desmotivadora e discordante das necessidades do seu corpo, da sua saúde, da sua inteligência e da sua cultura? Porquê estarem sujeitos à estandardização que nega, a partir de um determinado estádio, o direito à opção e à livre escolha? Programas que os agridem em regimes de coeducação, que são de uma chocante artificialidade e que não respeitam a estrutura da cadência da organização do tempo da sociedade actual? Há, sustentamos, pertinência nestas questões. Elas derivam da prática. É por isso que considero ser necessário avançar para um paradigma organizacional que contrarie as lógicas do passado, numa incessante busca de soluções personalizadas à medida de cada comunidade, de cada escola e de cada jovem.
Os tempos são outros. Hoje vive-se o factor E na feliz expressão de Joel Makower: Estado, Educação, Eficiência, Excelência, Ecologia, Eficácia e Economia. E das duas uma: ou criamos uma energia colectiva para gerar o salto para o futuro ou confinar-nos-emos às consequências derivadas da passividade, da acomodação e do oportunismo. A Escola está no meio da turbulência e de nada lhe valerá resistir à mudança, simplesmente porque tudo está a ser posto em causa e reequacionado de novo. No desporto, também. Só por aí, através de uma nova mentalidade, poder-se-á, no futuro, dispor de uma população que o assuma e o pratique como bem cultural. (Continua)


[1] Sempre que me reporto a estas matérias, trago em memória o posicionamento, de longa data mas sempre actual, do filósofo Doutor Manuel Sérgio: (…) Por mim sou em crer que se a Educação Física, se se deixa aferrolhar na torre de marfim onde virginalmente querem escondê-la, roubando-lhe o acto fecundante do contacto com as ciências do Homem, não excrescerá a mediania (…). A Prática e a Educação Física, 1985, pág. 11.

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