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domingo, 20 de junho de 2010

AS ATITUDES FICAM COM QUEM AS PRATICA



"O médico que só sabe de Medicina nem de Medicina sabe". Parafraseando, o notável Professor Abel Salazar, por aproximação, eu diria do Professor Cavaco Silva que quem apenas sabe de economia e finanças, nem de economia e finanças sabe.


A ausência do Presidente da República nas cerimónias funebres do Escritor José Saramago, caracteriza bem quem o Povo escolheu para o cargo de mais alto Magistrado da Nação. Esta atitude, inqualificável, trouxe-me à memória as palavras do Professor Doutor Abel Salazar (1889/1946), Catedrático de Histologia e Embriologia, que um dia sublinhou: "O médico que só sabe de Medicina nem de Medicina sabe". Parafraseando, o notável Professor, por aproximação, eu diria que quem apenas sabe de economia e finanças, nem de economia e finanças sabe.
O Presidente da República cumpriu o serviço mínimo exigido, isto é, assinar um documento de "elogio" fúnebre, naturalmente elaborado pelos seus assessores, explicado mais tarde pelo Professor Marcelo Rebelo de Sousa, Conselheiro de Estado, que "(...) ele não está presente fisicamente, mas está presente espiritualmente, representando os portugueses. Eu penso que a mensagem do Presidente é mais importante do que a sua presença". Absolutamente, inacreditável.
É este presidente que recebe a selecção de futebol de Portugal antes da partida para o Mundial, que transmite um sinal de a "cultura da bola" é mais importante que uma última homenagem a um Homem, único Nobel português da Literatura, e com uma dimensão universal. No fundo cola-se à ideia lançada na edição de hoje do "L’Osservatore Romano", jornal do Vaticano, que considera Saramago um "populista e extremista” de ideologia anti-religiosa e marxista. Cola-se, de forma medíocre, baixa e sem nível, porque, no seu pensamento, esta é uma leitura pessoal, por um lado, tem os olhos colocados nas eleições de Fevereiro próximo e, porventura, quer agradar a alguns sectores da Igreja Católica, por outro, mostra-se incapaz, enquanto Presidente de todos os portugueses, esquecer erradas e ignorantes questiúnculas antigas enquanto Primeiro-Ministro (a célebre e infeliz posição do sub-Secretário de Estado Sousa Lara que vetou a candidatura do livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", a um prémio literário", apadrinhada por Cavaco Silva.
Pelo Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa passaram, ao longo do dia de ontem e manhã de hoje, ex-presidentes da República, ministros, a Vice-Presidente do Governo de Espanha e políticos em geral, só se verificou a falta do mais alto representante do País. Se dúvidas não tinha, com esta atitude, definitivamente, assumo que não merece o lugar que ocupa e, por isso, o melhor que faria era não recandidatar-se à Presidência. Pessoalmente, quero em Belém um Presidente que a todos nos representente, de forma independente e distante de rancores. E por aqui fico, do muito que me apetecia dizer.
NOTA 1:
À minha grande Amiga Violante e seu marido Danilo Matos, um forte abraço de grande solidariedade neste momento díficil na gestão das emoções.
NOTA 2:
O Presidente encontra-se de férias nos Açores. Lembro que interrompeu as férias, há dois anos, para fazer uma declaração política relativamente ao Estatuto Político-Administrativo dos Açores. Curioso... não soube agora interrompê-las por razões de Estado!

3 comentários:

António José Trancoso disse...

Caro André Escórcio
O actual,e ainda,Presidente da República,provou não o ser de todos os Portugueses.Diga o que disser,convencido de uma audiência pacóvia.
Que a Obra e a Corajosa Postura de Saramago sirva de exemplo aos escritores, deste tão maltratado País,na denúncia da hipocrisia dos tartufos.
Uma boa semana para si.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Concordo, totalmente.

Castelhano disse...

Sem prejuizo da obra, apreciada por muitos, a postura de Saramago extermista, amargurado, revoltado, negativista sempre foi CONTRA Portugal. Disse várias vezes que se refugiava em Lanzarote para se distânciar de Portugal. Tinha as suas opiniões. Temos que respeita-las. Mas ser cínico na morte é coisa que não cai bem a ninguém. Nem Cavaco nem Portugal teriam mais que fazer a sua anotação de respeito pela obra. Quanto ao resto, fica para a familia, para os amigos e para os apaniguados comunistas.
Foi clara essa posição, nos testemunhos no funeral ("a luta continua...").
Cavaco cumpriu o seu dever de Estado. Não tem que ir mais longe...