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segunda-feira, 10 de maio de 2010

A ARTE DE CONFUNDIR

Tudo o que está bem feito foi eu que fiz e que tudo o resto pertence ao antigamente!!! E quando é assim, não há espelho que valha. Talvez, um espelho meu, espelho meu, há alguém melhor do que eu?

Eu tenho como princípio que antes de um político falar (ou qualquer pessoa) deve, primeiro, passar pelo crivo do espelho. Penso que se trata de um princípio importante para que não se cumpra o "bem prega Frei Tomás...". Ora, quando o presidente do governo regional sublinha que "(...) Portugal está demasiado sobrecarregado de impostos e quanto maior for a carga de impostos, menor será o investimento e o emprego pelo que isto tem de ser feito sobre o ponto de vista do corte na despesa", com toda a certeza que não passou pelo espelho lá do palácio, nem reflectiu, por isso, o significado das suas palavras, encaixam-se à luz do tal Frei Tomás. Ele, presidente, que tem possibilidades de criar ou de reduzir impostos, nunca o fez, mesmo quando o desemprego disparou para uma taxa real de 12,1%, tampouco, pergunto, quais têm sido as suas tentativas no sentido de uma consistente redução da despesa? O que a História nos diz é que tem sido sempre a andar em função dos calendários eleitorais e todos os alertas, na sua própria expressão, "têm ido de carrinho".
Depois, falou (hoje) que o País "tem muito organismo inútil que o chamado espírito do 25 de Abril e o caminho para o socialismo criou e é por aí que se começa a cortar". E os organismos inúteis que na Madeira foram criados apenas para gerar empregos, não trabalho, à clique dominante? Então, dir-se-á que o corte terá de começar também por aqui, pela duplicação de serviços, pelas direcções de serviço, pelas chefias de divisão, pelos chefes de si próprios, enfim, pelos lugares que multiplicam, burocraticamente, aquilo que a vida exigia simplificação. Isto é, cortar onde há despesa inútil, cortar na megalomania e cortar em obras que nada acrescentam e que bem podiam e podem esperar.
Só que o presidente não olha para si próprio. Eu sei, eu sei que já foi dito que tudo o que está bem feito foi eu que fiz e que tudo o resto pertence ao antigamente!!! E quando é assim, não há espelho que valha. Talvez, um espelho meu, espelho meu, há alguém melhor do que eu?
NOTA:
Leio que o presidente do governo da Madeira questionou o eventual "excesso de fundamentalismo" relativamente à nuvem de cinzas vulcânicas. Terá solicitado a averiguação, "se não haverá nisto um excesso de fundamentalismo ou se de facto as medidas se justificam" (...) "porque vamos ter de encontrar soluções porque a Europa não pode andar pendente daquele vulcão que tem um nome esquisito qualquer".
Isto é risível, ou melhor, é falar por falar. Eu que estou retido, desde ontem, no Porto, e só terei possibilidades de chegar ao Funchal na próxima Quarta-feira, é obvio que não troco a minha segurança por um qualquer aventureirismo. Será que o presidente, pessoa com responsabilidade política, quando fala não pensa no que diz? Será que não pensa que há regras de segurança a cumprir, que há cientistas a opinar e milhares de técnicos a seguir este despertar da natureza? E quais as medidas a tomar pela Europa, face a uma ilha onde o avião é a única alternativa possível. Será que está tão adiantado que já aventa a possibilidade da teoria da "desintegração humana", isto é, num ápice o corpo deslocar-se-ia de um lugar para outro?
Ilustração: Google Imagens.

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