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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

PESSIMISTA? NÃO. OPTIMISTA COM MUITA EXPERIÊNCIA!

É evidente que, em alguns momentos, a população precisa que os políticos tenham um discurso de confiança. A palavra CONFIANÇA, diversas vezes, nos últimos anos, foi aplicada como slogan de campanha, pela força elocutória que tem, uma vez que modera o pessimismo e é capaz de alavancar o próprio investimento. Mas isto quando se vislumbra ou assenta num quadro de referências e de indicadores que ajudam a perceber essa mesma confiança. Quando as palavras ditas não se fundamentam em elementos concretos, obviamente, valem zero. Vem isto a propósito das declarações de ontem do Presidente do Governo Regional: "(...) Não sou pessimista, como viram ao longo destes anos" (...) "Tenho esperança em 2009. Apesar do que dizem ser dificuldades, a Região vai utilizar todos os meios ao seu alcance para enfrentá-las". Refere o DN que o Presidente desejou vida e saúde, para que no final de 2009 estejam todos a olhar para as dificuldades, as esquecer e estarem a "esfregar as mãos, prontos para as dificuldades de 2010".
Do meu ponto de vista isto é o que se chama, na gíria desportiva, chutar a bola para longe ou para as bananeiras! Simplesmente porque o discurso é totalmente desadequado da realidade. Quando salienta "apesar do que dizem ser dificuldades...", isto significa que o Presidente do Governo, sabendo o que se passa em todos os sectores e áreas de actividade, repetidamente, ignora os indicadores numa imbecil estratégia de auto-convencimento que o conduz a uma continuada onda de disparates e à incapacidade de mudar de paradigma económico.
Ora, ninguém pode ignorar a crise internacional, nacional e regional produzida por factores múltiplos; ninguém, com bom senso, pode fazer de conta que as empresas não estão em crescentes dificuldades; ninguém pode passar ao lado das falências e do desemprego; ao lado da dívida pública que tem de ser paga e que as próximas gerações vão sofrer com a megalomania dos últimos 30 anos; ninguém pode ignorar que o número de pobres está a aumentar, que existem problemas sociais gravíssimos apenas colmatados por cerca de 53 instituições de solidariedade social espalhadas pela Região; que o sistema educativo só tem dinheiro para as despesas correntes; que as Câmaras estão tecnicamente falidas, enfim, que há um mundo de problemas que deveriam levar o Presidente a uma atitude de moderação discursiva e, sobretudo, de alerta para as dificuldades de 2009 e anos seguintes.
Não se trata de ser pessimista mas de olhar para a realidade. Alguém sublinhou, quando lhe disseram que era pessimista: "eu pessimista? Sou apenas um optimista com muita experiência". Enquadro-me nesta visão do problema. A CONFIANÇA, repito, tem de ser sustentada em análises sérias e na produção de sínteses que conduzam às decisões portadoras de futuro. Ora, já na Assembleia Legislativa da Madeira, aquando do "pseudo-debate" do Orçamento para 2009, o discurso do Presidente teve as três propriedades da água: insípido, incolor e inodoro! Na sede própria, onde deveria explicar, tim-tim-por-tim-tim, os caminhos e as estratégias para combater o drama que se abate sobre a Madeira, falou e nada disse de substancial. Não seria ontem, frente às entidades públicas e privadas que o iria fazer. Fico com o sentimento que a palavra CRISE está proibida de ser aplicada por todo o governo. Resta agora saber por quanto tempo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Senhor Professor

É tal a montanha de lixo varrida para debaixo do tapete, que, quando este estoirar pelas costuras, não há serviço camarário que nos valha!
Entretanto,"lá vamos cantando e rindo, embalados, embalados, sim..."