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terça-feira, 1 de setembro de 2009

JOSÉ SÓCRATES, APENAS NOTÁVEL

Absolutamente notável a entrevista do Engº José Sócrates à RTP 1 que acabo de acompanhar. Segurança, domínio dos dossiês, serenidade, postura de responsabilidade, elegância nas respostas, capacidade de fuga aos assuntos de menor interesse e também propositiva relativamente ao futuro do País. Politicamente, foi uma entrevista eficaz e geradora de confiança.
Evidentemente que se tratou de uma entrevista generalizada e sem contraponto através de um qualquer adversário político. Os debates que se aproximam certamente que serão sectorialmente clarificadores. Agora, do que restou desta intervenção, pelo menos é esta a minha convicção política, é que a alternativa apresentada pelo PSD, através da Drª Manuela Ferreira Leite, não tem hipóteses de ganhar as eleições. Trata-se de uma candidatura demasiado frágil na argumentação e na sua atitude propositiva relativamente ao País.
Nesta entrevista o Engº José Sócrates demonstrou outra segurança e gostei, sobretudo, da humildade em reconhecer que algumas medidas que colocaram em sério descontentamento várias classes profissionais, mereciam, porventura, outro tratamento e explicação pública das medidas e que está disponível para o diálogo.
Faltam 25 dias para o acto eleitoral. Seguem-se os debates.
Nota:
Alguns dos visitantes deste meu blogue consideraram menos certa a caracterização que fiz da entrevista de ontem na RTP1. Poderei ter sido excessivo. Aceito. Todavia, clarifico, que essa caracterização teve muito a ver com a comparação que estabeleci com a entrevista à Drª Manuela Ferreira Leite para além de outras suas declarações. E nessa comparação entre os dois líderes partidários considerei e considero que há uma grande diferença de capacidade política entre o líder do PS e a líder do PSD. Mas também tive o cuidado de sublinhar que os próximos debates, pela existência de contraponto, serão clarificadores. Passar-se-á, certamente, das generalidades para o debate sectorial, obviamente, muito mais esclarecedor.
De resto, são públicas as minhas posições em matéria, por exemplo, de política educativa e da organização social em geral.

4 comentários:

Desmancha - Prazeres disse...

Senhor Professor
Também assisti à entrevista!
A última coisa que me atreveria a afirmar é que o chefe do actual governo era um político desastrado.
A ladaínha socialista sabe-a de cor e salteado,mas...da teoria à prática, da seriedade à habilidade...a distância... sentimo-la nós.
Aguardemos pelos debates!
Não o que haverá entre Sócrates e Ferreira Leite ou com Paulo Portas.
Nesses levará à palma a direita formal com a aplicação do breviário da esquerda social; porém,com Jerónimo de Sousa e com Francisco Louçã, quere-me cá parecer que a música será outra...
Mas, Senhor Professor, fica-lhe bem defender os seus, mesmo quando esse posicionamento represente um tremendo esforço para isso mesmo:defender os seus.
Queira aceitar os meus democráticos cumprimentos.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo sempre bem-vindo comentário.
Há muitos aspectos da governação que são alvo da minha discordância. Muitos. Aliás, sou crítico em relação a alguns dossiês que entendo terem sido menos bem conduzidos. O da Educação é um deles onde tenho assumido frontais posições públicas.
Todavia, no caso concreto daquela entrevista, embora generalista, demonstrou serenidade, segurança e confiança, três aspectos que reputo de fundamentais para quem concorre a Primeiro-Ministro. É claro que, como referi, os debates sectoriais é que serão importantes, sobretudo os debates com o contraponto dos adversários políticos. Por isso terminei dizendo... seguem-se os debates! Isto significa que há muito por esclarecer.

Rolando Almeida disse...

