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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

DIFERENÇAS

Nos últimos anos, a Região Autónoma dos Açores tem constituído uma pedra no sapato da maioria política que governa a Madeira. A tendencial melhoria dos indicadores económicos e sociais, espalhados pelas nove ilhas do arquipélago, deixam os políticos da Madeira, Região apenas com duas ilhas habitadas, com os nervos em franja. É a leitura que, aos poucos, a população da Madeira começa a interiorizar e a assumir. São os combustíveis mais baratos, é o complemento de pensão a todos os idosos, é o complemento, anual, para a aquisição de medicamentos para os idosos (50% do salário mínimo, pago no mês de Abril), é o subsídio de insularidade que, neste momento, é de 5% naquela Região, é o salário mínimo regional que, a partir de Janeiro passa para € 500,00, foi a contagem do tempo de serviço congelado para efeitos de reposicionamento nas carreiras e que chegou a todos os funcionários públicos, inclusive, aos professores, é a taxa de analfabetismo três pontos percentuais mais baixos que na Madeira, enfim, são tantas as situações que apenas provam que, tudo tem o seu tempo e que os actuais governantes da Madeira já tiveram o seu! Penso, por tudo isto e muito mais, que há muito que deveriam ter sido colocados numa prolongada cura de oposição.
Com um Orçamento Regional inferior ao da Madeira e, sensivelmente, com a mesma população, nos Açores, sem gritarias, sem ofensas, sem discursos grosseiros e atentatórios da dignidade de instituições e de políticos, sem arranjar desculpas esfarrapadas, sem sacudir para a Lei das Finanças Regionais ou para a Constituição da República os erros da sua própria estratégia política, por lá, o sentimento que fica é que vão construindo a Autonomia, sempre com um elevado grau de insatisfação como o prova o Estatuto Político-Administrativo, todavia, com seriedade e bom senso coisa que, por aqui, escasseia.
Vivem-se tempos muito difíceis. Muito complexos. As falências estão a acontecer a um ritmo muito preocupante, o desemprego cresce, a pobreza alastra, a dívida pública está incontrolável, enfim, caminhamos no sentido de uma crise muito grave de consequências muito perigosas para a estabilidade social. E o dito "Livro Verde" apontado ontem pelo presidente do governo, documento a apresentar à União Europeia sobre as fragilidades da economia regional, vem tarde, se considerarmos, como ainda esta manhã foi dito na Assembleia Legislativa, que tal livro só pode ser negro em função do quadro que hoje se verifica. E não deixa de ser curioso que é o mesmo político que sempre disse para os madeirenses não se preocuparem porque ele resolveria os problemas do financiamento, o mesmo político que se congratulou pela saída da Madeira do Objectivo 1 da UE, o que a fez perder 500 milhões de euros, venha agora, de corda no pescoço, apresentar as fragilidades que sempre negou. As megalomanias, tarde ou cedo, pagam-se. Infelizmente, todos vamos ter de pagar. Mas de uma coisa não me subsistem dúvidas: é tempo dos madeirenses acordarem desta anestesia de 32 anos.

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