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sexta-feira, 30 de maio de 2008

OS SILÊNCIOS DO DR. JARDIM E DA RTP-MADEIRA

Tão célere a insultar quem lhe complica os caminhos da sua política e tão silencioso e metido na toca quando se trata de defender o povo naquilo que, de facto, o aflige. É nesta imagem pública que se transformou o Dr. Alberto João Jardim.
É inaceitável que, há semanas, por razões meramente partidárias, tivesse arrastado toda a comunicação social para uma "declaração dos madeirenses", com honras de transmissão em directo através da servil RTP-M, mas, até agora, perante a gravíssima situação da liberalização do espaço aéreo, dos transportes em geral, de pessoas e de mercadorias, da escandalosa diferença de preço dos combustíveis na Madeira e nos Açores, entre outros vários preocupantes dossiês, o Presidente do Governo Regional tivesse desertado, remetendo-se ao silêncio como se não tivesse que dar plausíveis explicações a toda a Região Autónoma.
Os madeirenses não precisam de um governo como este que só governa quando nada em milhões vindos da Europa ou do Orçamento de Estado. Um governo é posto à prova não em tempos de abundância mas, sobretudo, em tempo de vacas magras. É aí, quando a disponibilidade orçamental é limitada, que se vê a capacidade de governar, de encontrar soluções, de negociar e de traçar rumos. É aí, também, que se vê a diferença entre um mero político e um estadista. Um político que só vê o mundo através de vitórias nos actos eleitorais e um estadista que lança as bases político-estratégicas visando o futuro bem-estar das gerações que se seguem.
Este silêncio é preocupante porque deixa a população politicamente órfã e indefesa, pelo vazio criado e pela ausência de soluções por parte de quem está mandatado para o fazer.
É evidente que o silêncio tem uma leitura política. E essa leitura é a da consciência pesada pelo que fez e pelo que não soube fazer. Ele tem consciência que, ao longo de trinta anos, construiu, politicamente, a arma da sua autodestruição. Está num beco, não diria sem saída, mas, no mínimo, de difícil saída. Ademais, o seu grupo parlamentar na Assembleia Legislativa da Madeira dá mostras de sérias clivagens e, embora não conheça eu os bastidores da cena, é admissível que o desnorte esteja a chegar bem como o pavor de perder o controlo.
Ora bem, mais do que qualquer outro órgão de comunicação social, a RTP-Madeira tem o dever e a obrigação, por razões de serviço público, cara a cara com os madeirenses e porto-santenses, colocar o Presidente do Governo a explicar-se sobre um conjunto de matérias da maior relevância. E já agora, com jornalistas convidados!

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