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terça-feira, 21 de outubro de 2008

IRRITANTES CONTRADIÇÕES

Quatro notas ao começo da manhã:
1ª Em Câmara de Lobos, onde o Presidente da Câmara mostrou indignação pelo facto de se gastar no desporto o que falta em outras áreas, sabe-se, agora, que só a muralha de mais um espaço para a prática do futebol, vai custar mais quatro milhões de euros. Um estádio, adjudicado, em 2005, por 7,8 milhões, leva agora, do dinheiro de todos nós, mais quatro em cima. Seja qual for a argumentação que é sempre possível ser feita, a verdade é que, em tempo de crise, em tempo de tanta gente a espernear e a vociferar contra o Orçamento de Estado, estas decisões acabam por ter um sinal de irritante contradição, de indignidade e até de imoralidade. E por aqui fico, embora me apeteça perguntar ao Senhor Arlindo Gomes, presidente da Câmara, então, onde está a coerência?
2ª Há uma tendência nos membros do governo que os leva, sempre que falam de uma obra, logo nas primeiras frases discursivas, adiantarem o valor dessa mesma obra. Ontem, foi o Senhor Secretário dos Assuntos Sociais, no Lar Vila Mar, no Lazareto, durante a abertura das II Jornadas Pedagógicas daquela instituição. Mal começou a falar, o discurso foi direitinho para um novo lar, na Tabua, uma obra que custou 1,2 milhões de euros. Enquanto cidadão não é o custo da obra social que deve estar em causa mas a sua oportunidade e as razões que justificam a sua construção. Só que o governo tem dificuldade em explicar as razões mais profundas de ter, ao todo, entre instituições oficiais e particulares, dez lares para crianças, lares que prestam auxílio a 365 crianças e jovens institucionalizados, por ordem do Tribunal, das Comissões de Protecção ou da Segurança Social. Esta situação é que deveria ser motivo de reflexão para o governo (que políticas de família existem e quais as razões da infelicidade de tanta criança) e e motivo de discurso pedagógico junto da população. Nunca, o facto de se investir 1,2 milhões.
3ª Ontem acompanhei, pela televisão, a inauguração de mais uns metros de estrada no concelho de Machico. Vi tanta subserviência ao ponto do próprio Presidente da Câmara, que acompanhava o presidente do governo, ter aparecido, em diálogo com o Dr. Jardim, com uma postura corporal que me parecia ter qualquer problema na "coluna". Perante as imagens, questionei-me: com tanta subserviência em seu redor, não quererá o presidente do governo mais quatro anos de Quinta Vigia? Obviamente que sim, porque ele gosta de os ter a seus pés. As imagens de felicidade testemunharam isso.
4ª Politicamente imperdoável a justificação esfarrapada do Secretário Brazão de Castro, por ter levado três anos sem reunir o Conselho de Juventude. Afinal, com aquela composição e aquela postura governativa, para que é que aquilo serve? Será que, durante três anos, nada de importante aconteceu no sentido de ouvir os "representantes" da juventude?
E já que falo de juventude, a atribuição de 400 bolsas de estudo a madeirenses que se encontram no ensino superior, através da Fundação Social-Democrata, deixa qualquer pessoa perplexa. Ou talvez não. Bolsas que ascendem a qualquer coisa como € 40.000,00 mensais. Uma vez que não recebem subsídios do Estado, como, aliás, foi salientado, interessante seria perceber de onde provém a riqueza da Fundação. Pelos jovens, muitos certamente pobres, fico feliz por vê-los no ensino superior... a questão, todavia, não é essa, é apenas a de perceber os meandros da instituição em causa.

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