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sábado, 29 de novembro de 2008

DESABAFO...

Caríssimo Duarte Gouveia,
Só agora li o texto no blogue do meu Amigo. Respeito a posição mas não concordo. Tenho 37 anos de ensino, retirando, esporádicos anos em que estive na Assembleia. Mas mesmo durante esses anos mantive-me sempre ligado ao sistema educativo. Esses anos de afastamento da prática acabaram por ser determinantes para analisar outros ângulos de análise. De resto fui Presidente de um Conselho Executivo, pertenci a muitos Conselhos Pedagógicos, participei em muitas formações como assistente e como prelector, fui orientador pedagógico de futuros licenciados, ouvi muita gente e de vários quadrantes, colaborei em muitos projectos, fiz pós-graduações e avancei na graduação académica. Escrevi muita coisa. Nunca dei uma aula sem saber o que lá ia fazer. Ah, e fui avaliado. Tenho presente os inúmeros amigos (ex-alunos) que tenho feito através da minha acção enquanto docente. E com todos os erros que naturalmente cometi, olho para trás e não me envergonho do meu percurso. Pelo contrário. E aquilo que sinto, sentirão, naturalmente, milhares de professores em todo o País. Eu tenho orgulho nos professores que tive e em muitos colegas com quem privei. Como em todas as classes profissionais há uns mais participativos e outros menos. Uns que nos ficam na memória e outros não. Eu, por isso, não parto do princípio que todos os docentes foram ou são maus. É esse o erro da Ministra da Educação. Nivelou-os todos por baixo. Bastará ter em conta todas as suas declarações desde o início do processo. Depois, quando se tem 120.000 professores na rua não se pode dizer que este é um movimento promovido pelos sindicatos, mas sim um movimento de dentro para fora, de repúdio pelas políticas gravosas para o sistema educativo. Só quem está na escola é que se apercebe disto. Eu sei, por isso, o que se está a passar.
Relativamente ao PS-Madeira e à orientação que está a seguir neste campo, considero-a a mais correcta. Nada faço sem dar conhecimento. Manifesta que tem o seu próprio caminho que não se filia nas orientações desta equipa ministerial, mas que está a anos de luz do que se passa na Madeira da responsabilidade do governo regional. Mas também lhe digo que no dia que sentir que não tenho apoio da Direcção Política, a quem, por estatuto, devo obediência, nesse mesmo dia afastar-me-ei do processo, uma vez que não quero que o Partido siga uma linha de pensamento que o afecte na sua afirmação pública. Para mim esse é um dado claro e inequívoco. Não conflituarei com ninguém, mas nunca estarei num processo que viole a minha consciência, tampouco que crie embaraços ao partido. Para mim tudo isto é muito claro.
Depois, não estou enfeudado a qualquer linha de pensamento sindical. No dia que assumi funções de Deputado, pedi a suspensão do meu mandado no Sindicato de Professores. Não os quis comprometer nem quis ficar refém de qualquer posição. No sindicato apenas tenho bons amigos. E isso não é crime político!
Um abraço, meu Caro Amigo. É sempre bom que surjam pensamentos que suscitem o debate. A Democracia é isso mesmo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ao Sr. Duarte Gouveia

Diz o senhor no seu blogue que «Os professores não podem deixar de cumprir a lei (que os obriga a ter avaliações) porque lhes apetece!»

Não é totalmente verdade. Porque, em certos casos, os cidadãos têm o direito de resistir à Lei, se ela for injusta, ilegítima ou atentar contra a sua consciência, etc.. É o caso de alguém que consegue fugir da prisão após ser condenado. Se depois conseguir provar a sua inocência, não sofre qualquer pena por causa da fuga.

Mas as coisas, neste caso, chegaram a tal ponto que já nem está em causa a justiça da Lei. O que está em causa é a forma desastrada como o Governo está a tratar o problema. A ministra, para lá da sua tremenda (cósmica?)falta de capacidade de liderança, não soube, ou não quis, fazer passar a sua mensagem. Preferiu a subjugação à motivação.
Poderá mesmo impor a sua Lei. Mas não nos iludamos: os professores não a vão cumprir. Fingirão que o fazem, criarão mecanismos subtis para tornear as questões, colocarão nos impressos dados politicamente correctos, enfim, mentirão com todos os dentes que têm na boca. Porque nada poderá correr bem se os executantes não aderirem ao projecto.

Em caso de vitória, a ministra salvará a face, mas não a qualidade do ensino.

Unknown disse...

http://www.duarte-gouveia.info/2008/11/o-debate-e-isso-mesmo-andre-escorcio/

Anónimo disse...

«Artigo 21.º
(Direito de resistência)

Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.»


Caro Sr. Duarte Gouveia

Obrigado pela sua resposta, no seu blogue (onde não encontrei espaço para comentar).
Embora o meu ponto de vista não se centrasse no "direito de resistência" mas noutras envolventes, penso que um mau (e atabalhoadamente implementado) sistema de avaliação pode constituir uma "ofensa aos direitos" dos professores.
Não se confunda: uma coisa é a obrigação legal de ser avaliado (a Lei é dura mas é Lei) e outra é ser submetido a uma avaliação eventualmente lesiva dos direitos.
O que está em causa é essa eventualidade, que me parece que não está a ser devidamente discutida.

Anónimo disse...

Desculpem-me os senhores envolvidos nesta conversa, mas há uma coisa que não me sai da cachimónia:
Nos cento e tal mil professores, mesmo tendo em conta o crivo imposto pelo Ministério, não figurariam os considerados Excelentes?!
E,pelo menos estes, sendo-o, que classificação atribuíram à sra.ministra e aos seus secretários?!
Ai a minha vida!!!
Cada vez estou mais quadrúpede...