Adsense

sábado, 17 de outubro de 2009

RANKING'S DAS ESCOLAS. A REGIÃO AFUNDA-SE! (II)

Aguardei por hoje para ler o suplemento do jornal PÚBLICO relativamente aos "ranking's" das 1292 escolas básicas do País. Eu já conhecia os dados mas, agora, completei-os na confrontação com a realidade nacional. Fiquei triste e ao mesmo tempo apavorado relativamente ao futuro desta nossa Região. O problema é muito grave e não pode ser esbatido com declarações infelizes (para não dizer outra coisa) de alguns responsáveis pela Educação na Madeira, particularmente, do Director Regional de Educação.
É evidente, repito o que há dias sublinhei, que os "ranking's" não podem ser vistos de uma forma absoluta pois há muitas variáveis a considerar. Mas são um indicador precioso para sabermos onde nos encontramos. O Jornalista do PÚBLICO questionava-me ontem qual a minha análise relativamente à posição das escolas madeirenses. Respondi-lhe:
"Os resultados da Madeira não causam qualquer estranheza. Eles são a consequência da ausência de políticas a montante da escola, nas famílias, onde a pobreza e a exclusão atinge cerca de um terço dos habitantes e a jusante, na escola, onde existe uma histórica incapacidade política para organizar o sistema educativo no sentido da excelência. Os ranking’s constituem, apenas, um indicador mas que devem ser tidos em conta, uma vez que se baseiam em dados resultantes de exames. Na Madeira o sistema escolarizou, não educou para a responsabilidade, para o rigor e para o sucesso. Quando o presidente do governo olha para um jovem de Câmara de Lobos que tinha perdido o ano e, ao contrário de exercer uma atitude pedagógica, diz para não se importar porque ele também tinha perdido três anos escolares e hoje era presidente do governo, penso que está tudo dito. A política educativa na Madeira resume-se à construção de edifícios. O que lá acontece, se é ou não portador de futuro, não tem merecido a atenção dos governantes. Construção de edifícios, sublinho, nem sempre bem, uma vez que estabelecimentos de ensino para 1000, 1500 e 2000 alunos não favorecem uma educação de qualidade. O grande normalmente torna os alunos em números.
Esta Região, porque tem a Educação regionalizada, com pouco mais de 50.000 alunos em todas as áreas de intervenção, poderia ser um exemplo nacional, um laboratório de inclusão e de excelência. Infelizmente, não é. Porque a pobreza é grande e as famílias não podem pensar numa educação a 20 anos, são obrigadas a pensar a vida ao mês e à semana, porque a satisfação das carências básicas não podem esperar. Finalmente, ao contrário de criar legislação própria, mesmo considerando alguns constrangimentos constitucionais e os resultantes da própria Lei de Bases, o governo levou 30 anos a adaptar legislação e muitas vezes mal e os resultados estão aí, não só pelo que os “ranking’s” deixam a nu mas também indicadores de insucesso e abandono que não prognosticam um bom futuro".
Entretanto, acabei de compilar os dados do citado suplemento do PÚBLICO. Aqui ficam divididos em quatro grandes grupos do "ranking" geral. O R2 - "ranking" das escolas com pelo menos 50 exames não difere significativamente do "ranking" geral em matéria de apreciação genérica:
001 - 300 - 05 escolas: (3ª/215º/216º/230º/263º)
301 - 600 - 04 escolas: (426º/474º/511º/540º)
601 - 900 - 07 escolas: (746º/775º/811º/819º/824º/873º/878º)
901 - 1292 - 14 escolas: (937º/943º/959º/1045º/
1090º/1117º/1143º/1160º/1167º/
/1185º/1195º/1207º/1211º/1236º
Ora bem, excluindo o excelente resultado do Colégio de Apresentação de Maria (3º no global e primeira em Matemática) o panorama restante é absolutamente desolador. Temos catorze escolas acima do 901º lugar o que significa 46,6% dos estabelecimentos de ensino básico. Isto é muito preocupante e lastimo que o governo continue numa atitude de desvalorização deste assunto que merecia uma ponderada reflexão. Voltarei a este tema.
Fotos: Google imagens.

4 comentários:

Jacinto Ribeiro disse...

Gostaria de analisar o facto dos Açores socialistas não fazerem exames NACIONAIS?

