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quinta-feira, 16 de abril de 2009

POBREZA DE ALTO A BAIXO

Três notas:
1ª O Estudo do Banco de Portugal sobre a pobreza é muito preocupante. E perante tão gravosa situação, o governo remete-se ao silêncio e o Senhor Presidente do Governo Regional vai inaugurando padarias, rotundas e uns metros de estrada, aproveitando para daí desviar as atenções e atacar os seus adversários políticos. A fome que espere! O Jornal da Madeira é muito mais importante pelo que, custe o que custar, adianta, vai continuar a ser publicado fazendo apelo às contribuições de todos nós e no mais desavergonhado desvirtuamento das regras de mercado. Despreocupado, ouvi o presidente desafiar que o venham prender, num triste e lamentável exemplo se extrapolarmos para a sociedade o não cumprimento da lei. Ora, só há uma de duas opções: ou vende o título aos empresários amigos ou entrega-o à Diocese. O que está em causa é saber se os empresários ou mesmo a Diocese consegue suportar o peso dos milhões anuais para satisfazer os desígnios do PSD e do governo.
2º O círculo vicioso da pobreza gera, inevitavelmente, situações que a todos constrange. As Comissões de Protecção de Crianças e Jovens da Madeira, acompanharam, no ano anterior, 33 casos de abandono familiar. Mas o drama não fica por aí quando damos conta que, em 2008, foram sinalizadas 1867 crianças e jovens em risco, dos quais, cerca de novecentos casos em acompanhamento permanente. Este quadro, conjugado com outros indicadores, oferece a qualquer pessoa com sensibilidade, a dimensão do problema que o governo não consegue resolver. Esta é, indisfarçavelmente, a consequência da ausência de políticas de família e de um modelo económico completamente esgotado, uma vez que não consegue gerar dinâmicas susceptíveis de garantirem equilíbrios sociais de onde resulte bem-estar económico, social e cultural. O problema é que como isto vai a tendência será para o agravamento da situação.
3º Um dia o debate parlamentar acaba mal. Nesta semana ouvi de tudo. Bem audível foram as palavras mentiroso, aldrabão, palhaço, golpista, mas também outras, mais graves, ditas em voz baixa, que por decoro evito transmitir. Os espectadores viram, certamente, pela RTP-M, as incompreensíveis ofensas em relação ao Senhor Deputado Dr. Carlos Pereira e viram, certamente, a delicada situação protagonizada pelos Deputados Dr. Baltazar Gonçalves e Senhor Jaime Ramos. Um dia isto acaba mal. O Parlamento está, infelizmente, numa progressiva descredibilização. Não há respeito nem dignidade na instituição. E tudo isto está a acontecer porque o Povo, ele que é soberano no voto, continua a apostar em uma esmagadora maioria que, por sua vez, utiliza como quer e entende o Parlamento. O efeito de soma ao longo dos anos, pelos constrangimentos impostos ao nível do regimento geral ou dos regimentos para os debates sectoriais, pela ausência do governo, pelos chumbos sistemáticos às propostas da oposição, tudo isto está a gerar uma indisfarçável tensão que me leva a prognosticar consequências pouco agradáveis. Oxalá esteja eu errado!

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