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quarta-feira, 15 de julho de 2009

LITURGIAS HÁ MUITAS...

O presidente do Governo Regional disse ontem que não vive "para aquelas liturgias sempre viradas para a desgraça» ou pela valorização apenas dos que têm mais carências".
Nunca tive dúvidas sobre o seu posicionamento. Não é que devamos assumir uma atitude marcadamente negativa, sempre de pé atrás, sempre no meio de fantasmas mas, não se tratando de qualquer liturgia, a verdade é que o governo existe, vota-se em alguém, no pressuposto da correcção das assimetrias. Essa deveria ser, aliás, a primeira prioridade de qualquer governo. O modo como se geram e implementam os caminhos que conduzem à melhoria dos níveis económicos, culturais e sociais e, por extensão, ao bem-estar, considerado como patamar mínimo exigível, é que acaba por definir os bons dos maus governos. Agora que essa é uma exigência dos eleitos e que, em circunstância alguma, deve ser secundarizada, parece-me óbvio que sim. Mas não estranho, seja em que contexto for, as palavras do Senhor Presidente do Governo. Basta olhar para a práxis política e às consequências das suas orientações ao longo dos trinta e tal anos de poder absoluto: temos vias rápidas mas também 32% de pobres; temos cento e tal mil viaturas em circulação, mas também mais de 12.000 desempregados; temos escolas novíssimas mas também o maior abandono e insucesso escolar do País; temos infra-estruturas por todo o lado, mas também empresários falidos e uma dívida pública de seis mil milhões.
Esta não é a liturgia da desgraça mas a liturgia que parte do factual, a liturgia da libertação, a liturgia de quem ama o próximo e que nele vê, por piores que sejam as suas condições estruturantes, potencialidades para progredir no quadro dos direitos constitucionais para ser feliz. É por isso que sempre defendi que a política existe para corrigir orgasmos diversos. Ninguém pode ser culpado por nascer pobre e ninguém pode ser condenado a uma vida de sofrimento por essa mesma razão. Por isso, custa-me aceitar que esta nossa Região seja governada por uma pessoa que demonstra, inequivocamente, estar mais ao serviço dos que não precisam, reforçando a sua riqueza, do que ao lado dos que sofrem, ao lado do drama de milhares que, atados de pés e mãos, não sabem como sair do redemoinho na qual a sua vida se transformou. Será que esta é a liturgia da desgraça(?) ou a liturgia do respeito pelos Direitos do Homem que, curiosamente, também são constitucionais?

1 comentário:

A. João Soares disse...

Sugere-se uma visita ao blog Sempre Jovens, a leitura do post Vamos limpar Portugal e a sua divulgação o mais alargada possível.
Portugal precisa que todos os cidadãos exerçam o seu dever de cidadania e de civismo, sempre e mais precisamente em 8 de Novembro.

Cumprimentos
A. João Soares