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domingo, 15 de agosto de 2010

PSD À PROCURA DA INSTABILIDADE GOVERNATIVA


Se o seu objectivo foi denunciar ânsia de poder a qualquer preço, penso que ontem deu um passo de gigante. Só que essa ânsia de poder arrastará o País para um quadro de ainda maior instabilidade.


Da intervenção de ontem à noite, no Pontal, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, pareceu-me apostado em romper com a necessária estabilidade política. Eu diria que se tratou, aqui e ali, de uma intervenção muito pouco responsável, em função do quadro político extremamente difícil que o País atravessa. Se o seu objectivo foi denunciar ânsia de poder a qualquer preço, penso que ontem deu um passo de gigante. Só que essa ânsia de poder poderá arrastar o País para um quadro de ainda maior instabilidade.
Um governo saído de eleições há pouco mais de um ano precisa, obviamente, de uma oposição fiscalizadora mas sensata, atenta mas responsável. O País não suporta, em função do quadro político internacional e das suas próprias debilidades internas, um longo período de indefinição e de gestão corrente. Até porque, pelo que se conhece das sondagens, uma das possibilidade mais plausíveis é que do resultado de um hipotético acto eleitoral antecipado, é o do quadro político se manter sensivelmente no mesmo.
Por outro lado, não deixa de ser curiosa a instabilidade ou ausência de coerência discursiva do líder do PSD. Ainda, recentemente, a propósito da revisão constitucional, defendeu uma política liberalizadora dos despedimentos e uma nova, substancial e negativa visão dos sistema de saúde e de educação, mas ontem, já veio transmitir uma ideia que não é bem assim e, segundo o PÚBLICO, a condição para a viabilização do Orçamento de 2011, consubstancia-se em "não haver aumento de impostos de forma directa ou indirecta, nomeadamente através das deduções fiscais na área da saúde e da educação" nem “de utilizar mentiras”, ao dizer que o PSD quer acabar com o Sistema Nacional de Saúde ou liberalizar os despedimentos”. "O PSD não vai pactuar com isso. O aviso está feito e é muito claro. O Governo tem agora tempo para produzir uma proposta", acrescentou.
Penso que está dado o mote para uma pressão que conduzirá ao conflito político. Parece-me existir, neste processo, uma manifestação de interesse em, rapidamente, chegar ao poder, julgo eu, por força da pressão existente no interior do PSD. O tiro pode sair-lhe pela culatra, até porque não vi, até hoje, da parte do líder do PSD, qualquer proposta e em qualquer área, susceptível de constituir uma verdadeira e estruturada alternativa de poder. O que me "cheira" é um cansaço, de muita gente, que não aguenta mais tempo fora de uma qualquer cadeira.
Vamos lá ver, na próxima semana, aqui pela Madeira, por ocasião do Dia da Cidade, se ele vem tecer, junto do seu subordinado no interior do PSD, o Dr. Jardim, o elogio à política deste, depois de várias posições que denunciaram mais afastamento do que proximidade política. Mas, na política, com alguns protagonistas, tudo é possível. Veremos.

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