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domingo, 26 de julho de 2009

OH FREGUÊS, VAI UMA CONSTITUIÇÃOZINHA?

Cada partido vende o seu peixe como quer e entende. O importante é saber se os pregões dos "pesquitos" estão em concordância com o peixe que estão a vender. Ao Sol, sabe-se, que o peixe detiora-se com facilidade. E a leitura que faço é que há muito peixe a ser vendido fora de prazo e algum a cheirar mal.
É verdade que só compra quem quiser ou esteja aflito. Mas também é verdade que há muitos milhares que, apesar de pobres ou remediados, não compram. A recente sondagem do DN provou isso. Estão fartos de engolir a mesma coisa. Já nem sequer é o problema de estar fora de prazo, é que já chateia! Chame-se praça do Chão da Lagoa ou qualquer outra coisa.
Agora o pregão é do tipo: "oh freguês, vai uma "constituiçãozinha?". E muito desse Povo, desse povo humilde, que dizem "estóico e valente", nem sabe que utilidade terá, mas vai comprando. Com o Sol a escaldar e no meio da anestesia provocada por umas ponchas, uns secos, de uma espetada ou de uma perna de frango e, ainda, dos sons pimba, sai dali com eventuais dúvidas, creio eu, mas sempre vai comprando o produto. Há que despachar toda a remessa de "constituições" em armazém. O tempo urge e muito nariz de pinóquio para vender. Por isso, em cima do palco só falta, à maneira dos antigos vendedores de banha-da-cobra... e se levar a constituição, também leva uma esferográfica, um boletim de voto, uma bandeira e um pin. E, paradoxalmente, se em conta tivermos a tal sondagem, o povo aplaude, acena, colabora no espectáculo da alucinação colectiva.
Mas, atenção, as festas populares são sempre importantes. Constituem um momento de convívio e de descompressão. Não as condeno. Tampouco, o inevitável comício que está associado. O problema é outro. O problema está no processo de mistificação, das palavras ditas que visam manietar, condicionar e impor uma vontade que entronca, apenas, na perpetuação do poder. Condeno é o facto da verdade ser escondida e os problemas abafados. Os discursos não apontam para caminhos racionais, pelo contrário, atacam, ferem, molestam, ofendem e geram ódios. Luther King teve um sonho. Terão os de agora, ao nível cá da paróquia política, algum sonho?
É este o sentimento que tenho da fragilidade cultural e democrática do nosso Povo. Ele, o mentor desta engrenagem, ele que secou tudo à sua volta, que lançou meticulosamente, rígidos cordões umbilicais aos sectores, áreas e pessoas, que condicionou o uso da palavra e gerou sentimentos de medo ou de apreensão, ele que, ao invés de políticas educativas e descondicionadoras, amarrou o pensamento e apertou a liberdade, é evidente que, tal como em outros tempos de má memória, por enquanto, conta com muitos milhares à sua volta e muitas "vitórias" nos actos eleitorais. Mas a História também avisa que tudo é efémero na política. Um novo ciclo, estou certo, surgirá porque o ser humano, na sua génese, ama a liberdade.
Nota:
Interessante o pedido (exigência) do presidente do PSD-M ao Primeiro-Ministro Engº José Sócrates: que faça nos próximos dois meses aquilo que anda a prometer para depois das eleições. Pergunto: mas não foi este presidente do governo regional que, em 2007, provocou eleições regionais e apresentou o mesmo programa de 2004 para ser cumprido até 2011? Há coisas fantásticas, não há?

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