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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

SITUAÇÃO DRAMÁTICA NA MADEIRA (IX)


"Se não tivesse entulhado tinha passado tudo".

Não foi Jacques de la Palice (ou de la Palisse) que disse aquela frase que marca a tragédia. Acabo de seguir uma entrevista do Senhor Presidente do Governo Regional concedida a Judite de Sousa, Jornalista da RTP 1. Quando a questão foi colocada ao que se passou na ribeira frente ao Dolce Vita, o Presidente foi claro: "Se não tivesse entulhado, tinha passado tudo". Nem mais. E disse uma outra lapidar: "Há doutores a mais neste País". Obviamente, referia-se aos tais que estudam, investigam, aconselham, colocam o seu saber ao dispor dos políticos e, depois, são considerados "miseráveis" por reflectirem e, teimosamente, alertarem para os erros de planeamento do território. Trinta e seis anos depois, ouvi, também, que a culpa vem do tempo do Estado Novo, o que significa que a Madeira Nova nada tem a ver com o desastre. No meio disto tudo, nada será mudado e, quanto ao Pinto de Sousa, passou a Engenheiro e já é um amigo.

4 comentários:

Fátima Spínola disse...

Quando é que o "Renascimento" chega à Madeira? Parece que estamos na idade das trevas e da inquisição!

Quem pode mudar tudo isto somos nós madeirenses!!!

Unknown disse...

Aquela da destruição ser o "da Madeira Velha" e ter ficado as obras da Madeira Nova",tá mesmo com piada.O "único importante,sou eu" (o Albertinho),continua igual a si próprio e até o temporal veio dar-lhe uma mãozinha para saír da crise em que estava mergulhado.Logo que este tenha o dinheiro na mão,veremos que porá o Socrates e o governo da Republica "abaixo de cachorro".Cumprimentos

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Vi a entrevista com interesse. Apesar da compostura e do fato com gravata, nada mudou. Quem não concordar com o Presidente do GR continua a ser insultado e enxovalhado.
No fundo, esta tragédia também serviu de desculpa para calar tudo e todos. A tão propalada união não passa de uma tentativa de subjugar toda e qualquer oposição. Foi assim com Salazar e a guerra colonial, é assim aqui e agora.
E será que este namoro com Pinto de Sousa vai durar muito?

PAULO CAFÔFO disse...

Caro André Escórcio,
Essa foi uma entrevista lamentável, onde até a Judite Sousa esteve muito mal. Mas será que aquele senhor intimida toda a gente? A realidade é que o Presidente do Governo continua a assobiar para o lado, como se nada fosse consigo, pois parece que agora a culpa é do Salazar (apetece dizer “Com que então…!). A culpa não pode ser só da chuva. É certo que em qualquer sítio e com aqueles índices de pluviosidade era inevitável não haver destruição. Mas também é certo e por demais evidente, que têm sido cometidos erros de planeamento territorial. Passo a transcrever:
_"A Madeira não pode ser a mesma depois de 20 de Fevereiro. Tem que ser estrategicamente planeada para fazer face a este tipo de catástrofes".
"O perigo é continuar o estilo e o método de trabalho da Madeira "nova" e não querer parar para pensar."
Eng. Danilo Matos, ex-director do gabinete de planeamento da Câmara do Funchal
_ "Além disso, para minimizar os efeitos das cheias, diz ser necessária uma gestão cuidada dos canais de escoamento e políticas urbanas que impeçam a instalação de explorações agrícolas, habitações e armazéns nos leitos de cheia. Até porque "parte do que agora aconteceu é o resultado de 33 anos de Madeira "nova" - uma Madeira sem modelo, sem planeamento e governada para ganhar eleições."
Raimundo Quintal
_ "A cheia é um fenómeno intrinsecamente natural. O que aconteceu é um problema de desordenamento do território - e de incúria."
Engenheira civil Manuela Portela, professora do Instituto Superior Técnico e uma das autoras do Plano Regional da Água da Madeira-PRAN
São estes alguns dos “abutres” e “miseráveis” , os tais “doutores a mais neste país” que técnica e cientificamente têm chamado a atenção para questões que os políticos do poder têm feito “ouvidos de mercador”.
O que mais me preocupa é que nada se tenha aprendido, nem à custa de dezenas de mortes, centenas de desalojados e milhares de afectados pelas intempéries. E assim vamos e assim continuaremos num ciclo que se prevê de chegada de muitos milhões, muitas inaugurações e votos aos trambolhões.