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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

"A POLÍTICA DE BETÃO É PARA CONTINUAR"

Assumiu o Secretário Regional do Equipamento Social, Engº Santos Costa, que a "política de betão é para continuar". Porventura esta terá sido uma das posições de maior relevo durante o "pseudo-debate" do Plano e Orçamento para 2010. Não que fosse necessário dizer, pois ninguém certamente acreditaria que esta postura política não seria para manter, mas, sobretudo, pela reafirmação e postura do governo que ainda não entendeu que se trata de uma política que se esgotou no tempo. Tudo o resto que na Assembleia se passou, do meu ponto de vista, com mais ou menos endividamento, mais ou menos calor discursivo, pouca relevância teve, até porque, para além dos fait-divers o discurso da maioria centrou-se sobre o já conhecido. Agora, abertamente, insistir naquela orientação política, não dando sinais de inflexão e de criação de um paradigma económico susceptível de alimentar a esperança, aí, parece-me ser relevante, obviamente pela negativa. Como vulgarmente se diz teremos mais do mesmo em 2010. Pior ainda, porque a conjuntura é muito desfavorável e porque a história dos processos diz-nos que causas iguais provocam consequências idênticas. Crescerá, infelizmente, o desemprego (que continuará a ser mascarado), os empresários continuarão a deitar contas à vida, a pobreza não será esbatida e o governo ficará cada vez mais endividado.
Ademais, ainda sobre a política de betão, numa terra cuja primeira actividade é a do turismo, uma terra no meio do Atlântico, sabendo-se das dificuldades para enfrentar destinos concorrenciais, sendo conhecida a luta entre mercados e que não é fácil intrometer-se entre os demais face aos grandes interesses em jogo, seria de bom senso assumir que a Madeira só poderá ganhar esta batalha de natureza multifactorial, se defender a qualidade e se se impor pela diferença do destino. Sabe-se que o que é igual pouco vende. E temo por isso que esta obsessão pelo betão continue a mudar, substancialmente, as características particulares das cidades e das vilas da Região. Hoje, já são muito poucos os turistas de sofá de hotel. Eles procuram a cultura, o património histórico, património natural, o pitoresco, enfim, aquilo que distingue relativamente aos outros destinos. Não procuram betão, mas isto que se sabe ser assim, o governo não entende e insiste, tal como um drogado que só ressaca com mais droga, no seu caso ressaca com mais cimento. Retira-se-lhe o cimento e não sabem o que fazer. Quem na Assembleia aparecer com novas ideias, novas propostas, novas sugestões é logo "abatido" pela força de uma maioria absolutíssima incapaz de perceber que os outros, os da minoria, também desejam o melhor para a sua terra e também estudam os problemas no sentido de garantir um melhor futuro para a população.
De resto, estes três dias constituíram uma farsa ao ponto do Senhor Presidente do Governo dizer que o "Parlamento é o pilar da Autonomia". Evidentemente que é só que, bem prega, neste caso, frei Jardim, porque se é o pilar da Autonomia é também a casa da Democracia e sendo, pergunta-se, porque razão, uma vez mais, fugiu ao debate, apresentando-se apenas no último dia, para falar por tempo indeterminado, sem a possibilidade de ser confrontado com os Deputados. Que raio de pilar este e que raio de Democracia esta. Quem foge denuncia que tem medo, que não tem convicções e que não está seguro do que faz. Podem dizer tudo, mas tudo, do Engº José Sócrates, mas como primeiro-ministro, quinzenalmente, enfrenta toda a oposição e responde, um a um, aos problemas equacionados. Porque é ali que se confrontam as ideias e os posicionamentos político-partidários.
Ouvi-o dizer que "há ódio na oposição", que alguns Deputados transferem para a política as frustrações pessoais e que a oposição nutre uma obsessão pelo poder a qualquer preço. Ora, eu conheço bem todos os membros da oposição regional. São pessoas dignas, merecedoras de respeito, que defendem princípios e valores e nunca, da direita à esquerda, os vi com esse tipo de desmedida ambição onde valha tudo para chegar ao poder. O poder conquista-se ou perde-se e um partido político justifica-se se tiver essa naturalíssima ambição de lá chegar no sentido de implementar uma política. Pelo contrário, não sei se é ódio (julgo que não) mas entristece quando se ouve o presidente do governo dizer, no momento que um Deputado se aprestava para fazer a sua intervenção: "quem é este gajo... de onde veio? Ah, do rectângulo!"
Por aqui fico. A vida continua e mais tarde a História explicará tudo isto.

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

O discurso do PGR e as promessas que fez não são para levar a sério. Como sempre, na altura própria, ele vai fazer o que muito bem ou mal entender, sem se preocupar com promessas. Havia até um deputado da maioria que estava a dormir (ou pelo menos parecia)...
O que se passou foi um tristíssimo, quase grotesco, exercício de arrogância e prepotência. Mais nada

Unknown disse...

O forte do Albertinho foi sempre fugir aos debates e sem que estes possam se defender,enxovalhá-los na praça pública.O objectivo do alberto sempre foi o denegrir e"pôr-a-baixo-de-cachorro" todos os seus adversários politicos para aparecer "como o bom e salvador da pátria". Infelizmente isto aqui continua a ser "a mesma tristeza".Parabéns pelo seu artigo.Cumprimentos.