Adsense

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A ESCOLA OU MUDA OU SERÁ MUDADA

"Há 11 anos, Ken Robinson reuniu um grupo de especialistas britânicos, envolveu escolas, professores e associações para discutir a importância da criatividade nas salas de aula. O relatório All Our Futures ficou conhecido por Robinson Report e apresentava propostas concretas. Só as medidas mais simples foram aplicadas, porque os governos arriscam pouco, diz. Mas, mesmo assim, nas escolas onde houve mudanças registou-se "um impacto nas notas dos alunos e no moral dos professores". Jornal Público/P2/04Nov2010.

O tema não é novo, apenas serve, para quem não domina estas coisas, começar a pensar nas palavras de quem sabe, de quem investigou e de quem tem uma noção correcta do que deve ser a Escola HOJE. E um desses especialistas em Educação, Ken Robinson, é um dos muitos que querem romper com um tipo de escola para tempos de mudança. E confessa que é difícil porque os políticos procuram os caminhos mais fáceis. Diz Ken Robinson: "(...) As artes têm muito pouco peso nos currículos e eu fiz campanha, em toda a Europa, a favor da criatividade. Quando Tony Blair foi eleito, a tónica era "Mais educação, mais educação". Mas quando chegou ao Governo, as políticas que levou a cabo foram: mais exames, mais inspecção, mais avaliação, pagar aos professores conforme os seus resultados... Nas escolas, cresceu um clima de medo entre os professores. Não defendo que não deve haver metas, mas sempre defendi que deveria haver uma estratégia para desenvolver a criatividade (...) e pô-la no terreno. É preciso mexer nos currículos, estabelecer parcerias (...) e não podemos preparar os alunos para o futuro sem que eles desenvolvam a sua imaginação".
Mais, adiante, quando o Jornalista questiona-o sobre a importância da criatividade, Ken Robinson respondeu: "O modelo educativo continua a assentar no industrial". Diz o Jornalista: como se a escola fosse uma fábrica? Sim, e já não é assim. O futuro depende da capacidade de inovar, criar novos tipos de emprego, novas oportunidades. A criatividade permite desenvolver a imaginação, dá poder para pensar de maneira diferente.
O sistema educativo precisa de mudar?, questiona o Jornalista: "Estará a mudar? Nos EUA há mais testes, mais avaliação dos professores, as escolas são penalizadas se não conseguirem os resultados esperados (...) e o que é que se ganha com isso? Fala-se de eficiência para a educação como para a indústria automóvel e não se pode aplicar esse conceito nas escolas. Tem sido um desastre e em Portugal provavelmente também".
Então, qual é o segredo das boas escolas? "(...) Ter bons directores, bons professores, uma boa relação com a comunidade. Os professores é que são o sistema educativo e não o Ministério da Educação. É senso comum. Aceitamos a diversidade nos restaurantes, na arquitectura, na música. Em todo o lado procuramos a diversidade, por que não na escola? Queremos que estas sejam todas iguais, mas não são máquinas, são organismos vivos. Se tratamos os alunos como se não fossem indivíduos, com talentos reconhecidos, eles não podem interessar-se pela escola. O sistema educativo mata a criatividade das crianças. Os políticos não compreendem e acham que a solução está em normalizar tudo.
Não sabem que não resulta?
Não está a resultar, os alunos continuam a abandonar a escola. É preciso regressar às origens, a uma educação mais pessoal, mais comprometida, onde se criam oportunidades para as pessoas desenvolverem os seus talentos, seja na matemática ou a tocar violoncelo. A experiência diz-me que se descobrirmos uma coisa em que somos bons, conseguimos ser melhor em todas as outras em que somos menos bons."
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: