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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

CIDADE

Respeito muitos autores que assinam artigos de opinião na comunicação social madeirense, sobretudo pela fundamentação e, por via disso, pela credibilidade que emprestam aos órgãos de comunicação social. Com alguns tenho aprendido a analisar o outro lado das coisas. Outros nem tanto e, relativamente a alguns, confesso que passo os olhos por cima. Hoje aconteceu-me uma dessas situações. Li porque se falava da minha cidade.
Ora, passar três semanas de férias no Funchal e por "um Funchal cada vez melhor" encantar-se pelas obras no porto e deslumbrar-se pelos percursos pedonais citadinos é não conhecer a cidade de 500 anos da cota 40 para cima, é não conhecer a verdadeira cidade de 76,3 km2., é não ter em conta a qualidade de vida que se esconde em muitas das dez freguesias, é colocar na roda do prato a pobreza evidente ou envergonhada nos becos do coração da cidade até às zonas altas, é fazer de conta que não se cometeram graves atropelos no que concerne aos instrumentos de gestão territorial, concretamente, ao Plano Director Municipal, nos Planos de Urbanização e nos Planos de Pormenor, é assobiar para o lado no que concerne à zona dita turística (eixo Reid's - Praia Formosa) vergonhosamente desordenada por uma excessiva ocupação do solo, é não ter em conta a falta de equipamentos educativos e culturais nas freguesias periféricas, é desconhecer a falta de coragem para implementar uma nova política de tráfego e de transportes não poluentes, é esquecer as intervenções abusivas e, em alguns casos, descaracterizadoras dos três núcleos históricos, é desconhecer a situação aflitiva de centenas de empresários, é desconhecer a inoperância no combate preventivo primário ao alcoolismo e toxicodependência geradores de criminalidade, é, enfim, desconhecer que a cidade está dividida em coutadas.
A cidade, a minha cidade, não tem sido bem tratada. Para quem chega e apenas se preocupe com a limpesa e aparências é evidente que fica entusiasmado. Com centenas a varrer era o que faltava não estar limpa. Para os que cá vivem, conhecem e tentam ver a sustentabilidade futura da cidade, obviamente que andam preocupados. A cidade, para alguns, continua bonita... mas eu diria, com alguma boa vontade, bonita por fora mas apodrecida por dentro. E isso, lamento, porque cada vez mais estamos distantes de criar uma CIDADE EUROPEIA, ATLÂNTICA E TURÍSTICA.

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