Adsense

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

POLÍTICA DESPORTIVA. SÓ AGORA DÃO CONTA DO LOGRO?


Nada disto é novo, eu diria que tem barbas. Em 2007, para não falar de outras iniciativas ao longo de todos estes anos, elaborei e apresentei um projecto de decreto legislativo regional subordinado ao título: "estabelece o regime da actividade física, do desporto educativo escolar, do desporto federado e aprova o regime jurídico de atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira". O projecto foi chumbado pelo PSD.

Milhões gastos sem resultados
no aumento na taxa
de participação desportiva
Tem cerca de um ano, o Senhor Deputado Jaime Lucas (PSD), a propósito de uma proposta sobre política desportiva, apresentada pelo PS na Assembleia Legislativa da Madeira, perante a minha argumentação, arengou qualquer coisa, de sentido crítico, que eu "há trinta anos ando a dizer a mesma coisa". Respondi-lhe que uns dizem ter 30 anos de experiência e outros uma experiência repetida trinta vezes. Ora bem, qualquer pessoa, desde os primórdios dos anos 80, a partir de alguns indicadores, facilmente chegaria à concusão que este percurso definido pelo governo regional só redundaria em um colapso uns anos mais tarde. E aí está, o sistema colapsou! É aquilo que tenho vindo a designar por um "monstro" face ao qual o governo não tem capacidade para o domar. E hoje, acabo de ler no DN-M, que o Presidente da Associação de Futebol da Madeira, Senhor Rui Marote, assume que há que "apostar no desporto regional", o Presidente do Clube Desportivo Nacional, Engº Rui Alves, fala em "extinguir o IDRAM e coloca o futuro na base de três perguntas: "quanto temos para investir no desporto, como vamos investir e onde vamos investir?". E vai mais longe, considera prioritário que o governo assuma "a saída do capital social das SAD's". Finalmente!
O objectivo foi criar um desporto
ao serviço da política e não
do desenvolvimento
Nada disto é novo, eu diria que tem barbas. Em 2007, para não falar de outras iniciativas ao longo de todos estes anos, elaborei e apresentei um projecto de decreto legislativo regional subordinado ao título: "Estabelece o Regime da Actividade Física, do Desporto Educativo Escolar, do Desporto Federado e aprova o Regime Jurídico de atribuição de comparticipações financeiras ao associativismo desportivo na Região Autónoma da Madeira". O projecto foi chumbado pelo PSD. Neste momento, devidamente actualizado, está outro quase pronto para dar entrada nos serviços da Assembleia. Está praticamente tudo escalpelizado nesse documento. Obviamente que não se trata de um documento acabado, antes constitui um ponto de partida, onde necessário se torna outros contributos para que o desporto na Madeira constitua uma peça ao serviço do desenvolvimento e não uma peça ao serviço da política.
As grandes limitações espaciais e orçamentais da Madeira implicam, por isso, um outro tipo de orientação, isto é, um grande investimento nas políticas educativas, neste caso, no desporto educativo escolar, na competição regional, no desporto informal, na actividade física em geral, em uma prática que, a prazo, conduza a Madeira a dispor de uma taxa de participação desportiva superior à média nacional e europeia. Estes pressupostos encontram justificação na análise das taxas de participação desportiva globais (77% não tem qualquer tipo de prática regular), onde são sensíveis substanciais desequilíbrios na relação desporto educativo escolar versus desporto federado, na relação entre géneros (na época de 2008/09 a demografia federada registou 16.593 participantes, dos quais 72,9% masculinos e 27,1% femininos), enquanto o desporto escolar regista pouco mais de 4000 praticantes com alguma regularidade. Um quadro destes nem em uma Região rica e absolutamente sustentável.
O Sistema Desportivo estoirou!
Por outro lado, embora seja inquestionável o direito de participação nas competições nacionais e internacionais, não é sustentável, segundo dados de 2008/09, um apoio directo ou indirecto, junto de 55 modalidades enquadradas por 180 clubes aos quais se juntam 25 associações desportivas. Para além destes dados, não é aceitável em função das limitações orçamentais e das prioridades, que a representação da Região Autónoma da Madeira necessite de 215 atletas (2008/2009) continentais e estrangeiros, distribuídos por 20 clubes, para representá-la àqueles níveis. Tampouco é viável manter, anualmente, mais de 1500 representações individuais e colectivas. 
O Presidente do Nacional sublinha que "o actual modelo está ultrapassado, por proteger a participação nacional de modalidades sem qualquer retorno". Já em 1976, no Encontro Regional do Desporto, ficou assente a perspectiva das modalidades consideradas de investimento prioritário. Ninguém ligou e, agora, estão todos de corda ao pescoço. O que estes senhores vêm agora dizer, há que anos está estudado, analisado e proposto. Só o governo regional não ouviu ou não quis ouvir!
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: