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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A IRRESPONSABILIDADE DE FAZER CAIR O GOVERNO

 
Corte nas obras que não acrescentam nada, nos organismos que nada produzem, na vergonhosa política de subsídios e esbata as necessidades das pessoas. Aquele sentido de "bombista político", de querer derrubar o governo da República nesta hora dramática, apenas contribui para a desestabilização, para o desnorte e para o agravamento da crise.
 
O Dr. Passos Coelho
não tem noção do País real,
do castelo e da areia.
A sensação com que fico é que há ali uma explicável fome de poder. O Dr. Passos Coelho já se esqueceu que a Drª Manuela Ferreira Leite, na pasta das Finanças,  deixou-nos um défice de 6,83%; que foi o PSD, uma vez mais com a Drª Manuela F. Leite, que criou o famigerado "pagamento especial por conta" que estrangulou os pequenos e médios empresários; que foi a ex-líder social-democrata, entre outras, esteve na origem da ruinosa titularização das dívidas fiscais e contributivas ao Citigroup, e que se a situação não foi pior tal ficou a se dever à política de receitas extraordinárias. Isto para não ir mais longe, ao tempo do Professor Cavaco Silva, enquanto Primeiro-Ministro, onde se verificaram os défices orçamentais mais elevados (em 1993, -8,9% do PIB). O Dr. Passos Coelho já se esqueceu do descalabro dos governos liderados por Durão Barroso/Santana Lopes, e que foi o governo do Engº José Sócrates que diminuiu o défice excessivo para valores de 2,6% (2007 e 2008). O Dr. Passos Coelho esquece-se que tudo isso foi feito sem colocar em causa o apoio social que conheceu, a partir de 2005, um dos maiores e mais consistentes incrementos junto dos mais carenciados da sociedade. Lembro-me, por exemplo, da baixa no preço de 4.000 medicamentos que significou uma poupança para os portugueses de 726 milhões de euros; o Complemento Solidário para Idosos, instrumento poderoso para atenuar a pobreza de 200.000 portugueses; o apoio pré-natal; o Salário Mínimo que cresceu 20% nos últimos cinco anos; o Abono de Família, uma das prestações mais importantes que cresceu 25% no mesmo período. Tratou-se, aliás, do maior aumento de sempre conjugado com o 13º mês desta prestação social; a Acção Social Escolar, baseado nos escalões do abono de família, e que veio a beneficiar milhares de alunos e suas famílias; o apoio à parentalidade, onde a licença passou de cinco para dez dias de licença, acrescido de mais um mês caso o pai ficasse com a criança; a reforma da segurança social permitindo safar o País que se encontrava no abismo para uma situação de garantia de futuro.
O PSD esquece-se da conjuntura internacional que arrastou todo o Mundo, uns países mais do que outros, para uma situação deveras complexa com os défices a crescerem e a afogarem as contas públicas. Parece que os olhos estão sedentos de poder e de apenas poder, repito, pelo que não deixam ver que a Espanha chegou a ter um superavit anda, agora, pelos 11,4% de défice; o caso de Inglaterra com 12%, o de França com 7,7% e por aí fora. Não deixa ver todas as medidas de austeridade que estão em curso em todos os países. 
Em 1993, com o Professor Cavaco,
Doutor em Economia
o défice chegou aos 8,9%.
No tempo do Professor Cavaco Silva, que agora tanto fala da necessidade de controlar as contas públicas, nunca se lhe ouviu dizer que os valores que apresentava eram "insustentáveis". Como vulgarmente se diz, penso que falta vergonha na cara a muito político ou, então, trata-se de uma questão de fome de poder. O bom senso aconselharia, neste momento dramático, menos paleio, mais contenção no discurso político, maior sentido de responsabilidade através da negociação entre todas as partes. Está em causa um paulatino regresso à normalidade que possibilite crescer e desenvolver o País e isso só pode ser conseguido, não com uma estérica gritaria política, mas com uma redobrada atenção ao interesse colectivo com o menor  custo possível de todos os cidadãos que estão a pagar por erros que não cometeram. A hora não é de olhar para os desacertos políticos, porque os há, mas para a pressão dos mercados, a pressão dos especuladores, num mundo onde impera a palavra ganância. A proposta de OE para 2011 vem nesse sentido, vem com opções de política fiscal, orçamental e económica que visam esse objectivo de consolidação das contas públicas de modo a devolver a confiança aos mercados financeiros internacionais. Nós temos de estancar o ataque à divida soberana. O problema agora está em saber como é que essas medidas de austeridade, para chegar aos 4,6% do défice, serão aplicadas na RAM.
O governo regional tenta
meter a cabeça na areia.
Presumo que o Povo
já percebeu a sua estratégia.
Ora bem, aqui é que se coloca o problema relativamente à vida dos madeirenses e porto-santenses. Nós temos órgãos de governo próprio (Assembleia, Governo) e Orçamento próprio. Temos capacidade legislativa e é falso que as medidas do governo da República tenham de ser aplicadas de forma cega na Madeira. É politicamente egoísta, por parte do Presidente do Governo, querer aplicar as medidas de forma cega, apenas para ficar com o dinheiro do IVA, do IRS, etc., para encher os cofres, poder pagar as obras, inaugurá-las, fazer a festa e ganhar eleições. E o pobre e o desempregado, que se danem! O Governo Regional que tanto fala do Continente, dos institutos que não servem para nada, do despesismo e do esbanjamento, comece então por dar o exemplo. Corte nas obras que não acrescentam nada, nos organismos que nada produzem, na vergonhosa política de subsídios e esbata as necessidades das pessoas. Aquele sentido de "bombista político", de querer derrubar o governo da República nesta hora dramática, apenas contribui para a desestabilização, para o desnorte e para o agravamento da crise. De resto, há um tempo para governar (este governo foi eleito em 2009 e tem pouco mais de um ano) e há um tempo para prestação de contas. Fazer cair o governo, neste momento, constitui uma evidente irresponsabilidade. As pessoas em primeiro lugar, esse deve ser o lema, apesar dos enormes sacrifícios que todos vão passar. E que fique claro, sobre as causas deste sacrifício tenho uma leitura que isenta o Povo de responsabilidades e culpa os políticos pelo desastre a que chegámos. Mas somos ilhéus e é aqui que temos de resolver os nossos problemas.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Espaço do João disse...

Eu raramente me engano.
Eu sou o homem do Leme
Vem aí o Monstro
Já é tempo de acabar com a demagogia.
Sempre ouvi dizer que pimenta no c. do vizinho, para mim é refresco. Este Senhor não engana ninguém.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
É verdade, ele tem um "sentido bombista da política". Só sabe governar com dinheiro fresco e quando as dificuldades apertam, quer lá saber se o Povo passa mal!