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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

MERCADO E LIBERDADE

A política de apoio financeiro ao Jornal da Madeira justifica-se no quadro da lei da rolha. Entretanto, ofende a Democracia, a Liberdade e o funcionamento normal do mercado empresarial.
Nos últimos dias tenho mantido um animado debate de ideias com um visitante deste blogue, cujo nome não me é desconhecido, mas que não quero vincular as suas posições à pessoa que julgo se tratar. Mas isso não é minimamente importante. Chama-se Gustavo Jardim e tem sido com muito prazer, apesar de ter estado fora da Região, diariamente, manter aceso o debate. A questão tem girado em redor do Jornal da Madeira e de um post que publiquei no dia 16 do corrente. Em uma das minhas respostas aos comentários que aduzi, na sequência do meu interlocutor afirmar que a existência da linha editorial do JM ficava a se dever à necessidade de contrabalançar uma tendência de vários órgãos de comunicação social contrária à orientação do governo regional, sublinhei:
"O mercado, inclusive, o das ideias e dos posicionamentos político-partidários devem ser livres. O jornalismo deve assim funcionar na base de livres-pensadores, nunca através de um quadro de constrangimentos. A Democracia e a Liberdade constrói-se dessa maneira, na diversidade das opiniões, no rigor das análises e no respeito pelos outros. O que não significa que eu, enquanto cidadão, tenha de pagar para que exista essa pluralidade. Convenhamos que não faz sentido algum. O JM já pertenceu à Diocese e foi um jornal de prestígio. Vivia da publicidade e dos assinantes, nunca do erário público. Tinha a sua linha editorial distinta e marcada pela Igreja. E por lá passaram excelentes jornalistas. Eu sei do que falo, porque lá trabalhei no final dos anos 60 e, mais tarde, fui colaborador assíduo. Ora, tudo o que aqui se passa não tem nada a ver com Sócrates ou outro qualquer. Tem sim a ver com políticas locais numa perspectiva de poder absoluto".
Hoje, de regresso ao trabalho, reli o que apressadamente escrevi e, por isso, volto a dizer que considero uma vergonha o que se passa na Região no que concerne ao proteccionismo, por parte do governo, de um órgão de comunicação social em relação a outro. Deve ser caso único na Europa, aliás, a União Europeia não admite situações desta natureza. O JM tem de fazer pela vida, tem de conseguir os meios de subsistência tal como acontece com o Diário de Notícias. Quero lá saber da sua linha editorial, o que me preocupa é o facto dos nossos impostos alimentarem tal estrutura de natureza privada. Eu e milhares, certamente, não estão na disposição de pagar um jornal para fazer a propaganda oficial. Atenção: a propaganda oficial deste governo ou de qualquer outro. Prezo muito a Democracia e a Liberdade de opinião e o que se está a passar, há muitos anos, constitui uma clara manobra de condicionamento democrático e de despudorada propaganda própria de regimes políticos com vocação ditatorial. Não faz sentido algum a existência de órgão de comunicação social vocacionado para a gestão das mentes!
Inclusive, não colhe a peregrina ideia de que a maioria dos órgãos de comunicação social da Madeira têm as baterias apontadas ao governo regional. Não é verdade. Eu pelo menos não sinto isso. Há tanta coisa que ouço em múltiplas rádios, leio ou vejo e que, de acordo com as minhas convicções, entendo não serem correctas. Mas respeito. Tento é perceber se o jornalista foi honesto com a sua verdade. Porque verdades existem muitas sobre um mesmo assunto.
Tudo isto para dizer que o Director do Diário de Notícias da Madeira, o Jornalista Luís Calisto tem carradas de razão. O que o governo regional anda a fazer ao Diário faz parte de uma manobra que trai os mais elementares princípios e valores da Democracia, da Liberdade e das regras de mercado empresarial. É a lei da rolha que vem a caminho!
Ilustração: Google Imagens.

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