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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

HÁ QUALQUER COISA AQUI DE IVAN PAVLOV


Ora, um homem que se posiciona desta maneira não é um democrata mas um capanga, um descerebrado, um imbecil. Ainda por cima quando se trata de uma candidatura à Presidência da República, em que os partidos políticos devem manter distância, respeitando a vontade individual dos cidadãos. Mas é assim, o dia-a-dia político de certa gente assenta no condicionamento das consciências, em gerar o medo, em controlar a informação e a comunicação, em manipular, confundir e até impedir que outras verdades sejam ditas.


Vamos lá, sejam honestos, meus senhores. Esta é uma Região Autónoma, tem órgãos de governo próprio, tem Estatuto próprio e tem orçamento próprio. E, portanto, não há que fugir deste quadro, ignorando o que se está a passar, falando para fora quando o problema está cá dentro, palrando sobre o Orçamento de Estado quando o problema é de Orçamento da Madeira, desviando as atenções para a revisão da Constituição quando o problema é de cumprimento das obrigações perante o Povo da Madeira. Lamentavelmente, descendo tão baixo, trocando o Orçamento de Estado pelo sim à revisão constitucional. Isto não é sério, meus senhores, não é honesto e explica o estado de falência dos princípios e dos valores em que se funda esta governação regional. 
É triste ouvir, repetidamente, na Assembleia Legislativa da Madeira, discursos contra o Governo da República ignorando as responsabilidades políticas que incumbem a quem foi eleito na Região. Parece que não têm espelho para confrontar a sua própria loucura governativa, o desnorte nos planos da dívida pública regional, o desemprego, a pobreza, a situação confrangedora em que se encontra o sistema regional de saúde, o sistema educativo que não responde às necessidades, enfim, repito, parece que esta gente que governa não tem um espelho à sua frente. É tempo de começarem a "remar para terra" como por aí se diz.
Mas esta lengalenga do poder tem a sua razão de ser. O poder, intencionalmente, aliás, como já bastas vezes aqui escrevi, foi escolarizado e configurado para ter uma só resposta. Não foi educado para pensar, reflectir e responder de forma diversificada conforme as circunstâncias. Eu diria, de forma adequada. Há qualquer coisa aqui de Ivan Pavlov, em que que o "chefe" fala e a maioria, de forma condicionada, acredita e segue. A lengalenga é repetida todos os dias, cada vez em decibéis mais altos e mais graves, estridentemente, que abafa e limita todos os contrapontos que a Democracia exige. Há um quase absoluto controlo das mentes, onde a mentira campeia, floresce e ganha aos demais. Por um lado, foi a escola condicionadora e domesticada que criaram, por outro, a legião de capangas que montaram. Apenas um exemplo: esta manhã, um jovem casal, segundo depreendi ligado à juventude social democrata, entrou na sede do PS para retirar a "declaração de propositura da candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República", que dias antes tinha entregue. E porquê? Porque o presidente da Junta de Freguesia tinha sabido e exigido essa posição sob pena de virem a ter problemas.
Ora, um homem que se posiciona desta maneira não é um democrata mas um capanga, um descerebrado, um imbecil. Ainda por cima quando se trata de uma candidatura à Presidência da República, em que os partidos políticos devem manter distância, respeitando a vontade individual dos cidadãos. Mas é assim, o dia-a-dia político de certa gente assenta no condicionamento das consciências, em gerar o medo, em controlar a informação e a comunicação, em manipular, confundir e até impedir que outras verdades sejam ditas. Esta ausência de liberdade, este irracional sentido do medo acaba por ser pago, tarde ou cedo. Aliás, já está a ser pago, com acrescidos juros, quando se vê uma população que nada exige ao governo regional perante as medidas de austeridade definidas pela República. Cala-se e consente. Deveria manifestar-se, vir para a rua e exigir comportamentos políticos adequados susceptíveis de garantirem a resposta autonómica aos problemas resultantes de tais medidas. Pelo contrário (pelo menos, para já) remete-se ao silêncio, repete o que o "chefe" diz, não se dando conta que a aplicação cega de tais medidas na Madeira têm apenas como objectivo arrecadar receitas para continuar o regabofe inauguracionista. O Povo, aquele povo que está a passar mal, que lhe falta dinheiro para tanta responsabilidade, até para sua sobrevivência, esse povo que espere, porque, primeiro, estão os interesses da corte e do partido e, depois, logo se verá!
Este é o quadro em que tudo isto assenta, mas não perco a esperança, até porque, lá diz a sabedoria popular, "não há bem que sempre dure nem mal que perdure".
Ilustração: Google Imagens. 

2 comentários:

PAULO CAFÔFO disse...

Meu caro,
Na verdade já nada me espanta. Aos madeirenses é imposto um modelo político/social que desrespeita o homem, que o violenta e destrói na sua capacidade de pensar, na sua inteligência, e no modo próprio de ver o mundo pelos seus olhos e não pela visão de outros.
E a maior parte deixa que isto aconteça a si e aos outros, e nada faz para contrariar. Aceita como se esta situação fosse uma fatalidade, como se não houvesse outro caminho para além desta conformidade dominante. Estão anestesiados por este totalitarismo paralisante travestido de democracia, que corta a criatividade, a espontaneidade, a iniciativa e a liberdade.
E quanto mais mudos ficarmos, mais barulho farão aqueles que querem o silêncio das consciências (in: http://besoirar.blogspot.com/2010/10/democracia-travestida.html).
Abraço

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário de cidadão muito atento ao que se passa na nossa terra.