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sábado, 30 de outubro de 2010

"DERROCADA DO CIMENTO" - UM NOTÁVEL ARTIGO DO JORNALISTA LUÍS CALISTO


Generaliza-se a derrocada do jardineirismo cimentado. Desponta à evidência o rotundo fracasso de políticas sociais, económicas e financeiras loucas, sem ponta de sustentação. Centros cívicos desproporcionais penam inactivos. Paga o povo. Estádios e pavilhões em freguesias a dez minutos umas das outras - paga o povo. Paga o povo porque alguém já recebeu. E a factura mais dolorosa ainda vem a caminho. Quem se lembra de inaugurações pomposas em parques industriais lançados para pasto de cabras? Paga o povo.

O Jornalista Luís Calisto
fica ligado à História,
pela denúncia inteligente
e perspicaz
"Desaba o betão levantado na 'Madeira nova'. Mas a argamassa mental resiste. Se as falências de empresas ocorressem com cerimónia fúnebre, a 'Madeira nova' andaria todos os dias de luto e os cangalheiros refulgiriam como novos-ricos da crise. Já longe dos empreendimentos megalómanos inaugurados com muita espetada, americano e discursos a esmagar os 'inimigos do desenvolvimento', chefe e sagitários do regime deveriam comparecer agora ao funeral de cada 'obra feita'. Com obrigação de carpir o conhecido discurso verborreico no elogio fúnebre à 'obra' finada.
O eleiçoeirismo de 30 anos só poderia levar ao velório que serve de transição para um período de nojo financeiro capaz de deprimir várias gerações do futuro.

O cimento! O cimento da 'Madeira Nova' e das suas minas gerais ruirá. Mais difícil, neste 'calar da desgraça', será resgatar a dignidade popular da argamassa de incultura e medo. Porém, "mesmo na noite mais triste, em tempo de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre ..."

O significado desta pose
com charuto
face ao desastre da sua política
Por enterrar apodrecem entretanto projectos da 'Madeira nova' que não atingiram o estatuto de 'obra feita', tendo-se extinto antes da gloriosa inauguração. Hotéis inaugurados a preceito, com discursos politiqueiros, caem hoje nas mãos dos bancos credores. Rua das Pretas, Rua dos Tanoeiros, Carreira, tantas outras de passado comercial glorioso, desenham a carvão uma capital fantasmagórica de montras forradas a papel de jornal crestado. Máquinas e camiões pastam nos estaleiros desactivados e em baldios. Construções inacabadas de cavername exposto jazem morbidamente em plena zona hoteleira.
O apregoado esplendor desenvolvimentista dá lugar a um montão de vigas e jactâncias encarquilhadas. A marina lá para oeste. Fóruns megalómanos como o de Machico onde funciona talvez um cabeleireiro. Ou o da Boaventura-Santa Cruz, com meia dúzia de automóveis nos parques e, que se veja, um ou dois cafés às moscas. Paga o povo".
NOTA
Excertos de um artigo de opinião que pode ser lido aqui.
Ilustração: Google Imagens.


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