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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

QUASE 13.000 DESEMPREGADOS!

A notícia pode ser lida na edição de hoje do DN:
"(...) Com o desemprego a atingir quase 13 mil pessoas, as ofertas de emprego continuam a ser uma gota no oceano. Durante o mês de Outubro, estiveram disponíveis 384 vagas no Instituto de Emprego, 205 arranjaram colocação, mas os novos empregados pouco ou nada alteraram o grosso dos números. Existe, além da crise, um desencontro entre a procura e a oferta. Aquilo que os empresários procuram nem sempre encontra correspondência num candidato disponível, num dos quase 13 mil desempregados. Outubro fechou com 256 vagas abertas e esta tem sido uma constante nas estatísticas do Instituto".
A situação agrava-se. Dizem os especialistas em assuntos económicos que, infelizmente, aquele valor poderá subir até os 15.000 desempregados. Um verdadeiro drama sem precedentes. Ou, urgentemente, surgem políticas no sentido de inverter a situação ou caminhamos, lenta mas seguramente, para uma tragédia de contornos sociais muito complexos. E o problema, há tanto tempo que se sabia disto, é que "ter mais de 35 anos e habilitações inferiores ao 9º ano é, neste momento, o pior que pode acontecer a quem fica sem emprego". Isto significa que, por um lado, as políticas educativas e de aproveitamento da vocação profissional não funcionaram a par dos dramáticos resultados do abandono e o insucesso escolar; por outro, temos aí a consequência da falta de coragem para mudar de paradigma económico.
Era sensível e tecnicamente demonstrável que o resultado desembocaria, tarde ou cedo, neste preocupante quadro. As pessoas que têm hoje 35/40 anos tinham, à data de Abril de 1976 (1º governo regional), entre dois e sete anos de idade, portanto, passaram por toda a política de escolarização. Só que milhares ficaram pelo caminho, por ausência de uma verdadeira política educativa e, hoje, confrontam-se com rudimentares níveis de competência em função das necessidades que o desenvolvimento entretanto implicou e implica.
As políticas de família foram descuradas, não houve capacidade para diversificar a economia, admitiu-se uma oferta, em vários sectores de actividade, superior à procura, vestiram esta terra de "smoking" (infra-estruturas, através de uma colossal dívida) mas deixaram-na descalça e com sérias dificuldades de suportar o "choque do futuro", de que fala Toffler. Como sublinha o meu Amigo Carlos Pereira, pensaram que Keynes era empreiteiro e não economista e o resultado está aí. Ser Keynesiano não é, seguramente, nada disto. Não leram, certamente, toda a obra. Dir-se-á que houve muito amadorismo e aventureirismo político. Enquanto deu para o combustível foi carregar no acelerador!
Seja como for e muito para além dos posicionamentos político-partidários (evidentemente que há responsáveis) é urgente encontrar soluções estratégicas estruturantes de resposta à situação que está criada. O regresso do triste ciclo da emigração, esse também cada vez mais incerto, está a acontecer, mas todos têm direito de viver na sua terra com um mínimo de satisfação e qualidade. E neste quadro não vale a pena o estafado discurso que o que está a acontecer é a consequência da crise internacional, pois muito, muito antes dela estalar já se adivinhava por aqui os sinais do grande desconforto social. Ademais, somos uma Região Autónoma, com órgãos de governo próprio e, portanto, compete a quem governa apresentar propostas que solucionem os problemas. É imperioso que o faça, urgentemente, no sentido de esbater este gravíssimo problema.

5 comentários:

Bota Abaixo disse...

Multiplique isso por 40 e terá o mesmo (ou pior) no resto do País (socialista por sinal).
Dez virgula dois por cento é a taxa socialista (depois de esquecidos os 150 mil da legislatura anterior).
Ou seja, os problemas não se justificam tão simplesmente na culpa deste ou daquele.
Desta ou daquela política.
Desta região ou do resto do País.
Vai dizer que com os problemas dos outros aguentamos nós.
É verdade, mas com as razões básicas desses problemas aguentamos todos.
E essas, vão muito para além das suas acusações mais ou menos recorrentes e, perdõe-me, algo paroquianas. Suas e do seu colega Carlos Pereira, que parece sempre ter razões pessoais por detrás de tudo o que vai dizendo.
Não seja tanto bota abaixo...

