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domingo, 17 de outubro de 2010

PROFESSOR: UMA ELITE A VALORIZAR, A PROMOVER E A PREMIAR



Os professores estão transformados em máquinas de ensinar ou em agentes que formam pensadores? Até que ponto o contexto sócio-educativo permite a motivação crescente? Afinal, que Escola e que Professores queremos? Porque há uma diferença entre gostar de estudar e gostar de aprender!

Há que operar uma
"Revolução Silenciosa"
Sexta-feira última tive a oportunidade de assistir a uma conferência sobre "A Motivação dos Professores". O convidado foi o madeirense Professor Doutor Jacinto Jardim. Foram quase duas horas a fazer a radiografia da alma dos professores. E começou da forma mais humilde mas de significado profundo: "primeiro, duvidem de tudo o que eu disser; segundo, questionem tudo o que eu disser e, em terceiro lugar, critiquem tudo o que eu disser". Um início de sessão só possível através de uma pessoa humilde, que sabe e que transporta um verdadeiro espírito universitário. Depois, disse que a classe docente "é uma elite a valorizar, a promover e a premiar". Porque são eles capazes de formar "cidadãos livres, responsáveis e felizes", uma vez que "promovem o desenvolvimento cultural" e porque "activam as competências" para a vida. Facto que implica determinar se os professores estão a conseguir, no plano da consecussão dos objectivos, isto é, "se os caminhos são os melhores porque estão devidamente hierarquizados, se suscitamos uma aberta reflexão crítica, se estamos a operar uma transformação consistente". Interrogações para concluir que o professor deve evitar situações que considerou serem de "palpite".
Falta autonomia
e diversidade pedagógica
Ao percorrer a estrutura em que assenta a motivação, o Doutor Jacinto Jardim sublinhou, ainda, que só pode haver motivação e resultados quando "há realização profissional, reconhecimento, estabilidade, relações inter-pessoais, salário digno, participação, prestígio social, trabalho em equipa, sentido organizacional, boas relações com a hierarquia e autonomia profissional". Aspectos estes determinantes e raras vezes considerados na prática, porque no discurso político, normalmente a história tem outros contornos.
E ao falar, especificamente, do contexto sócio-educativo e psico-social, o Professor Jacinto Jardim, acabou por situar a questão da motivação em cinco aspectos: Apatia Social, Individualismo, Crise de Valores, Infelicidade e Insucesso Escolar. Tudo isto devidamente escalpelizado, para chegar à pergunta central: por que razão é que os professores andam desmotivados? A resposta veio célere, mas desenvolvida uma a uma: "por incompreensão das finalidades, formação inicial deficitária, desactualização, concepção tecnocrática, currículos sobrecarregados, burocracias, falta de suporte, ausência de cultura democrática, problemas de comunicação, ausência das famílias, responsabilidade da classe docente, ambiente social de cepticismo, políticas economicistas, falta de incentivos, menor visibilidade dos efeitos".
Um Governo que não quer
aprender
limita-se a repetir
Lá mais para o final, o orador, em jeito de receita, setenciou: há que fazer, por tudo isto, uma "REVOLUÇÃO SILENCIOSA", tocando nas pessoas, nas mentes, nos corações, na vontade inteligente dos professores, através de uma intervenção com lucidez, coragem e manifestamente construtiva e criadora.
Tratou-se de uma excelente intervenção que decorreu na esteira das preocupações do novo Estatuto da Carreira Docente. Enquanto lá estive, na minha cabeça vezes várias pensei que bom teria sido ter ali sentados o Secretário da Educação e os Directores Regionais para aprenderem qualquer coisita. Eu aprendi, mas de que vale, se são os outros que não aprendem nem querem aprender, mas que decidem e infernizam a classe docente? De que vale, parafraseando o Professor, primeiro, porque não têm dúvidas; segundo, porque não admitem que se questione e, em terceiro lugar, não aceitam críticas. Ficam chateados! Até um dia, que o Povo descubra o mundo de enganos.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

António Trancoso disse...

Meu Caro André Escórcio
A leitura deste texto provocou em mim dois sentimentos contraditórios:
Comoção e Revolta.
Bem Haja.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Um grande Abraço de muita Amizade.
André