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quarta-feira, 23 de julho de 2008

VIA MADEIRA

Confesso que temo o pior para o futuro da Região. O sentimento que tenho é que o governo regional, numa incontrolável ânsia de manutenção do poder a qualquer preço, está a empurrar-nos todos para uma situação muito complexa a breve prazo. Faltam poucos anos, talvez quatro, e um terço do orçamento regional ficará hipotecado, durante trinta anos, ao pagamento da dívida às Sociedades de Desenvolvimento (cerca de 130 milhões de euros), às vias Expresso e Litoral (mais cerca de 130 milhões de Euros), à qual se juntará sensivelmente o mesmo valor para a agora aprovada Via Madeira. Estes são valores naturalmente grosseiros mas a ordem de grandeza por lá anda. Fora destes encargos ficam, naturalmente, as despesas correntes de tudo quanto por aí foi construído e que não se vislumbra qualquer hipótese de retorno do investimento.
A discussão desta manhã no Parlamento sobre a Via Madeira (cota 500 e outras) teve aspectos muito interessantes. Desde logo, tratando-se de um debate fundamentalmente da esfera económica, não teve, como seria natural, um especialista do PSD daquela área a sustentar a defesa do diploma do governo. Depois, foi o súbito abandono do Secretário do Equipamento Social (que deve obediência política ao Parlamento e não ao contrário) segundo me percebi, não pelo facto do PS ter solicitado um intervalo regimental, mas porque se sentiu extremamente incomodado e sem capacidade de argumentação perante a profunda desmontagem do processo feita pelo Deputado Carlos Pereira do PS.
Mas a história desta empresa conta-se em poucas palavras porque as bases do negócio são sempre as mesmas:
a) A Via Madeira pede à banca 500 milhões e entrega-os ao governo.
b) Com este encaixe financeiro o governo poderá realizar a obra e inaugurá-la com pompa e circunstância.
c) A Via Madeira encarrega-se-á de fazer a munutenção e receberá, ao longo de trinta anos, um valor, por parte do orçamento regional, que, calcula-se, no final do contrato, renderá, no mínimo, o dobro do que pediu à banca.
Trata-se de um negócio das arábias que interessará, certamente, a um cartel de empreiteiros-empresários (sempre os mesmos), através de um possível ajuste directo. O governo, com uma confortável maioria e perante uma população amorfa e desinteressada, ralado está que este "negócio" fique marcado por uma clara ausência de transparência, consubstanciada em questões que se colocam desde a quem o mesmo serve, até às entidades estão envolvidas. Talvez por este conjunto de razões, antes que o debate descambasse, o Secretário fugiu a sete pés.
O problema, como sempre, é de futuro. Um governo honesto e responsável não pode hipotecar o futuro de um povo (trinta e mais anos) quando apenas lhe concede um mandato por quatro anos. Um governo honesto teve ter, em termos de previsão, muito cuidado na avaliação das consequências futuras das decisões tomadas hoje. E isso não está a ser tomado em devida conta.
Repito, temo o pior para a Madeira porque, hoje, juntou-se mais uma peça na complexa vida dos madeirenses. Até quando a população continuará a deixar-se enganar?

1 comentário:

Unknown disse...

Deveria ser enviado os documentos da criação de mais esta sociedade à Manuela Ferreira Leite e seus apaniguados para eles então poderem fazer as comparações devidas do esbanjamento dos dinheiros públicos entre o governo de AJJ e o de Sócrates.Critica-se as Scuts,tvg,aeroporto,etc lá ,e aqui?. Era enviar-lhes todos os disparates da governação regional para a sede nacional do ppd e aguardar a resposta,se a houver.Bem haja.Cumprimentos