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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CHANTAGENS HÁ MUITAS...

A eventual grandeza do objectivo esconde, estou certo, uma preocupação política de subtil introdução da máquina partidária no interior dos estabelecimentos de ensino.
Duas notas ao início da manhã:
1ª O Dr. Guilherme Silva, deputado do PSD na Assembleia da República, quase todas as semanas brinda-nos com declarações, umas que não lhe ficam bem enquanto Vice-Presidente do primeiro órgão de Soberania Nacional, outras, que denunciam, claramente, estar a se ver ao espelho. Foi o caso de ontem quando, a propósito da Lei das Finanças Regionais, assumiu: "não é aceitável que nenhum Governo, nem nenhum ministro faça chantagem com o parlamento. (...) Sou vítima dessa chantagem (...) Foi óbvio que o Governo não esteve de boa fé".
Esta declaração, aliás, idêntica a tantas outras, é própria de quem quer, permanentemente, mascarar o que por aqui se passa. Podemos pegar naquele posicionamento político e, apenas com uma alteração de pormenor (substituição da palavra ministro por presidente do governo ou secretário regional) e aplicá-lo exactamente à relação existente na Região Autónoma da Madeira entre o governo e os deputados na Assembleia Legislativa. O Dr. Guilherme Silva é vítima de chantagem e, por aqui, senhor deputado, o que é que acontece há trinta e tal anos, com um governo que não debate os dossiês da governação em sede própria, que desrespeita o parlamento chumbando a esmagadora maioria das iniciativas que visem, em sede de comissões especializadas, ouvir os representantes do governo, que altera ou manda alterar o regimento com o sentido de reduzir ou anular o debate parlamentar, enfim, como é que o senhor deputado da Nação não se sentiria se aqui fosse oposição há trinta e tal anos? Emigrava, certamente!
É por estas e por outras razões que as pessoas olham de forma enviesada para os políticos, para as suas máscaras que nunca caiem, nem em tempo de Carnaval, para a sua ausência de grandeza, para a sua verticalidade e honestidade. A desconfiança nos actos dos políticos cresce a olhos vistos através de um discurso que visa fazer de todos nós uns mentecaptos. E não somos. Dr. Guilherme Silva, o dinheiro não é tudo na vida.
2ª' Discordo, totalmente, da iniciativa "Conhece o teu Município: órgãos de poder local, o pilar da democracia", promovida pelo Grupo da Assembleia Municipal do PSD-Funchal e que tem como público-alvo os alunos do 2º ciclo do Ensino Básico. Discordo, desde logo, porque os alunos já dispôem de uma disciplina designada por Educação Cívica onde este tema é enquadrado, enquanto área curricular não disciplinar, no quadro da formação pessoal e social; discordo, ainda, porque se trata de uma iniciativa que vem aumentar a já sobrecarregada carga de actividades escolares, contribuindo para que o acessório esteja a condicionar o essencial da escola, isto é, a aprendizagem das competências fundamentais.
É evidente que esta inicitiva não é inocente. A eventual grandeza do objectivo esconde, estou certo, uma preocupação política de subtil introdução da máquina partidária no interior dos estabelecimentos de ensino. "De pequeno se torce o pepino" diz a sabedoria popular. Ora, tal como na Assembleia Legislativa, aquando da visita de estudantes, há um livrinho do PSD que é entregue aos mesmos, pretende agora o PSD introduzir-se no 2º ciclo, com uma actividade aparentemente meritória, mas que traz um inegável sentido de afirmação partidária. Portanto, não aceito. Deixem os professores educar para a cidadania no quadro da disciplina que estão obrigados a leccionar.
Ilustração: Google Imagens.

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