Xavier ANtunes disse...

A Madeira não adapta legislação. Esse é um erro grasso.
Ou se legisla ou não se legisla.
Na Educação, a legislação é de exclusiva reserva da Assembleia da República. A Constituição IMPEDE que a Madeira legisle nesta área(e ainda dizem que esse facto limitador não é impedimento à autonomia).
Vide várias decisões do Representante da República e Tribunal Constitucional.
A Madeira pode apenas regulamentar para que se cumpra a lei (nacional).
A Madeira apenas pode dar uns foguetes e, realmente, intervir na Rede Escolar e sua gestão.
O que faz e bem como reconhecem quase todos.
Quase, porque há uns que não querem ver.
Os foguetes, são aquelas acções pontuais que se fazem aqui e ali ao longo do ano lectivo... tudo extra-curricular ou de apoio ao curricular.
As suas ideias são inexequíveis enquanto o seu partido, no Governo Nacional, não liberta as amarras nesta área.
Não acha contraditório dizer que na Madeira não se inova... e no Continente, serem os seus a impedirem que isso se faça?
Em tudo o resto, vejamos: a rede escolar é boa e está equipada, a lei é (por obrigação constitucional) igual ao resto do País. Então as (baixas) notas obtidas resultam do (pior) trabalho dos seus colegas (fica-lhe mal cair em cima deles) ou então, os alunos madeirenses terão características genéticas e capacidades inferiores aos seus colegas continentais.
O que acha?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Trata-se de uma pergunta ou de uma afirmação? Pode ter havido lapso na digitação.
Mas sobre essa matéria entendo que, dentro de poucos dias, será apresentada na ALM uma proposta de relevante importância. Na altura terei muito gosto em debater a questão.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo comentário do leitor Senhor Xavier Antunes.
Tenho que lhe dizer que, do meu ponto de vista e de vários juristas, labora num erro. Por essa razão volto aqui a salientar o que escrevi em uma outra resposta:
"Não é bem assim. Apesar da Constituição dizer que as bases do sistema educativo são reserva da República, interessa saber o que se entente por "reserva da República". E aí não há dúvidas sobre isso, isto é, grosso modo, o Português, a Matemática, as Ciências, etc., são de aplicação do Minho ao Corvo. Há uma estrutura base que deve ser respeitada e tudo o resto pode ter a intervenção regional sem colocar em causa a própria Lei de Bases do Sistema Educativo. Podemos desenvolvê-la sem receios de qualquer atropelo relativamente a eventuais ilegalidades ou inconstitucionalidades. Tem é de existir bom senso, engenho e arte na concepção do sistema educativo regional. Não é preciso a "independência" para o fazer, tampouco que a Assembleia da República altere o texto constitucional.
Sabe, o meu limite (e isso é possível) é que um certificado de habilitações valha em todo o espaço nacional.
Não levará muitos dias e isso ficará provado. Há estudos sobre estas matérias. Pena tenho que o governo não ouça e continue a repetir aquilo que, do meu ponto de vista, constituem os caminhos errados da Educação.
Ah, quanto ao problema da intercomunicabilidade entre sistemas, fundamentalmente no que concerne aos professores, é outro sinal da ausência de negociação institucional em sedes próprias. Mas também a este respeito posso sublinhar a minha posição: quem vem sabe ao que vem e quem sai sabe ao que vai. Um professor que concorra aos lugares do Continente deve respeitar as normas lá existentes. Por exemplo, se lá é obrigatória a prova de acesso ao ensino (que eu formalmente discordo, pois é no estágio pedagógico que a qualidade se define)e na Madeira não, logo, aquando de um concurso o professor deverá cumprir essa etapa. Tão simples quanto isso. O nosso sistema é este e ponto final.
Mas aceito e defendo que pela negociação se estabeleçam pontes de convergência. Mas para isso necessário se torna dialogar. E há quem não queira".
Em segundo lugar, pertenço ao grupo dos poucos docentes que, NA MADEIRA, têm dado a cara e a escrita na defesa da classe. Por isso, quando analiso não estou a criticar os docentes mas o SISTEMA que não permite melhores resultados. São duas coisas completamente diferentes. Os professores são vítimas de uma situação, não são a causa dos erros cometidos.