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quinta-feira, 29 de julho de 2010

PROFESSORES, ACORDAI DESTE PESADELO...

O sistema é muito mais do que inaugurações, hinos e discursos de circunstância. A Escola é o que lá se faz e os resultados que apresenta na Educação e Cultura de todo o Povo. Aí, estamos a décadas! Será que não enxergam?


Folgo ver a Educação no centro do debate político. E fiquem sabendo alguns, a quem a ignorância interessa, que não me calarei. Simplesmente porque não me conformo nem com a mentira, tampouco com a continuada traição aos educadores e professores que aqui trabalham e com a mistificação política de empurrar para a República um problema que constitui matéria de interesse específico da Madeira.
O governo e a maioria parlamentar do PSD-M deveriam, mas não assumem, que uma nova organização do sistema não depende do Ministério nem da Constituição da República; que a existência de escolas com uma arquitectura adequada, um equilibrado número de alunos e um bom rácio professor/aluno não dependem do ministério; tal como a desburocratização do sistema, libertando a escola da tralha onde o essencial perde em relação ao acessório; a organização dos tempos curriculares e dos procedimentos pedagógicos, o trabalho social a montante das escolas e as políticas de acção social educativa, não dependem do ministério. Mais, uma verdadeira autonomia das escolas, suportada em uma identidade própria, a definição de um sentido de missão compaginado com a sua vocação; a criação ou adaptação inteligente da legislação; a colocação do aluno no centro das políticas educativas, inclusive, a definição de princípios e valores que estão muito para além do Estatuto do Aluno; mais escola pública e maior prioridade orçamental; a gratuitidade do ensino; o desporto educativo escolar, enfim, tudo isto não depende nem do ministério nem da Constituição. Mais, ainda, a ligação da escola à família que implica uma actuação integrada e multi-factorial; um bom Estatuto da Carreira Docente, um sistema de avaliação baseado em uma "cultura de desempenho"; a formação inicial dos docentes e o seu acompanhamento nos primeiros anos de leccionação; já agora, a contagem do tempo de serviço congelado para efeitos de reposicionamento nos actuais escalões e essa iníqua prova pública de acesso ao 6º escalão, entre tantos aspectos, não dependem da Constituição nem da Ministra da Educação. Tudo isto depende da Madeira autónoma e do seu Governo.
É por isso que o Estado da Educação na Região é de falência. É o resultado de 36 anos ininterruptos de um só partido com essa responsabilidade. Está aos olhos de qualquer pessoa, nas palavras e no sufoco sentido pelos professores e nos alertas dos parceiros sociais. Estamos a pagar a ausência de projecto, a ausência de qualificação profissional, o desacerto entre a frágil formação dos nossos jovens e as necessidades deste tempo novo, exigente, onde tudo tem de ser construído com qualidade, com rigor, com disciplina e com projecto de cunho humanista. Estamos a pagar a factura da incompreensão e da teimosia partidária, o modelo absoluto, a verdade absoluta, a arrogância absoluta que deriva de uma maioria auto-suficiente, compaginada com uma Secretaria Regional da Educação e Cultura, incapaz de perceber que um sistema quando se fecha sobre si próprio é gerador de galopante entropia. Um sistema que não comunica, avesso a dar e a receber, que chumba todas as propostas da oposição, que não permite adaptações conceptuais, é óbvio que morre, lentamente. Morre, porque vê a Escola pelo prisma da construção civil, pelos estabelecimentos construídos ou redimensionados, o que corresponde a uma visão trolha do sistema. O sistema é muito mais do que inaugurações, hinos e discursos de circunstância. A Escola é o que lá se faz e os resultados que apresenta na Educação e Cultura de todo o Povo. Aí, estamos a décadas! Será que não enxergam?
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Espaço do João disse...

Meu Caro Amigo.
Se me permite, vou discordar um pouco do seu artigo.
Cultura, Educação e Instrução, por muito paradoxal que pareça,deveriam ter um parêntisses entre si. A cultura e a instrução deveriam ter um ministério apropriado. Agora a Educação,só com um magistério para os pais. Educação vem de casa e, se seus pais não tiverem educação, nada feito. Os professores perderam toda a respeitabilidade,até chegam a ser agredidos, pois os pais além de não serem educados ainda constituem exemplo aos filhos para a falta de educação para com os professores. Quantos indivíduos teem uma educação esmerada, pouca cultura e, até alguns nem sabem ler ou escrever? Eu digo isto, porque fui Formador Profissional e, sei bem que além de ninguém ser obrigado a fazer formação profissional mesmo assim deparei-me com situações aberrantes que me obrigaram a tomar posições determinantes para que certos instruendos fossem passear por outras áreas.
Um abraço de compreenção. João

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Ainda bem que discorda, pois esse é um excelente sinal de uma cultura democrática. Há uns por aí que têm a verdade absoluta. Não é certamente o nosso caso.
É verdade que há uma necessidade de uma outra política de família, com novas exigências que conduzam à responsabilidade. Ser pobre não significa que seja mal educado, até porque, na vida docente, encontrei os piores casos em "meninos" filhos de classes sociais favorecidas.
Todavia, o problema que abordei é o da Escola enquanto instituição e o dos professores em particular, no quadro da política regional, onde em vez de se utilizar e bem a AUTONOMIA, resolve-se despachar tudo para a República. Para que serve, então, a Autonomia?
Um abraço.