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quarta-feira, 16 de julho de 2008

UMa TESE

Na ordem do dia continua a estar a tese de Doutoramento da Doutora Liliana Rodrigues. Confesso que admirei a atitude firme consubstanciada na resposta ao Secretário da Educação que hoje, o DN publicou na página 2.
A professora, segundo se lê no DN, sustenta que as revelações do seu estudo não cabem "numa leitura enviesada em meia dúzia de linhas de divulgação", sendo, no entanto, esta a "única forma" de Francisco Fernandes "saber o que se produz nesta terra". E deixa mais um conselho: "Apareça nas defesas de mestrado e doutoramento da UMa. Ou então nos congressos organizados por especialistas em Educação. Mas especialistas mesmo. Talvez assim compreenda o que se faz nesta casa em nome da Região Autónoma da Madeira. Mas, como diria Nietzsche, "a melhor maneira de responder a um ignorante é mantermo-nos no silêncio".
Entendi assumir uma posição sobre esta matéria e, por isso, solicitei a publicação no DN da seguinte carta do leitor:
São absolutamente lamentáveis as declarações produzidas pelo Secretário Regional da Educação a propósito da tese de Doutoramento da Doutora Liliana Rodrigues, docente da Universidade da Madeira. A adjectivação feita ao estudo prova a completa desorientação na política educativa. De uma assentada, o responsável pelo sector educativo reduziu a zero a instituição universitária madeirense e a seriedade dos doutoramentos que ela produz, os orientadores científicos e, neste caso, a autora do estudo remetendo-a para uma situação de fragilidade relativamente à docência. Isto é inaceitável, quando se junta o pressuposto de “arranjo político” para caracterizar e secundarizar um estudo metodologicamente científico. Exigia-se prudência, serenidade, respeito pela UMa e leitura prévia do estudo, mas o governante optou pela via rápida da ofensa gratuita. Se a outros não fica bem, ao Secretário da Educação mais ainda.
Só o Secretário é que não vê e não compreende que o insucesso das políticas educativas da Madeira reflectem uma sociedade profundamente assimétrica, nos planos económico, social e cultural. Que há milhares de jovens que são obrigados a abandonar a Escola por razões de insucesso e até de sobrevivência. Que são milhares as famílias que não conseguem assumir um investimento na educação a vinte anos, porque têm de pensar a vida ao mês e à semana. Só o Secretário é que não compreende que o sistema educativo (regionalizado) falhou na concepção organizativa da escola, nos planos curricular e programático, na oferta educativa profissionalizante, nas políticas integradas a montante do sistema e na acção social escolar. Só o Secretário passa ao lado dos indicadores gerais (INE e Eurostat) que colocam a Região numa situação de atraso muito delicado quanto à estruturação do futuro.
Finalmente, fico abismado com tamanha falta de dignidade política, coerência, sensatez e respeito académico. É caso também para pensar o que não seria a investigação em educação caso a “dupla tutela” vingasse.

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