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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

MISSA DO PARTO, JORNALISTAS E A "VERDADE"!

Interessante a iniciativa dos jornalistas madeirenses ao se reunirem, na Igreja da Nazaré, por ocasião de uma Missa do Parto julgo por eles solicitada. Na homilía, o Senhor Bispo teceu algumas importantes considerações, entre as quais a de que aos jornalistas pede-se a "verdade". Aí, perdoar-me-á D. António Carrilho, mas não estou de acordo, por ausência de complemento dessa verdade. Aliás, do meu ponto de vista, trata-se de um erro frequente, pedir-se a verdade a um jornalista. O que lhe devemos pedir é que seja honesto com a sua verdade, simplesmente porque há muitas verdades sobre um mesmo assunto. Afinal, questionar-se-á, quem são os detentores da verdade? Os que, embora violando a sua consciência, servem determinado posicionamento político ou de empresa? Os que pensam e reflectem na escrita uma determinada realidade política, social, económica e cultural? Onde está a verdade?
Pois bem, sendo a verdade múltipla desde logo porque, no caso em apreço dos jornalistas, não a podemos desligar dos princípios, dos valores, das crenças pessoais, da história cultural de cada um e das circunstâncias, obviamente, regresso ao início, o que devemos pedir a um jornalista é que seja honesto com a sua verdade. Não mais do que isso. Porque entre o acto de recolha da informação, a transmissão e a recepção (decodificação das mensagens por parte de quem lê, vê ou apenas escuta), depreendo de R. Jakobson, existe uma cultura e conhecimentos que actuam no processo de codificação das mensagens e que leva a que as mesmas possam ser entendidas de forma diversificada. O processo circular da comunicação (entre o emissor, o receptor e o respectivo feed-back) faz com que se considere os ruídos de natureza psicológica, patológica e até de falta de referências que impossibilitam a codificação e decodificação das mensagens. Daí que as interpretações possam ser diversas.
É por isso que respeito os Jornalistas, o que escrevem e o desenvolvimento que fazem de um assunto, sendo certo que eu decodifico o que quero e como quero em função também dos princípios, dos valores e das crenças que me animam. Apenas peço que sejam honestos com a sua verdade.
Foto:
Google Imagens.

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