Veiga Simão disse...

A taxa de analfabetismo no arranque da autonomia era de 26%, muito acima da taxa média do País (18%).
Ao contrario do que escreve, foi preciso, nos anos 80 construir muita escola, só para garantir "espaço" para todos. Não se esqueça que nesse período curto passou-se de 4 para 9 anos de escolaridade obrigatória. E nessa altura 75-85 não havia dinheiros europeus e Lisboa tinha-nos deixado descapitalizados na área educativa. Era preciso fazer muito e muito rápido e isso só para apanhar o resto do País...
Não queira fazer história não a conhecendo.
Pois as salas de professores das Escolas do Funchal eram coisas muito diferentes e distantes do que se passava no resto da Ilha. Onde por exemplo, o 2 Ciclo era dado pela TV porque o País deixou-nos entregues à nossa autonomia descapitalizados de escolas que permitissem a solução normal.
E se muitos desses com 35/40 anos chegaram onde chegaram, terá sido devido ao muito esforço feito nos anos 80, depois de anos de desinvestimento nacional na Madeira e no sector.
Se não, relembre-me os investimentos em escolas na Madeira feitos entre a Jaime Moniz e a Francisco Franco e o período pós-autonómico...
Zero... ou perto disso.

André Escórcio disse...

Meu caro,
Se, porventura, acompanha o que escrevo, concluirá que não tenho nada de bota-abaixo. Nem assim assino!
Sei olhar para o País (parte Continental) mas o que me preocupa é a Madeira, cuja Região tem a dignidade de ser política e administrativamente AUTÓNOMA. E, se no Continente a taxa de desemprego é alta, por aqui, se temos uma população economicamente activa que rondará os cerca de 105.508 (dados da Estatística), logo a taxa de desemprego estará na ordem dos 12%. Não são contas minhas nem existe aqui qualquer interpretação pessoal de dados.
Mas sejam 9, 10 ou 12%, o que me preocupa e, certamente, a todos deve preocupar, é que não soubemos estruturar o crescimento e o desenvolvimento de uma forma mais sustentável. É isto que está em causa. Porque quando a taxa era de 2% (praticamente pleno emprego) o governo tecia considerações elogiosas à sua política. E agora, não será irresponsável atirar para outros as suas responsabilidades?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário (Veiga Simão).
Conheço todo o processo desde antes do 25 de Abril. Passei por todos os actos políticos tendencialmente reformistas no sector educativo. Desde há trinta anos que venho a estudar e a tentar compreender o porquê do nosso crónico atraso. Por isso, faço análises comparadas com outros sistemas educativos. E como não me conformo nem gosto de nivelar por baixo, as minhas humildes propostas têm fundamento, no quadro da AUTONOMIA, pois é minha convicção que poderíamos estar muito, mas muito melhores. Não tratámos da sociedade (montante do sistema educativo), não investimos de forma prioritária na EDUCAÇÃO, construimos escolas sobredimensionadas que não ajudam à promoção do rigor, da qualidade e da excelência e não tivemos o engenho para negociar um sistema educativo próprio cujo limite fosse um certificado de habilitações na Madeira valesse em todo o território nacional. Até já dei o exemplo da Suíça. É minha opinião que devemos ser autónomos nessa matéria, abrigados, claro está, no grande chapéu da matriz básica orientadora dos desígnios nacionais. Quando a Constituição diz que as bases do sistema educativo são reserva da República, eu entendo que, obviamente, o Português, a Matemática, etc. constituem um núcleo de disciplinas universais.
Com outras preocupações políticas e outro tipo de prioridades tal teria sido possível. Só que, volto ao princípio, não se cuidou da sociedade nem da Escola. E o problema está aí. É claro que isto tem muito a ver com as políticas económicas e com outros pressupostos que não foram considerados.
Não quero dizer que hoje os problemas estivessem todos resolvidos. Não é isso, mas talvez pudessemos estar bem melhores na qualificação das pessoas.
Uma vez mais obrigado. É sempre bom debater ideias, mesmo num espaço que tem de ser ao correr do pensamento...

André Escórcio disse...

Corrijo o número da população activa: 126.059 pessoas, segundo o Plano e Orçamento para 2009, com dados referentes a 2008.