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terça-feira, 27 de abril de 2010

MAIS UMA CONFIRMAÇÃO DA POBREZA


O problema é que continua a se confundir crescimento com desenvolvimento. São dois aspectos distintos que o governo teima em confundir. Por motivos eleitoralistas e de manutenção do poder, obviamente.

Dados do Instituto Nacional de Estatística dão conta que a Região Autónoma da Madeira desceu oito lugares no Índice Global de Desenvolvimento. Infelizmente, nada de estranhar, e com muito lamento o digo, tendencialmente, julgo que a situação tenderá a piorar. Porque a realidade é esta: não basta ter vias rápidas, muito consumo de cimento e muitos automóveis vendidos. Não é por aí que se avalia. As três dimensões, riqueza, educação e esperança média de vida, oferecem-nos uma ideia do bem-estar da população. Ora, com uma região economicamente pobre (e com muita pobreza) e com um sistema educativo frágil é óbvio que o nosso ID corresponda a um valor baixo. Mas, curiosamente, temos uma rede de estradas invejável!
A propósito, não tem muitos anos, visitei a Noruega. Um país com uma notável riqueza ao nível dos seus recursos. Era (penso que ainda é) o sétimo país exportador de petróleo, riqueza que se extende ao gás, hidroelectricidade, minerais e florestas. No entanto, os túneis são, na sua maioria, tenebrosos, as auto-estradas só existem à saída dos grandes aeroportos e logo terminam. Para fazer 200 km. gasta-se mais de quatro horas e ninguém se atreve a exceder os limites de velocidade. Em 2009 foi considerado pela ONU como o melhor país para viver. A estatística diz-nos que um em cada quatro tem um barco em uma marina. Em contraponto, embora só se possa comparar o que comparável (país a país ou região a região) atrevo-me a estabelecer algumas comparações com a nossa Região. Temos uma rede de estradas invejável, túneis onde por eles se passa como se de dia estivesse, cimentização da paisagem de arrepiar, mais de 100.000 automóveis (uns atrás dos outros, proporciona-nos uma fila entre Lisboa e Viana do Castelo), anda-se a velocidades estonteantes em uma terra de 55 km por 24 km, todavia, temos 30% de pobres, asfixiantes dívidas, desemprego e um futuro que, para já, é muito preocupante.
Ora, o que aqui está em causa é uma questão de respeito pelas prioridades. Quando elas são escrupulosamente cumpridas, obviamente, que o índice de desenvolvimento melhora. O problema é de economia e da confusão que continua a se fazer entre os significados das palavras crescimento e desenvolvimento. São dois significados distintos que o governo teima em confundir. Por motivos eleitoralistas e de manutenção do poder, obviamente.
Nota:
Acabo de ouvir (RDP) o Dr. Carlos Estudante, julgo que preside à Agência de Desenvolvimento da Madeira, dizer que "tem dificuldades em perceber" este estudo que coloca a Madeira na situação apresentada pelo INE. Pois é, a questão é saber para que serve esta Agência! Se é para camuflar a realidade talvez fosse melhor não ter actividade. Aqui, o que está em causa, é se debruçar sobre o paradigma de desenvolvimento, estudar as variáveis que a ele conduzem e verificar se aquilo que por aqui se anda a fazer corresponde ao significado da palavra desenvolvimento (qualidade). A Agência talvez pudesse dar um grande contributo se fosse reflexiva. Mas eu sei que não pode. Nem necessário se torna explicar os motivos!

2 comentários:

Luis Calhau disse...

Sr. Deputado

Para si, deixo a resposta dos seus camaradas Açoreanos.

http://www.acores.net/noticias/view-38865.html

Como verá, é bom colar aos Açores para descolar logo a seguir. É bom valorizar um índice para logo depois, os por si tão elogiados, o desfazerem por completo.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
É uma leitura possível. Pessoalmente, não concordo. Relativamente à Madeira, os indicadores, convirá, certamente, que não são nada favoráveis.