Adsense

sábado, 10 de maio de 2008

COMANDANTE ALARMADO COM O ANFITEATRO DO FUNCHAL

Ontem passou pelo Funchal o "Independence of the Seas". O Comandante do navio falou à RTP-Madeira. Um dos aspectos que revelou, em função da imagem que retinha do anfiteatro do Funchal de há alguns anos, foi o sensível excesso de construção. Salientou, entre outros importantes aspectos, que a aproximação ao porto do Funchal era linda e que se torna necessário ter muito cuidado. Ora bem, nada mais do que alguns políticos da oposição há muitos anos andam a dizer.
De facto estão a matar o Funchal. O crescimento abusivo de habitações, a exagerada impermeabilização do solo, a falta de respeito pelo sentido de escala do Funchal, estão a matar (se já não mataram) a beleza deste anfiteatro porventura único. E isto fica a dever-se, desde logo, à falta de respeito pelos instrumentos de planeamento, desde o ordenamento do território até ao plano director municipal. E não respeitam porque o modelo económico assenta em pressupostos errados, onde emerge a ganância, o lucro fácil, os interesses pessoais ou de grupo e jamais os intereses da comunidade e do desenvolvimento. Há uma aflitiva ausência de cultura. Medem o desenvolvimento do povo pelo número de toneladas de cimento vendidas ou pelo número de veículos em circulação e esquecem-me que, por aí, estão a matar o turismo, enquanto galinha dos ovos de ouro.
As cidades e as vilas turísticas vendem, hoje, pela sua qualidade distintiva relativamente às demais. Aquilo que é igual não vende ou passa a vender menos. Cada vez mais as pessoas sabem identificar os produtos, desde logo pela facilidade no acesso às fontes de informação, elas sabem, por isso, diferenciá-los em relação à concorrência e acabam por optar por destinos que associam à qualidade e à diferença. A marca Funchal, neste aspecto, perde a olhos vistos. E cada vez será pior se não houver o cuidado de dizer basta e de requalificar aquilo que é possível requalificar.
O Comandante do navio ficou alarmado. Oxalá as suas palavras funcionem como campainha de alarme. Duvido, porque os interesses são muitos, mas, enfim, espero, no mínimo, que os funchalenses acordem no próximo ano.

Sem comentários: