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terça-feira, 26 de outubro de 2010

COM QUE ENTÃO... FACILITISMOS?


Hoje, o Secretário da Educação afirma que a Região não entrou por políticas facilitistas, do tipo "todos passam". Mas, então, onde estão as políticas de exigência, quando os exames são nacionais, os critérios de avaliação são aferidos ao pormenor e os resultados não são satisfatórios? Mas, então, onde se enquadra essa história dos facilitismos, quando a Madeira regista as piores taxas de abandono? Que razões se escondem por detrás desta triste realidade? Oh Senhor Secretário, vamos lá deixar de fitas. O problema é grave, muito grave e testemunha o mais completo caos do sistema.

É uma política de fumo
esta da Secretaria de Educação 
Ontem, no Telejornal, ouvi as declarações do Secretário Regional de Educação, a propósito da muito complexa situação do Sistema Educativo da Madeira. A solo, claro, lá foi dizendo, com ar que transmitia incómodo, que importante era aguardar por um estudo de evolução das escolas da Madeira relativamente aos últimos dez anos. Só lhe faltou dizer que o relatório do Conselho Nacional de Educação era “redutor” e “enviesado” tal como foi salientado a propósito dos "ranking's" das escolas. Mas qual estudo, um daqueles que branqueie a realidade? Pago por todos nós para dizer aquilo que o governo quer ouvir?
Hoje, afirma, no DN, que a Região não entrou por políticas facilitistas, do tipo "todos passam". Mas, então, onde estão as políticas de exigência, quando os exames são nacionais e os critérios de avaliação são aferidos ao pormenor? Mas, então, onde se enquadra essa história dos facilitismos, quando a Madeira regista as piores taxas de abandono? Que razões se escondem por detrás desta triste realidade? 
Oh Senhor Secretário, vamos lá deixar de fitas. O problema é grave, muito grave e testemunha o mais completo caos do sistema. Podem queixar-se do Continente, podem atirar para lá todas as culpas, a verdade, porém, é que a Educação está regionalizada e desfruta de total controlo das políticas educativas. Se os resultados não satisfazem a culpa política tem responsáveis, pelo que não tem sentido sacudirem a água do capote das responsabilidades. A atitude mais correcta, politicamente elevada, seria a de enfrentar os problemas de frente, aceitar a realidade e partir para soluções adequadas.
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

Juca disse...

Prove essa do abandono. Onde está? Que números tem?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Estão publicados. No Jornal Público, com mapas e tudo, foram publicados com base em levantamentos estatísticos nacionais. Naturalmente com dados expedidos pela Madeira. Não são meus. Por favor, procure-os que os encontrará. Até fiz referência neste blogue.
Aliás, quando há índices de pobreza quanto os da Madeira, o abandono e o insucesso ficam de mãos dadas. Em qualquer parte é assim.
Uma família, repito, pobre não pode pensar a Educação com um horizonte temporal de 20 anos. Tem de pensar a vida ao mês e muitas vezes à semana. Porque há prioridades imediatas a satisfazer. As da alimentação, por exemplo.
Portanto, o problema não está em provar ou não o abandono, mais preocupado estou em saber se esta Escola é ou não atractiva, se esta Escola produz ou não resultados e quais os motivos que levam os jovens a saírem do sistema sem terem adquirido os patamares aceitáveis de conhecimento e de competências. O problema está aí.

Juca disse...

Encontrei os dados do insucesso. E das saídas do sistema depois da escolaridade obrigatória. Abandono na escolaridade obrigatória, nada. Penso até que não existe. Já que você não o encontra, seria de bom tom deixar de falar nele. Senão, perde todo o crédito.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Continue a procurar que vai encontrar, certamente.
Sabe, eu vou continuar a falar de insucesso e de abandono, embora isso custe ao governo e afins. Tenho esse direito e esse dever moral de não deixar que uma mentira repetida mil vezes passe por verdade.
O meu crédito, se o tenho, advém de preocupações que muitos não apresentam ter. Não gosto de brincar com assuntos que são muito sérios, são muito preocupantes e chocantes.
Ainda hoje, assisti a uma conferência do Professor Doutor Bruto da Costa. Sabe, entre 1995 e 2000 quantos madeirenses, em seis anos, pelo menos em dois, experimentaram a pobreza: 88%. E sabe quantos vivem em pobreza persistente? 30%.
Estas crianças estão na escola e abandonam, e têm insucesso, porque as políticas não estão orientadas para dar o peixe e a cana, em simultâneo. Sabe o que isto quer dizer? É evidente que sabe.
Não vale a pena esconder o que entra pelos olhos adentro.
Ouvi hoje: "mais pobre do que o pobre é aquele que não consegue olhar para a pobreza alheia".