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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CONHECER A REALIDADE


Podia ter ido à História do Marítimo buscar a inspiração, poderia ter falado do notável percurso verde-rubro, da sua cultura popular, da sua vocação e da sua missão que até passou e passa pelo contributo na formação escolar, poderia ter abordado o seu inegável contributo na educação desportiva ao longo de dez décadas...

Não foi o primeiro nem será o último governante a passar por aqui a tecer considerações elogiosas à política regional. Agora, foi o Dr. Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto.
Li no DN: "(...) o Marítimo é um dos grandes clubes do país, para agradecer depois ao presidente do Governo Regional a contribuição para o desenvolvimento do desporto da Região, fazendo do Marítimo um dos grandes clubes nacionais. (...) Disse ainda que Jardim criou as condições para a Região ser mais forte no desporto e concluiu, afirmando que está pronto para "discutir e procurar condições para que o Marítimo possa continuar a evoluir e a crescer".
Ora bem, conheço o Dr. Laurentino Dias desde 1993, foi um dos que me entusiasmou na campanha autárquica desse ano. Temos mantido, desde então, uma relação política e de amizade. Tenho por ele consideração política e estima pessoal, mas, sinceramente, ontem, a avaliar pelas palavras ditas, desapontou-me. Podia ter ido à História do Marítimo buscar a inspiração, poderia ter falado do notável percurso verde-rubro, da sua cultura popular, da sua vocação e da sua missão que até passou e passa pelo contributo na formação escolar, poderia ter abordado o seu inegável contributo na educação desportiva ao longo de dez décadas, poderia ter falado do tempo fantástico em que os sócios eram os promotores do clube, estivessem eles aqui ou na emigração, poderia ter falado de tanta coisa, mas não, rendeu-se ao elogio da política desportiva errada que este governo regional segue.
Uma política subsiodependente, de milhões e milhões anuais para uma prática profissional, embora esta seja uma terra pobre, assimétrica e dependente; uma política sem norte na educação desportiva escolar; uma política que deixou a esmagadora maioria do associativismo afogado em dívidas; uma política que mantém a Madeira com uma taxa de participação desportiva na ordem dos 23%, o que significa que 77% não tem hábitos de prática física ou desportiva; uma política que continua a financiar em total desacordo com a Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto; uma política que gasta 40 milhões em um estádio e deixa as escolas com desesperantes dívidas pregadas no tecto. E muito mais que fica por dizer.
Meu Caro Laurentino Dias, há momentos que o melhor é não falarmos. Uma coisa é a presença institucional, outra, as palavras ditas sem sentido. Lamento. Por aqui fico, mantendo a Amizade de sempre.
NOTA:
Neste primeiro dia de aulas, pergunto, como é possível o presidente do governo regional, numa (re)inauguração de uma escola, frente a dezenas de crianças, instigá-las a se revoltarem contra o Diário de Notícias, julgo que a propósito da manchete do DN de hoje, que traça, correctamente, em números, a realidade do C. S. Marítimo? Que EDUCAÇÃO podemos esperar? Por favor, é demais, é tempo de sair de cena.
Ilustração: Google Imagens.

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