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quarta-feira, 17 de março de 2010

OS PRIMEIROS SINAIS DO ESTOIRO


Um desporto ao serviço do desenvolvimento ou ao serviço da política?

Um pouco por todos os concelhos começam a ser denunciados os desconfortos no mundo associativo, face à necessidade de procederem a cortes nas transferências de verbas das autarquias para os clubes e associações. Hoje, o DN, dá conta da história de Câmara de Lobos. Sublinha o autarca: "(...) por aquilo que me parece, se eles (Cª Lobos e Estreito) estão a ter dificuldades, não é em sustentar estas actividades (formação e desporto para todos). É em sustentar actividades profissionalizadas que não é para aí que se canalizam nem devem canalizar os nossos apoios. Se é isso que estão a fazer, estão a fazê-lo erradamente".
Tardiamente, mas estão a chegar à realidade. É que, há três anos, na Assembleia Legislativa da Madeira, apresentei um Projecto de Decreto Legislativo Regional subordinado ao seguinte título: "Estabelece as bases da Actividade Física, do Desporto Educativo Escolar, do Desporto Federado e aprova o regime jurídico de atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira". Este projecto foi liminarmente chumbado. No extenso documento, no Artigo 57º pode-se ler: "O financiamento público ao desporto visa, prioritariamente, contribuir para a generalização da prática desportiva, a elevação do bem-estar e da saúde das populações, a ocupação salutar dos seus tempos livres, o acesso ao espectáculo desportivo, o combate às desigualdades, dificuldades e constrangimentos resultantes da insularidade, a coesão social e a integração
nacional e internacional através dos praticantes madeirenses individuais ou integrados em equipas de alto rendimento desportivo".
No Artigo 58º: "Os clubes desportivos participantes em competições desportivas de natureza profissional ou com praticantes que exerçam a actividade desportiva como profissão exclusiva ou principal, sujeitas ao regime jurídico contratual, não podem beneficiar, nesse âmbito, de apoios ou comparticipações financeiras por parte da Administração Regional Autónoma e das autarquias locais, sob qualquer forma, salvo no tocante à construção de infra-estruturas ou equipamentos desportivos e respectiva manutenção, reconhecidas pelo membro do governo que tutela a área do desporto, no quadro do interesse público".
Repito, o documento foi chumbado e politicamente "metralhado" embora sem qualquer fundamento. A resposta está aí, falências por todo o lado, um associativismo excessivamente dependente e com imensas dificuldades de sobrevivência. Mesmo sem a crise económica e financeira todos sabíamos que o resultado do monstro criado só poderia chegar ao ponto que chegámos. Só que isto não vai ficar por Câmara de Lobos. A loucura despesista do IDRAM, com transferências atrasadas, dizem-me alguns dirigentes, na ordem dos 3-4 anos, obviamente, que trará consequências e conduzirá, naturalmente, à revisão de toda a sua política no sentido de um desporto ao serviço do desenvolvimento e não da política.
Mas há que anos se diz isto!

2 comentários:

Anónimo disse...

A equipa do C lobos é formada somente por madeirenses.,e a maioria é natural de c .lobos e o Estreito está a fazer um bom trabalho nas camadas jovens.O problema é que o Arlindo e os presidentes dos clubes visados não se gramam.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Essa situação que narra acredito que seja verdadeira. Mas o problema é outro, é muito mais profundo e ultrapassa o concelho em questão. O problema é de política desportiva para toda a Região Autónoma. Convirá o meu leitor que nós somos uma Região pobre, dependente e cheia de problemas sociais para resolver. Nós não somos a Catalunha (Barcelona), Madrid, Manchester ou Milão, com toda a riqueza que os envolve. Somos pequenos. Muito pequenos. Daí que a nossa ambição tenha de ser comedida. O problema reside aí. Não podemos dar ao luxo de fazer estádios e mais estádios, assumir um profissionalismo face ao qual não temos possibilidades de o suportar, a não ser através do financiamento público. Penso que a nossa tarefa enquanto madeirenses e no quadro em que nos inserimos, é a do investimento na escola, cujo desporto, apesar do entusiasmo dos seus professores, anda pela via da amargura.