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quarta-feira, 22 de julho de 2009

A FARSA

Ao longo desta manhã, na Assembleia Legislativa da Madeira, cumprir-se-ão os desígnios do chefe. Ele que elegeu a revisão constitucional como a mãe de todas as batalhas políticas, lá estará, praticamente a solo, a repetir a lengalenga dos males de que padece a Região e que todos eles ficam a se dever a essa mal-encarada Constituição, esse veneno que mata a Madeira próspera que ele diz querer desenhar. Não são os erros de trinta e tal anos de governação que estão em causa, não é o desbaratar de dinheiros públicos em obras sem retorno económico, social e cultural que desequilibraram, gravemente, as contas públicas e que estão no centro da crise regional, não são os subsídios a torto e a direito por aí distribuídos que funcionaram como condicionares do desenvolvimento, ora, nada disto para o PSD existiu ou existe, pois a culpa, única e exclusiva é da Constituição. Essa malvada Constituição é que tem de ser “rasgada” e substituída.
O álibi está construído e a mensagem aos poucos anda por aí, picando ao jeito de mosquito de Santa Luzia. A população (uma parte, claro) não sabe nem percebe nada de mosquitos mas ouve falar do “aedes aegypti”; não sabe nem percebe o que está por detrás do discurso do PSD mas sabe porque ouve falar dessa "maldita" Constituição que nos atrasa a vida. Ouviram na festa da cebola, do pêro, da castanha, na “feira do gado”, nas inaugurações, eu sei lá, por todo o sítio é a Constituição que mete o ferrão deixando os eleitores mais sensíveis completamente anestesiados.
Na Assembleia Legislativa da Madeira será uma manhã inteira a falar da Constituição ao jeito de conversa da treta (322 minutos para o PSD e governo). Tudo por causa de dois minutos de televisão e das reportagens nos restantes meios de comunicação social. Tal como a letra do hino da Região, todos, “Do vale à montanha e do mar à serra, Teu povo humilde (...)”, todos e a todo o momento terão de ser picados com aquela mensagem, até porque o mentor deste embuste sabe que "a mentira dita como verdade tantas vezes, acaba por tornar-se nela". E sabe também que a incultura é um terreno fofo para cavar e semear a demagogia.
Mas, enfim, pode pregar em altos decibéis, eu é que não vou dar para esse peditório. Farei todo o dia trabalho político. Estou a acabar um importante documento que ainda me vai levar muitas e muitas horas de estudo, reflexão, contactos e escrita. A seu tempo será apresentado e valerá, certamente, mais que o “debate” de uma questão que, ao nível nacional, está condenada, a avaliar pelas posições assumidas por importantes figuras do próprio PSD nacional.
NOTAS:
1ª A sondagem publicada na edição de hoje do DN-M admite que 88% dos inquiridos assumem que a Revisão Constitucional não é prioritária. Elegem o combate ao desemprego e à pobreza como preocupações a ter em conta.
2ª A propósito de um post aqui publicado que dava conta de um facto, passado comigo, ao ser um dos inquiridos neste estudo de opinião que envolveu, também, a questão relacionada com o partido que vencerá, na Madeira, as próximas legislativas nacionais, a EUROSONDAGEM remeteu-me um texto, que aqui transcrevo:
"(...) Temos normas rígidas a seguir na realização das entrevistas e, sempre que são detectadas inobservâncias, há procedimento em conformidade que, no mínimo, leva á anulação da entrevista.
A detecção de incumprimentos faz-se através do trabalho de supervisão que consiste em duas tarefas:
1. Revisão de todas as entrevistas, para detecção de falhas de registo, omissões de perguntas, etc.
2. Confirmação de algumas entrevistas, escolhidas de forma aleatória, através de novo telefonema.
As normas a seguir na realização de entrevistas são, em princípio, de efectividade permanente, a menos que o objectivo do estudo a que se destinam aconselhe a sua alteração. No caso em apreço, as normas permanentes tinham plena aplicação e, de entre elas, referem-se a selecção do entrevistado (aniversariante mais recente), e perguntar e registar a faixa etária (de referir que, quanto ao sexo do entrevistado, o registo pode ser feito por identificação da voz). A regra “uma chamada uma entrevista” é efectiva em todos os trabalhos.
Por regra, também, as entrevistas são feitas em horário pós-laboral, quando é previsível encontrarem-se mais pessoas no seu domicílio. Estudos há, porém, em que tal norma não é imperativa.
Confirmamos que, na passada quarta-feira à tarde, foi detectado, pelo controlador do trabalho de recolha da informação, que um entrevistador fazia perguntas do inquérito relativo à Região Autónoma da Madeira, em incumprimento das normas. De imediato foram anuladas as entrevistas já feitas. Estamos certos que, entre as entrevistas anuladas, estava aquela a que respondeu o Senhor Deputado André Escórcio, pois no registo das chamadas efectuadas constava o número 291784341.
Por terem sido, de imediato anuladas, estas entrevistas não foram já sujeitas às medidas de supervisão subsequentes. Damos, pois, todo o crédito ao que consta no “blog” do Senhor Deputado.
Resta-nos transmitir a nossa convicção de que as eventuais e sempre possíveis falhas de supervisão não têm nenhum efeito prático nos resultados dos estudos que elaboramos".

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