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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

IGNORÂNCIA ATREVIDA


Se multiplicarmos essas 6000 retenções por € 3.000 a 4000,00 por aluno, temos uma cifra de € 18 a 24.000.000,00, de dois em dois anos, desperdiçados no insucesso.


Hoje, o DN-Madeira (aqui e aqui), analisa a questão da retenção escolar, vulgarmente, conhecida por "chumbo". E analisa de forma muito interessante. A Jornalista Raquel Gonçalves deu-se ao trabalho de verificar e descobrir, nos sítios da internet da Secretaria Regional da Educação e Cultura, entre formas escondidas e habilidosas de dizer a verdade, que, aproximadamente, 6000 alunos não conseguem o desejável sucesso. Um número espantoso que significa que 13,6 a 15% dos estudantes a partir do 1º ciclo, ficam retidos.
Ora, se multiplicarmos essas 6000 retenções por € 3 a 4000,00 por aluno/ano, temos uma cifra de € 18 a 24.000.000,00, de dois em dois anos, (o ano do chumbo mais o ano da repetência) desperdiçados no insucesso. Isto, no que diz respeito aos custos directos, porque nos indirectos, aqueles que ficam para a vida, por ausência de formação adequada, têm um efeito multiplicador difícil de quantificar. Para além do mais, face a uma percentagem daquelas e aos valores a que se chega, a pergunta que também fica é a de saber quantos alunos se situam no limiar da retenção e, portanto, com graves insuficiências para uma boa resposta à continuidade dos estudos e à qualificação que a vida profissional hoje exige.
Então, questiono, não será mais barato e vantajoso investir logo aos primeiros sinais, mas de uma forma consistente? Não será mais adequado ao invés de "gastar" aquela fortuna anual, "investir" em processos de rigor e que conduzam à excelência? Não será melhor não persistir no erro e alterar o conceito de Escola, a sua organização, externa e interna, a parte curricular e programática e retirar da escola a designada TRALHA que só prejudica o sucesso? Mas será difícil perceber isto e, ao invés de caminhar no sentido correcto, do investimento que gere qualidade, despachar o assunto pela via mais fácil... chumbo para quem não sabe?
Confirma-se que a ignorância é realmente atrevida!
Nota: Acabo de corrigir os valores, uma vez que o valor de 3 a 4000,00 Euros, referem-se ao ano do chumbo mais o ano da repetência.
Ilustração: Google Imagens.

8 comentários:

Contador disse...

Essa poupança, a efectivar-se, condizirá à desnecessidade de cerca de 600 professores no sistema...
Porque os 18 a 24 milhões são, em 90%, custos com pessoal.
Ou então, se não for assim, não haverá poupança alguma.

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Plenamente de acordo se esquecermos que as alternativas apresentadas ao chumbo serão apenas para inglês ver. Todos sabem que, como bons latinos que somos, passados os entusiasmos iniciais, ninguém terá aulas de compensação ou outras medidas consagradas pela Lei. Quanto mais não seja, porque tal tem custos que os governos, independentemente da cor política, não vão poder (ou nem sequer quererão) suportar.
É preciso entender um "pequeno" pormenor: por esse mundo fora (nem sei se há excepções), quem manda não são os governantes. Estes são apenas títeres manipulados por uma extensa cadeia de interesses que, em última análise, vai acabar no grande crime organizado...