Caro André,
Notável é que o André ache notável a entrevista de José Sócrates. Mas tem esse direito, obviamente.
Já agora uma dica: O primeiro ministro afirmou recentemente que queria uma reconciliação com os professores se ganhasse as eleições. Sabe como me sinto: como quando tinha uns 3 ou 4 anos de idade e os meus pais me diziam que me davam um chapeu de chuva de chocolate se me portasse bem. Com a idade aprendi a portar-me bem sem os chapéus de chuva de chocolate. E, depois de crescido, percebi que ainda há quem me queira tratar como se eu tivesse 4 anos. José Sócrates tem tido, como quase todos os governantes, os seus méritos e desméritos, mas tem estado muito, mas mesmo muito baixo nas aparições públicas e nas declarações que faz. toda a gente percebeu que a páginas tantas a questão da educação já não passava de pura perrice. Mas este governo conseguiu ainda ser pior que todos os que o antecederam nesta matéria. Aliás, basta pegar no ECD, que o André conhece bem e perceber o flop político que ali vai. O último simplex nada tem que ver com o primeiro projecto. Foi mal pensado, sem capacidade de execução, cheio de contradições. E, neste momento, quem conhece os corredores da educação, pode afirmar com descanso: "mais valia estar quieto". Nas próximas eleições a minha decisão não recai sobre "sei em quem vou votar", mas sim em, "tenho a certeza em quem não vou votar". É que,bem vistas as coisas, não há remédio possível.
Para finalizar, discordo que José Sócrates seja seguro. Aliás, para quem governou em maioria revelou-se, inúmeras vezes inseguro e a teimosia em determinadas matérias não é necessariamente sinónimo de segurança. O caso da educação é, mais uma vez, bom exemplo de que não temos estado a ser governados por um 1º seguro, mas teimoso, inflexível e sem querer dar ares que também falha e tropeça. Há sem dúvida bons ministros dentro do partido, mas Sócrates é a imagem directa do show bizz político, aliás, um cabeça de lista arranjado após a morte súbita de Sousa Franco em Matosinhos. José Sócrates conseguiu alimentar ainda mais a política da mentira, da publicidade exacerbada e de uma enorme vontade de fazer reformas em cima do joelho. faz-se hoje e apresentam-se os resultados daqui a uma semana.
Outra coisa: em matéria de educação este governo não operou nenhuma reforma. O que fez foi basicamemente mexer - para pior como hoje se sabe - nas questões profissionais dos professores. De resto, os programas continuam ocos de conteúdos precisos, continua-se a fazer maus manuais (ainda que aqui a culpa não vá directamente para os políticos), continua-se a oferecer um mau ensino e a promover o facilitismo de toda a ordem. E o aprofundar dessa realidade - fica para a história - devemo-lo a este governo.
De resto, como disse, há figuras que admiro neste governo, como Teixeira dos Santos e o infelizmente demitido Manuel Pinho (apesar de ser bronco no trato público). Mas estas figuras não capazes de traduzir estes últimos anos em boa governação. Aliás, vivemos numa região onde a política folclore é muito usada, fazendo-se política à porta da igreja. No caso do PS, versão Sócrates, a coisa não anda muito distante, só que com outra sofisticação tecnológica.
Obrigado por me oferecer este espaço do seu muito interessante blog.
abraço

André Escórcio disse...

Caríssimo Colega.
Obrigado pelo seu comentário.
As minhas posições em matéria de política educativa felizmente há muito que estão definidas e publicadas. Aliás, tenho plena consciência que, distante de um comportamento corporativista, tenho assumido posições muito claras relativamente ao sector educativo em geral e à política da actual ministra em particular. Publiquei muito sobre esta matéria. Ainda há dias aqui publiquei algumas reflexões que vão no sentido das suas preocupações (se se der a esa maçada pode ler num post com data de 31 de Agosto).
Aliás, já o disse bastas vezes, que em matéria de Educação as minhas vestes partidárias estão à porta da Assembleia. Simplesmente porque entendo que não se deve brincar com a Educação.
Mas o problema, Caríssimo Colega, não é a existência da Ministra ou do Engº José Sócrates. O problema é outro. Nós vivemos e optámos por viver numa Região que é Autónoma, com capacidade legislativa e, portanto, com órgãos de governo próprio. O nosso espaço de "jogo" é aqui. E aqui, meu Caro, os professores têm um Estatuto que em pouco ou nada difere do Continental. Tome-se em consideração, por exemplo, o capítulo da avaliação do desempenho docente que é igual ao do ministério. Mas poucos docentes sabem disso. Como não sabem, por exemplo, também, que existe uma prova pública de acesso ao 6º escalão depois do docente ter sido avaliado nove vezes em dezoito anos de serviço e que recai sobre todo o processo já avaliado. Mas poucos docentes sabem disso. Da mesma forma que não sabem que o PSD-M chumbou todas as propostas no sentido da contagem integral do tempo de serviço docente, congelado durante 28 meses, para efeitos de reposicionamento nos novos escalões da carreira.
Todos os exemplos que aqui enunciei, chumbados pelo PSD-M, nos Açores estão resolvidos, no âmbito da sua capacidade autonómica.
Digo-lhe, sinceramente, pouco me importa a política do Ministério da Educação quando vivo numa Região AUTÓNOMA. É aqui que os nossos problemas têm de ser resolvidos e não na 5 de Outubro. É aqui que politicamente têm de ser geridos e não chutados para longe.
Quanto à entrevista de ontem, tive o cuidado de referir que foi generalista e que, nesse quadro, tinha sido muito boa. É a minha opinião. Mas também disse e repito que temos de aguardar pelos debates, porque aí a história é outra, pois existe o contraponto que ontem não teve.
Isto não significa, apesar de algumas reservas da minha parte, que no actual contexto político, entenda que a Drª Manuela Ferreira Leite não tem muitas hipóteses de se aguentar com o Engº José Socrates. Basta olhar para as suas fragilidades aquando da sua passagem pelo Ministério das Finanças e, mais tarde pelo Ministério da Educação. Tenho presente esse tempo
e, certamente, o Colega terá.
De resto, respeito as suas opiniões. Ademais, assim se constrói a DEMOCRACIA e a LIBERDADE, palavras vãs na Região onde vivemos e que amamos.
Um abraço de consideração e estima pessoal.