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domingo, 13 de dezembro de 2009

RTP-M... POR ONDE ANDAS?

Eu percebo mas, sinceramente, preferia não perceber. Amanhã, inicia-se uma longa maratona no âmbito da discussão do Plano e Orçamento da Região Autónoma da Madeira para 2010, antecedido de uma sessão destinada a discutir e aprovar uma proposta de endividamento da Região no valor de 79 milhões de Euros.
Na complexa fase em que a Região se encontra, com dívidas até ao céu da boca (mais de cinco mil milhões), com o tecido empresarial a estrebuchar, com 13.000 desempregados e com a necessidade de, novamente, ter de contrair um empréstimo de 79 milhões de euros para amainar algumas tensões derivadas de encargos assumidos e não pagos, a RTP-Madeira, constitucionalmente responsável pelo serviço público, passa ao lado da gravidade da situação ao não promover um debate sobre o dramático momento que a Região vive. Eu percebo o porquê mas, sinceramente, preferia não perceber. Imagino quantas pressões não aconteceram para não se discutir, abertamente, aos olhos dos madeirenses e porto-santenses, nem o orçamento nem as propostas da oposição. Imagino! Lamento, todavia, que a RTP-Madeira se deixe enlear nesta teia de interesses e não cumpra com o seu trabalho a que, por lei, está obrigada. Assim, é fácil manter o poder e dizer-se pelos quatro cantos da Região que a Oposição não é alternativa. Assim, se ajuda à eternização deste poder!
Valeu, durante uma semana, de forma sustentável, a activa participação do Deputado do PS, Carlos Pereira, que foi trazendo para o centro do debate uma série de análises e sobretudo de propostas (só o PS, tem mais de meia centena de propostas para apresentar no pseudo-debate na especialidade) mas, nem esse esforço foi consequente uma vez que as importantes matérias despoletadas não despertaram qualquer preocupação numa perspectiva de debate sobre a realidade contextual que a Região enfrenta e que terá de, penosamente, enfrentar nos próximos anos. Silêncio foi a palavra de ordem. Por imposição de quem, não sei, ou melhor, valha a verdade, de quem poderia advir?
E o Orçamento passará, sem debate público (o que se passa na Assembleia não chega à população, convenhamos) por força de uma maioria absolutíssima e com a RTP-M à espera que a onda passe, mas oferecendo, ainda assim, de bandeja, mais duas horas (se não mais!) em directo, do discurso final do presidente do governo. Prevalecerá, desta maneira, a sua palavra relativamente a outros posicionamentos.
Que grande engrenagem esta que consegue tudo controlar. Para qualquer democrata que respeite quem tem legitimidade para governar, este é mais um momento desesperante desta hipotética democracia.
Nota:
Destaco a RTP-Madeira apenas pelo facto de ser o meio de comunicação (aparentemente) de maior relevância comunicacional e informativa.
Fotos: Google Imagens e de arquivo próprio.

7 comentários:

Anónimo disse...

É fácil..está de férias á espera de um novo líder. O melhor é ler o semanário Tribuna para se saber UM POUCO do estado da Televisão Publica Regional...autentica bandalheira, compadrio e muito mais..

Fornecedor disse...

Há insistências estranhas na sua lógica...
Então se todo o Mundo (e o País) está a atacar a crise com base em déficite e dívida (é por isso que os socialistas pedem mais cinco mil milhões à Assembleia da Repúlica), porque não a Madeira?
Afinal, se vivemos também das receitas fiscais, que cairam aqui tal como no Continente, e são a justificação para tal monumental aumento da dívida no país socialista, porque estranhar os 79 milhões da Madeira?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Sabe, o problema não é esse, é claramente outro, pelo menos na minha opinião. O problema não é o endividamento quando ele tem sustentabilidade orçamental. O drama é que não temos. Já vamos com mais de cinco mil milhões de dívida e é preciso que comparemos situações comparáveis. Não se pode comparar a capacidade da Região com 250 mil habitantes com um País de 10 milhões. Melhor dizendo, ninguém, no plano individual, pode ir à banca e assumir compromissos superiores às suas receitas. Com a Região passa-se, grosso modo, o mesmo. E o problema está aí, no modelo económico e na perda de Autonomia que podemos vir a perder. E isso, se acontecer, constituirá um gravíssimo retrocesso nas nossas ambições de madeirenses e porto-santenses.

Fornecedor disse...

Daí a diferença entre 4.900 milhões (no País) e 79 milhões por cá...
TODAS as justificações de Teixeira dos Santos para pedir aquele acréscimo de dívida são válidas por cá. A diferença faz-se na quantidade (4.900 contra 129).

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário.
O mal do País a que pertencemos a todos nos deve preocupar. Neste pressuposto, não devemos gerar uma situação local que considero preocupante para a estabilidade futura da Região. Ser Autónomo implica assumir responsabilidades e é neste quadro que me situo.
Este endividamento significa que contratualizámos sem dispormos de meios para tal. É isto que considero grave. Aliás, há um princípio do desenvolvimento que deveria ser respeitado: o da transformação graduada. É por isso que, para gozo de um homem, está praticamente tudo feito (há sempre qualquer coisa para fazer, é óbvio)e pouco restará para as gerações vindouras. Pagar facturas é o que lhes resta...
Ademais, é preciso que tenhamos consciência que o espaço geográfico da Região é muito curto...

Fornecedor disse...

Não é totalmente correcto. Os meios previstos seriam as receitas fiscais. Que lá como cá e como em todo o Mundo sofreram um trambolhão. Daí que a gestão normal entre em DÉFICITE. Que só se resolve com endividamento.
Isto sem contarmos com outras situações imprevistas e "imprevistas" (já explico) ao nível da despesa: gripe A, apoios sociais acrescidos, subsídios de desemprego, BPNs e outros que tais, milhões para o Magalhães e medidas eleitoralistas metidas ao barulho para branqueamento.
Portanto, sim, estão contratualizados os ordenados e as despesas correntes usuais e pode não haver receita para os suportar...
Daí os orçamentos rectificativos.
Explicou assim (ou quase) Teixeira dos Santos.
Lá como cá, com a diferença fica nos valores (4.900 milhões lá, 79 milhões cá).

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário. Compreendo-o apenas em função do estado de preocupação a que isto chegou. Sabe, certamente, tão bem quanto eu que já antes da crise financeira, da gripe A e do Magalhães, etc. etc., nós, por aqui, já tínhamos um volume de assustadoras dívidas. O problema não se coloca nos últimos dois/três anos. Vem de longe e produziu um efeito de soma que se tornou preocupante.
Pessoalmente entendo que não devemos deixar para as futuras gerações encargos que tornarão a sua vida muito complexa. Teria sido mais prudente crescer menos e desenvolver mais.
E relembro que esta "estratégia" do governo é repetitiva. Em contos, em 1997/8, o governo liderado pelo Engº Guterres, através do Ministro Sousa Franco, pagou uma dívida de 110 milhões de contos tendo ficado, salvo erro, 60ou 70 milhões considerados como dívida flutuante. O problema é que num lapso de 12 anos regressamos à situação, agora com cinco mil milhões de euros. Isto preocupa-me e, certamente, também a si. São valores de uma tal grandeza que nos deveria levar a frenar o pensamento dominante: "com dinheiro faço obras e com obras ganho eleições". Ou, então, a frase do mentor de tudo isto: "a História fala de obras não de dívidas". Só que não estamos no tempo dos reis... como compreende.