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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

DESVIAR AS ATENÇÕES

Volta e meia é o federalismo que vem à tona do debate político. Percebo a intenção deste recorrente tema. No essencial, visa distrair o povinho daquilo que é importante e entretê-lo com assuntos sem qualquer interesse político. Um tema que, verdade se diga, não chega ao povo eleitor, aquele povo da Madeira profunda. Destina-se à classe política e a mais uns quantos que acompanham o dia-a-dia político. Um assunto que alimenta a comunicação social. Um "fait-divers", repito, para entreter e desviar a atenção das questões prioritárias com as quais a Madeira se confrontará nos próximos anos.
Ora, um dia falam do caminho para a independência, dias mais tarde de um Estado Federado, depois é a defesa da Autonomia, logo a seguir a revisão da Constituição, depois é o envio de uma carta ao Presidente da República, enfim, andam por aí, desde há muito, numa roda viva que apenas testemunha muita aflição. No meio disto uma declaração dando um tempo limite à líder do PSD para avaliar da sua capacidade para vencer as Legislativas Nacionais. Tudo paleio e mais paleio, idêntico à inaudita intervenção no encerramento do debate do Orçamento para 2009. O que é que ele disse? Ninguém se lembra, porque nada de importante foi dito e assumido. Ficou para a história do processo que o mentor desta monumental farsa falou uma hora e quarenta e cinco minutos. E são estas histórias aos quadradinhos que vão alimentando o dia-a-dia, fazendo deslizar para amanhã aquilo que é de facto importante equacionar e resolver. No princípio de uma crise, com o espectro da falência de empresas e concomitante aumento do desemprego em 2009, com a assustadora dívida pública por pagar, com graves problemas de natureza social a exigir estudo e definição de políticas, a Madeira tem um governo em coro com demais figuras do partido da maioria entretidos com assuntos que rigorosamente nada dizem ao Povo.
Não querem proceder à revisão do Estatuto Político-Administrativo e não querem aproveitar os latos poderes autonómicos, apenas é sensível a procura do conflito institucional, a desestabilização e a conversa fiada, na tentativa de encontrar bodes expiatórios para os insucessos da política económica, social e cultural da sua responsabilidade. No essencial, o que querem transmitir com aquelas preocupações e provocações vendidas ao Povo, é que se melhor não fazem é porque a culpa é do Estado, é do governo da República e da falta de autonomia. Quando essa não é a verdade. A Madeira teve meios suficientes para estruturar-se para o futuro. Entre muitos, teve meios para rever o sistema educativo e não o fez; teve meios para especializar profissionalmente e deixou o marfim correr; teve meios para avançar com um paradigma económico que garantisse uma melhor sustentabilidade e não soube operacionalizar; teve meios para criar condições favoráveis nas pequenas e médias empresas e deixou passar ao lado as oportunidades; teve meios para avançar com políticas de família e de emprego e não o fez; teve meios para ir ao encontro do esbatimento da pobreza e da defesa dos idosos e assobiou para o lado; teve meios para libertar e desenvolver a população em termos culturais e deixou-a ficar pela política da estupidificação; teve meios para fazer um combate ao alcoolismo e à restantes toxicodependências e pouco se ralou, teve meios para desenvolver o desporto educativo e preferiu gerar um monstro sobre o qual não tem mão... a Madeira teve meios para hoje ser considerada uma Região exemplo no contexto das regiões europeias em múltiplos domínios. Com dificuldades, é certo, mas com objectivos e metas bem definidos. Vamos pagar caro esta ineficiência, ineficácia e este empurrar os problemas com a barriga ou esta constante tendência para varrer os problemas para debaixo do tapete. Decididamente, o problema da Madeira não Constitucional; é sobretudo de pessoas, de mentalidade, de cultura e de políticas.

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