No que se refere ao Ensino, o que se passa é que, segundo o princípio basilar de que não há galinhas gordas por pouco dinheiro, o que se está a praticar (com todos estes esquemas de chumbos ou não chumbos, avaliações de professores, etc.) é um mero embuste para iludir os incautos, por mais bem intencionados que sejam. A verdade é esta: os pobres vão continuar fatalmente a não ter acesso a um ensino que mereça esse nome. Este está reservado apenas a quem possa pagar bem.
Os que mandam nisto tudo não querem saber de misérias. Só podem criar riqueza (para eles) com uma população suficientemente estupidificada para se deixar espremer nos locais de trabalho para depois ser depenada nos locais de consumo. E isto é apenas para os que conseguirem emprego, porque para os outros…
E, já agora, não podemos esquecer que também não há carne para canhão de outra forma. Morrer pela Pátria vai continuar a ser uma honra exclusiva dos famintos.
Reduzindo ao absurdo, poder-se-á dizer que num país de doutores não há quem cultive as batatas e os feijões que fazem enriquecer os detentores do poder.
Posto isto, não podemos desanimar. Há que denunciar até à exaustão este esquema diabólico que, cada vez mais, engole mais e mais cidadãos.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Não é isso, meu Caro. Deixa-se de perder 18 a 24 milhões e ganha-se em sucesso. Não há professores a mais, o que existe é sistema educativo a menos, como já alguém o afirmou.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário, Caríssimo Fernando Vouga. Deixou muitas pistas para reflexão. Obrigado.

Contador disse...

Rodeou a questão. Deixa de perder 18 a 24 milhões que se perde em ... 600 professores. Não há volta a dar pois dois terços do custo da educação (e desses alunos chumbados no sistema) são remunerações e trabalho docente.
Deixa de perder 18 a 24 milhões e elimina trabalho docente no valor de 2/3 desse total.
Se não for assim, não poupa nada...

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário.
Desculpar-me-á que o diga, mas continua a laborar no erro. Os professores são os mesmos, os encargos diversos é que são outros. Na contabilização não entra apenas o encargo com os professores, entram, também, os custos de funcionamento, a Acção Social Educativa, entra tudo quanto é colocado à disposição do aluno.
E, depois, apenas mais uma coisa, o encargo mais significativo é o da ignorância que muitos transportam para a vida. Se bem percebi, pelo seu raciocínio, parece desejável manter o sistema como está, pois permite mais emprego, embora o sistema não produza qualidade. Espero que o seu raciocínio não seja este e que a minha leitura esteja errada.

Contador disse...

Desculpe mas labora você no erro...
Os custos com a Educação são, 2/3 custos com professores, mais 20% com outro pessoal. Tudo o resto, incluindo funcionamento e Acção Social são 10 a 15%. Nada mais.
Se elimina chumbos, reduz os anos de presença dos alunos no sistema, no exacto número de anos (que deixam de ser) chumbados. Os professores não são os mesmos. São menos. Se não, não haverá poupanças nenhumas (ou serão mínimas) como quer fazer crer. São mesmo menos 600 professores, na Madeira.
Não pode apontar poupanças e depois, manter os custos...
Já agora a sua Ministra socialista, ao dizer que 25/26 alunos por turma é número bastante bom, coloca (nessa matéria) o seu Regime no lixo. Se os socialistas não lhes ligam nenhuma nos sitios onde mandam e podem aplicar os seus ideais, como espera que outros o ouçam e levem a sério as suas propostas? Porque não começa por tentar impor o seu Regime (de que tanto fala) junto aos correlegionários socialistas nos sítios onde mandam e podem aplica-lo?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário.
Já percebi, prefere o insucesso ao sucesso. E também já percebi que se coloca numa posição meramente partidária. Eu não estou nessa. Estou preocupado com o futuro da Madeira que só pode ser garantido pela qualidade da Educação, da Cultura e pelas competências nos diversos sectores e áreas de intervenção profissional. Já o disse que dispo as minhas vestes partidárias quando discuto a Educação. Com ela não se brinca. Trata-se de um assunto demasiado sério.
Mas sobre este assunto, tenho que lhe dizer que todos os professores são necessários ao sistema e, porventura muitos mais. E mais: "se a Educação é cara, experimentem a ignorância", como há muitos anos é dito. É, por isso, que entendo que a Educação está primeiro que os gastos não prioritários e que não são geradores de riqueza. Apenas um exemplo: mais 45 milhões, segundo dizem, para um Estádio de Futebol. Dinheiro que muita falta faz à EDUCAÇÃO. Porque só através da Educação se consegue gerar riqueza e ter um produto que possa ser melhor distribuido. É o que tenho a dizer. E ponto final. Porque gosto de discutir com argumentos sérios. Ademais preocupo-me com a Madeira e não com o governo da República.