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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

OBJECTIVO: LAVAGEM AO CÉREBRO!


Para quê, então, mergulhar nessa Madeira real? Para quê, se o problema é todo do Continente? Para quê  diagnosticar, analisar, produzir e emitir, se se toma por verdade absoluta o discurso da maioria que empurra tudo para Lisboa? Para quê meter-se em "aventuras" se o "chefe" ou "chefes" não apreciarão o nosso comportamento profissional? Importante é, por múltiplas razões, a região demarcada do "rum"!

Eis a receita:
"brainwash" permanente.
Ontem, após o TELEJORNAL da RTP-Madeira, escrevi aqui um texto de revolta pelo que assisti. E continuo revoltado porque constitui descaramento a mais a forma e o conteúdo da informação diária. Vamos lá por partes.
A RTP-Madeira justifica-se se souber produzir com qualidade e marcar a diferença. E essa produção, obviamente, não pode sustentar-se, apenas, naquilo que eu designo por "televisão sentada", isto é, entrevistas e debates de estúdio. Mas alguém suporta, ou, no mínimo, haverá bom senso, em horário nobre, à terça (este é, apenas, um exemplo) colocar dois programas seguidos ("Entrevista" e "Parlamento") de estúdio?
Ora, a "televisão sentada" deve ter os seus espaços próprios (quantidade não é sinónima de qualidade), de resto importantes quando bem feitos, mas a televisão é sobretudo movimento e dinamismo. Dois exemplos recentes: primeiro, uma coisa é uma entrevista de estúdio com o Dr. Edgar Silva, a propósito da prostituição infantil (excelente intervenção, pela coragem de tocar num tema de extrema gravidade e delicadeza), outra, é perante o silêncio político e social, meter pés ao caminho e realizar a incómoda reportagem sobre a realidade; segundo, ontem, teve foros de "denúncia" a situação de catástrofe social em que está mergulhado o Porto Santo (que, para a RTP-Madeira, valeu 31'' sem qualquer enquadramento), outra, é, perante a denúncia, equacionar, de imediato, no próprio TJ, o dramatismo da situação, desenvolvendo, depois, o respectivo trabalho de reportagem, indo ao âmago do problema. Só que, o problema é que nem uma nem outra reportagem o "serviço público" pode fazer, porque está amarrado, condicionado, bloqueado por forças exteriores que a impossibilitam ir mais longe. Mas estes são dois exemplos, os mais próximos, talvez, porque, face a um Orçamento que aí está, penalizador dos madeirenses e porto-santenses, Orçamento Regional este que vai determinar a vida de toda a população não apenas em 2011, mas nos próximos anos, parece que ninguém dele quer saber. Ontem, viu-se, através da entrevista ao Doutor Luís Campos e Cunha. O objectivo foi claro: malhar em Lisboa para que o PSD passe aqui incólume. 
Uma RTP que escolheu o caminho mais fácil!
É por isso que a RTP-Madeira, agora mais do que nunca, transformou-se num centro, não de produção de assuntos sérios, mas de claro bloqueio, que apenas favorece quem governa. A Região está de pantanas no plano económico, financeiro, social e cultural, mas para o "serviço público" a imagem que passa é a de "AJJ na Região das maravilhas". Por aqui está tudo bem, tudo arrumadinho, aqui é que se respira bem-estar e desenvolvimento humano, pois o desemprego é aquele que o secretário dos Recursos Humanos apregoa, a pobreza constitui uma invenção da "esquerdalhada", as falências são normais, 1040 dias para pagar as facturas da saúde constitui um prazo absolutamente aceitável, enfim, tudo funciona em um quadro de absoluta "tranquilidade", trazendo à colação o seleccionador nacional de futebol. Para quê, então, mergulhar nessa Madeira real? Para quê, se o problema é todo do Continente? Para quê  diagnosticar, analisar, produzir e emitir, se se toma por verdade absoluta o discurso da maioria que empurra tudo para Lisboa? Para quê meter-se em "aventuras" se o "chefe" ou "chefes" não apreciarão o nosso comportamento profissional? Importante é, por múltiplas razões, a região demarcada do "rum"! Ora aí está uma grande conquista da Autonomia!
É por estas e por muitas outras, por ausência de uma identidade própria, que de tempos em tempos surge a ameaça de isto se tornar em uma "janela" da RTP, em Lisboa. É por essa ausência de uma matriz conducente a uma identidade própria que se passa pelos restaurantes, bares, etc. e só muito raramente os televisores estão sintonizados na Madeira. Pobre RTP, ao ponto a que chegou!
Ilustração: Google Imagens. 

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