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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A NECESSIDADE DA PALAVRA

Há um conjunto de situações e de jogos que, diariamente, passam por debaixo dos nossos olhos de "observadores-actores", por aproximação a Joel de Rosney, que nos deixam, certamente, perplexos. Como é possível (?), interrogamo-nos. Ora, da comunicação social dos últimos dias ressaltam algumas peças que suscitam reflexão. Passo à primeira.
Desde logo tudo quanto envolve a Missão do Senhor Dom António Carrilho, Bispo da Diocese do Funchal. Sinceramente, desvaneceram-se as minhas esperanças. Cada dia que se passa começa a ser sufocante a atitude de uma Igreja, virada para si própria e, por isso mesmo, muito pouco libertadora. Quando aqui chegou, lembro-me, com um sorriso de orelha a orelha, a almoçar no Café Apolo. Simbolicamente, aquela atitude significou, para mim, um Homem da Igreja junto do seu Povo, um passo na abertura, um rompimento com o ar por vezes bafiento da sacristia e com as fronteiras impostas, um Bispo atento, pouco ralado com os políticos mas obstinado com os dramas sociais e, por isso mesmo, junto da comunidade dos pastores que servem a Igreja. Ingenuidade da minha parte. Lembro-me, também, nessa altura, já lá vão mais de dois anos, ter escrito um artigo de opinião onde, metaforicamente, dizia: "carrilhar, é preciso!".
O tempo passou e o que vejo não são os sinais da mudança, da libertação através da Palavra, um Bispo apaziguador, atento e que, sem medo, é capaz de tocar nas profundas feridas que matam, inclusive, a fé. A história da Ribeira Seca onde o Padre Martins Júnior reclama o desejo de ser ouvido e "julgado" e que D. António Carrilho", dois anos depois, mantém um silêncio sepulcral. Este é um entre outros episódios que não faz qualquer sentido, e razão tem o Padre José Luís Rodrigues (S. Roque) quando desafia o Bispo a "ousar quebrar as amarras do passado" e que é "inconcebível que não se escute a voz de um povo, que não prevaleça a vontade de um povo, só porque a lei dita outra coisa e os interesses mundanos de algumas pessoas da Igreja falem mais alto". É a questão de uma certa "lei da rolha" ao recomendar cautelas nas declarações públicas dos padres e nos comentários dados, sobretudo nas situações mais polémicas, segundo li, na edição do DN, do dia 23 último. Preocupações desta natureza, entre outras, colocam a Igreja na Madeira no caminho da continuidade, quando esta comunidade católica precisa de uma Igreja actuante e distante dos senhores da política, humanista, repito, libertadora, atenta, pró-activa, desafiadora de princípios e de valores, defensora da família e, neste aspecto, capaz de apontar os erros dos políticos que conduzem à marginalização, à pobreza e à exclusão social. A Igreja Católica não precisa de mais do mesmo, não precisa de mais templos e, por esta via, de sentar-se à mesa do orçamento e de se deixar silenciar e corromper pelo poder político. A Igreja precisa de alma nova, precisa da Palavra, precisa de estar no meio da turbulência com amor e não apenas, distante, a pregar aquilo que já todos conhecem. Dois anos depois, volto a dizer, "carrilhar, é preciso".

1 comentário:

Anónimo disse...

http://mamadeiralaranja.blogspot.com/