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quinta-feira, 3 de junho de 2010

A PROPÓSITO DE CONDES E VISCONDES


Olho para estes governantes e vejo-os subjugados, sem coluna, anestesiados, conformados, sem alma, sem doutrina, sem valores e vendidos a um lugar que nada vale quando exercido da forma como o fazem.


A percepção que tenho da situação política na Madeira é que caminhamos, em movimento acelerado, para um quadro muito preocupante, de conflito social e de extrema perturbação política. Se conjugarmos os vários indicadores disponíveis e visíveis (desemprego, pobreza, tecido empresarial, dívida pública e incapacidade do governo no acesso ao crédito) infelizmente, sou levado a crer que tempos muito complexos se avizinham. Aliás, a crónica falta de serenidade do presidente do governo regional, a sua permanente fuga para a frente, a sua incapacidade para reflectir, falar a verdade e reajustar (se ainda é possível) as políticas aos novos tempos, está a atingir o fim da linha. Isso demonstra-se com as últimas atitudes: o caso da saúde oral que determinou a imediata exclusão de uma médica, quando conjugado com o recado, tipo bilhar às três tabelas, onde falou de "condes e viscondes" e de "deportação" quem não obedecer, porque "quem manda sou eu".
Esta forma de actuação não tem nada de humor circunstancial que pudesse proporcionar os risos dos presentes na cerimónia. Mas riram. Aquelas palavras foram intencionalmente ditas. Destinaram-se a amedrontar, a gerar o medo, a manter a cenoura na ponta da vara, a estreitar, cada vez mais, o diálogo. Os condes e viscondes são os secretários, os directores regionais, os presidentes dos institutos, os directores de serviço, os chefes de divisão, os presidentes de Câmara, enfim, todos os que estão sob a sua alçada. Não se atrevam, quis o chefe dizer, porque se o fizerem a "prateleira" é o vosso lugar de destino.
Isto acontece e acontecerá, cada vez com maior frequência, à medida que a instabilidade e os desconfortos políticos e sociais aumentarem. Até o dia que o Povo determine um BASTA. Aí, tal como ciclicamente reflecte a História da Madeira, a Revolta acontecerá. Dessa vez a farinha será outra!
Preocupa-me esta situação. Olho para estes governantes e vejo-os subjugados, sem coluna, anestesiados, conformados, sem alma, sem doutrina, sem valores e vendidos a um lugar que nada vale quando exercido da forma como o fazem. Sou contra todos os actos ditatoriais, todos aqueles que pensam que têm a coroa na cabeça e que governam como querem e entendem. Lamento, mas isto vai dar para o torto. Restam-me poucas dúvidas, se, a tempo, a população não acordar desta longa sonolência.
Ilustração: Google Imagens.

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