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terça-feira, 23 de novembro de 2010

A AMEAÇA COMO "SOLUÇÃO"


Não o preocupou um livro lançado pelo Deputado Edgar Silva, dramático, porque põe a nu uma das maiores vergonhas sociais da Madeira-Nova, que se arrasta no tempo, mas quanto aos médicos e enfermeiros abespinhou-se de imediato. Curioso!


A terrível mania de quero
mando e posso.
Isto acaba mal!
Os regimes com tiques ditatoriais são assim, não analisam e não tentam resolver, seguem a via mais fácil, o "fuzilamento" na praça pública dos direitos e das pessoas. Não interessa saber quantos se manifestaram, mas quem organizou a manifestação. Rola-se a cabeça desse(s) e pronto, problema resolvido, através da intimidação e do medo. Por essa via tentam desmobilizar, fazer esquecer as razões mais profundas do grito de revolta, deixando junto do Povo a ideia de que são uns energúmenos os sujeitos que não querem trabalhar e, por isso, a empresa, mais cedo que tarde, "vai se ver livre de gente que perturba e não quer trabalhar". Estou a escrever sobre a greve dos médicos ortopedistas e, naturalmente, sobre as declarações do Presidente do Governo Regional.
Já andava a estranhar que o assunto não chegasse ao ponto da ameaça. Normalmente, quem abre a boca e tenta discordar, primeiro, é enxovalhado e, depois, ameaçado com o Tribunal. Desta vez é o despedimento. Uma declaração, penso eu, para não levar a sério e que apenas se enquadra na lógica da intimidação. Não é para levar a sério, simplesmente porque o caso é muito sério, uma vez que pode ser o rastilho para outras tomadas de posição entre os médicos das várias especialidades. Pode haver aqui o efeito de contágio e de solidariedade. E a entrar por aí seria o descalabro completo do Serviço Regional de Saúde.
Mas não deixa de ser preocupante esta tentativa de condicionamento. De bom senso seria a abertura do diálogo, sincero e disponível, com os médicos, os enfermeiros e com os parceiros sociais. De bom senso seria a negociação capaz de todos perderem um pouco para que o sistema ganhasse muito. Mas não, esta terrível mania de quero, mando e posso, esta mania de impor contra a vontade, esta necessidade de sentir que existe uma cega obediência hierárquica, esta forma de abafar os problemas, do meu ponto de vista, só trará mais problemas para resolver.
E cada dia que se passe a situação tenderá para o conflito aberto. Foi, por isso, que o PS pediu, há várias semanas, ao Senhor Representante da República, que servisse de mediador neste conflito. O problema é grave e quando o digo, não é que o domine nas suas razões mais profundas. O que sei é do domínio público, está aos olhos de todos que ninguém se entende, que o Secretário não é um interlocutor válido, que o Presidente do SESARAM não risca nada neste processo, que o Presidente do Governo lança combustível sobre o fogo e daí a necessidade de uma mediação, discreta, obviamente, porque a Região tem órgãos de governo próprio, mas necessária porque com a Saúde ninguém deve "brincar".
Não tendo nada a ver com o assunto em causa, não deixa de ser curioso, por parte do Senhor Presidente do Governo Regional, o seu silêncio relativamente à denúncia sobre a existência de prostituição infantil na Madeira, mas em relação aos médicos venha desferir a ameaça. Não o preocupou um livro lançado pelo Deputado Edgar Silva, dramático, porque põe a nu uma das maiores vergonhas sociais da Madeira-Nova, que se arrasta no tempo, mas quanto aos médicos e enfermeiros abespinhou-se de imediato. Curioso!
Ilustração: Google Imagens.

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