Adsense

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

"BOMBA" APENAS AO RETARDADOR

A excelente peça inserta na edição de hoje do DN, da autoria do Jornalista Miguel Torres Cunha, convenhamos que apenas especifica ao pormenor, porque os números não são estranhos. O trabalho principia com a frase: "É uma bomba". Ora, trata-se, quanto muito, de uma bomba ao retardador, porque tal realidade já tem sido bastas vezes divulgada, no Parlamento, através do Deputado do PS Dr. Carlos Pereira. O Diário, de acordo com os estudos do BPI, aponta para 4,6 milhões de Euros a dívida da Região, mas não é tudo. Há mais, pois continhas feitas, segundo o que tem sido divulgado na Assembleia, ascenderá a mais de 5,5 milhões. Dir-se-á que a ocultação da realidade, sistematicamente produzida pelo governo, teve perna curta. Os números estão aí, de forma crua, o que deita por terra todo o discurso político em redor da Lei das Finanças Regionais. E se recuarmos no tempo fica agora também mais claro o embuste que foi a demissão do governo regional em 2007, alegadamente motivada por tal lei.
Ora, num País com uma outra cultura, com um sentido de cidadania e democracia elevados, neste momento, o governo, particularmente o seu seu presidente, estaria em maus lençóis e o Senhor Secretário das Finanças não teria outra saída possível senão a apresentação da sua demissão. E isto porque há uma disparidade entre o seu discurso político assumido em sede de debate do Plano e Orçamento para 2010 e a realidade encontrada. Politicamente é assim que os actores políticos se devem comportar, mas é evidente que não temos essa cultura e, amanhã, tudo continuará na mesma, sem justificações e sem responsáveis políticos sobre a situação criada que afecta toda a população residente.
Ficaram também a nu as características do modelo económico-financeiro e toda a estratégia política seguida ao longo destes trinta e quatro anos de poder absoluto. Ora, sustento eu, perante esta grave situação parece-me absolutamente inadiável a necessidade de criação de uma Comissão de Inquérito, no âmbito parlamentar, com o objectivo de estudar e avaliar a realidade da Região que, pressuponho, está muito para além dos valores indicados. É que não se pode brincar com coisas muito sérias e, sendo assim, os políticos têm de assumir as suas responsabilidades. Estão em causa 253.000 habitantes, o crescimento do desemprego, a evolução dos graus de pobreza, a descapitalização das empresas, em uma espiral geradora de falta de confiança. E vem o Senhor presidente do governo fazer cavalo de batalha da Lei das Finanças Regionais, como se 80 ou 160 milhões resolvessem o monumental défice público. Esta Lei apenas está a servir para desviar atenções de um problema que é demasiado grave. Aguardemos pelo desenvolvimento político desta matéria.
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: