Adsense

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PROCESSO DE BOLONHA EM CAUSA

Já aqui escrevi a minha posição sobre o designado "Processo de Bolonha". Desde a primeira hora que me assumi contra. Com argumentos fundamentados em dezenas de opiniões que li (e digeri) de muitos académicos. Bolonha, por exemplo, na expressão do Doutor Olímpio Bento, é a cereja em cima do bolo de uma arquitectura geradora do pensamento único universal. Por isso, é:
  • Bulonha, isto é, uma bula em que tudo é determinado, prescrito e imposto de fora, hierarquizando e distinguindo as áreas académicas com diferentes soluções, no tocante à extensão da formação obrigatória, desconsiderando e asfixiando algumas (p. ex., as sociais e humanas) para além de um apertado garrote orçamental;
  • Borlonha, isto é, uma borla que isenta os estudantes de um esforço e também o empenhamento dos Estados no que diz respeito ao investimento financeiro;
  • Burlonha, isto é, uma burla em todos os capítulos, ao serviço de uma agenda oculta no plano económico e de uma pobreza cultural e espiritual.
Não estranhei, pois, a posição da Ordem dos Advogados sobre as Licenciaturas em Direito que obrigarão, a partir de Janeiro próximo, a um exame nacional de acesso "como forma de selecção dos candidatos a exercer advocacia". A justificação está na diminuição do número de anos para a conclusão das licenciaturas, com a "degradação do ensino de Direito", devido à proliferação dos cursos, e ainda com a "deficiente formação profissional". (...) "O Estado alterou as regras. Diminuiu o número de anos necessários para a licenciatura e nós queremos saber se essa licenciatura afecta os conhecimentos", explicou ao Correio da Manhã o Bastonário Dr. Marinho Pinto, sublinhando que a qualidade da formação dos advogados se deve aproximar do nível da dos juízes, no Centro de Estudos Judiciários. "A Ordem dá má formação", acrescentou Marinho, admitindo que haja reprovações no acesso ao Estado: "Cada vez vai ser mais difícil entrar na Ordem. Nós queremos os melhores”. (...) "Se compararmos um magistrado, no primeiro dia em que inicia funções, com um advogado no primeiro dia em que intervém num tribunal após ter efectuado com êxito o seu exame de agregação, verificamos que é abissal a diferença de preparação entre ambos", considera a Ordem, recomendando que, apesar do "facilitismo" nas licenciaturas, "o acesso à profissão mantenha os mesmos níveis de exigência científica". Concordo. Infelizmente, esta é uma situação genérica a praticamente todas as formações que integraram o designado Processo de Bolonha.

Sem comentários: