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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

RENDIMENTO SOCIAL DE INSERÇÃO

O Diário de Notícias de Lisboa destaca, na edição de hoje, as declarações do presidente da Rede Europeia Antipobreza, padre Jardim Moreira, que defende que é urgente pôr fim a políticas que promovam a subsidiodependência. Sublinha o padre: "(...) Mantém-se pessoas em situação de pobreza e cria-lhes vícios que não são fáceis de suplantar", isto numa reacção à notícia do aumento do número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI).
Li e revoltou-me esta declaração, sobretudo porque vinda de um padre da Igreja Católica que sabe ou deveria conhecer o notável trabalho que muitas paróquias por esse Portugal fora (na Madeira também) desenvolvem, a par das Misericórdias e de outras instituições ligadas à Igreja, no sentido de matarem a fome a milhares de pessoas.
O problema está em analisar a sociedade no seu todo, coisa que este Padre não soube fazer, analisar como é que os vários sistemas interagem (o social, o político, o económico, o cultural, o religioso, etc.) o porquê da fome, o porquê do analfabetismo, o porquê do abandono escolar, o porquê dos baixos salários, o porquê da falta de qualificação profissional, o porquê das famílias desestruturadas, o porquê da ausência de políticas de família, enfim, o porquê de tanta coisa que atira para as margens da sociedade os pobres. São para esses e por culpa dos políticos e também da Igreja que, por aí, continua a mandar carregar a Cruz, que existe o Rendimento Social de Inserção.
Com todo o respeito que me merece o Padre supracitado, se estivesse na sua frente em amena conversa, com toda a delicadeza, dizer-lhe-ia que o RSI, enquanto aposta política, existe para corrigir os diversos orgasmos. Coisa que talvez não saiba o que é, mas que é aí que tudo começa. Uma criança não tem culpa de nascer num ambiente pobre e degradado, onde se pensa ao dia e nunca a prazo. O RSI tenta atenuar esses problemas (dificilmente os resolve), sujeitando, no entanto, os beneficiários às regras que estão definidas no sentido que a pobreza não seja uma fatalidade. Ora bem, que as famílias têm de ser acompanhadas, obviamente que sim; negar-lhes a enxada, isso não. Fica muito mal a um Padre da Igreja a que pertenço.

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