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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

COMPARAR A MADEIRA COM OS AÇORES CONSTITUI UM ATAQUE À INTELIGÊNCIA


A atitude do PSD é politicamente inqualificável. Denuncia, por conseguinte, que não olha para a dispersão geográfica de nove ilhas, que a palavra solidariedade é vã e que vale tudo para enganar o Povo, apenas por um objectivo: a manutenção do poder.


Açores: um arquipélago distribuído
por 600 km.

O Governo Regional da Madeira, através do Grupo Parlamentar do PSD, resolveu, agora, no plano orçamental, entrar em comparações com a Região Autónoma dos Açores. Sobre esta matéria, o Grupo Parlamentar do PS entendeu comunicar o seguinte:
1. O problema da Madeira não é de dinheiro a menos, mas de má gestão do dinheiro que é colocado à sua disposição. Não foi por acaso que o Governo, ao assumir-se como Região rica, demonstrável, segundo o Presidente do Governo, através do seu PIB, fez perder 500 milhões de euros e passar de objectivo 1 para objectivo 2 no quadro dos financiamentos comunitários. Não pode o governo, por um lado, colocar a Região no patamar de alguma riqueza para consumo externo, por outro, mostrar-se pobre e dependente, no plano das relações internas.  
2. Ademais, não é minimamente aceitável, porque constitui um atentado à inteligência do Povo da Região, comparar o que é incomparável. A Região da Madeira é composta por duas ilhas habitadas, enquanto os Açores dispõem de nove ilhas, facto que implica maiores encargos a todos os níveis, pela natural multiplicação das funções administrativas e de resposta às necessidades da população.
3. E a verdade é que sempre foi assim, desde o tempo do Dr. Mota Amaral. Esquece-se o Governo Regional, que para a construção do aeroporto da Madeira, o Governo dos Açores aceitou dividir, em partes desiguais, uma verba de 7,5 milhões de contos, do Programa Comunitário REGIS. A Madeira ficou com cinco milhões e os Açores com 2,5, com a promessa da Região compensar os açorianos em outro momento.

3.1. Um acordo, assumido durante uma Cimeira, brindado, no aeroporto, com champanhe e ofertas, mas que nunca, nem nos momentos de catástrofe, os açorianos vieram a sentir a solidariedade do governo da Madeira. Um acordo que teve custos eleitorais para o Dr. Mota Amaral nas eleições autárquicas seguintes.
3.2. Significa isto que para o Dr. Alberto João Jardim a solidariedade não tem reciprocidade. O sentido da sua política esgota-se em utilizar e deitar fora.
4. E anda o PSD numa louca correria para ludibriar a população, quando sabe que a Lei de Meios acordada entre os governos central e regional foi respeitada na íntegra, que a Madeira receberá em 2011 mais 46 milhões de euros que em 2010, enquanto os Açores sofre um corte de 6% nas transferências orçamentais. E esquece-se que a construção do radar meteorológico do Pico do Areeiro, anunciado pelo Ministro Mariano Gago, não consta do PIDAC e custa cerca de 2 milhões de euros.
4.1. Para além desse aspecto, a Madeira apresenta um PIB 21% acima da média nacional, enquanto nos Açores a riqueza per capita é 17% por cento inferior, sendo respectivamente de 83% e de 60% por cento face à média europeia.
4.2. De registar, ainda, que a Madeira tem 245.011 habitantes em duas ilhas, enquanto nas nove dos Açores residem 241.763.
4.3. Consequência da má negociação, 502 milhões de euros é quanto a Madeira prevê perder, devido ao seu elevado PIB, dos apoios do Estado e da União Europeia, entre 2007 e 2013, relativamente às transferências feitas no período entre 2000 e 2006, enquanto os Açores arrecadarão mais 581 milhões.
5.  A atitude do PSD é politicamente inqualificável. Denuncia, por conseguinte, que não olha para a dispersão geográfica de nove ilhas, que a palavra solidariedade é vã e que vale tudo para enganar o Povo, apenas por um objectivo: a manutenção do poder.

5.1. Admitíamos que a luta do PSD fosse no sentido, por exemplo, da defesa da construção de um novo hospital enquanto projecto de interesse comum. Mas compreendemos que não o possam fazer, quando, em primeiro lugar, colocam, como prioridade, 45 milhões dos impostos dos madeirenses para um estádio de futebol.
6. Ao contrário desta insensata comparação com os Açores, deveria o Governo privilegiar o sentido da cooperação visando novas conquistas autonómicas. A atitude de confronto conduz, certamente, a perdas muito maiores e graves para o desenvolvimento de ambas as Regiões.
7. No fundo, o Presidente do Governo manda os Deputados criarem fait-divers, quando deveria estar preocupado com os seis mil milhões de dívida resultantes das suas megalomanias, a incapacidade para gerar dinâmicas empresariais geradoras de emprego, combater o desemprego de 15.000 madeirenses e esbater a pobreza que atinge mais de 70.000 pessoas.
8. Era com isto que deveria estar preocupado, por extensão, com o Orçamento Regional para 2011, definindo as políticas que venham a atenuar as medidas de austeridade. Portanto, deixe da mão os Açores, com este ou qualquer outro governo, apenas copie o que de bom lá se faz, por exemplo, o salário mínimo, o complemento de pensão para os mais desfavorecidos, o suplemento no abono de família e o apoio no pagamento dos medicamentos. Deixe-se de lamúrias e governe.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Unknown disse...

Srº prof.
O grupo parlamentar deveria através de publicidade paga dar a conhecer este comunicado a toda a população para que este embuste que o PPD continua a aplicar em relação às transferências do estado para os Açores/Madeira, ser desmistificado,porque aos olhos do povo,o que o PPD diz é que está certo - O GOVERNO DO SÓCRATES CONTINUA A ROUBAR OS MADEIRENSES - e o Zé povinho vai na cantiga.
Cumprimentos.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
O Povo descobrirá a verdade. Porque há muitas mais que a seu tempo serão desvendadas.
Obrigado.