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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

CONTINHAS: PRETO NO BRANCO!


Tudo o resto, os louvores, os choros, as palmas, a capela a Nossa Senhora da Conceição, com discursos políticos feitos no altar (já começaram a pecar!) fazem parte da encenação, do teatrinho que embala as consciências adormecidas. Ajudam à anestesia e o Povo que se dane!

O debate tem de ser feito!
Parabéns ao Jornalista Miguel Torres Cunha do DN-Madeira pela excelente caracterização que produziu, hoje publicada, a propósito do centenário do C. D. Nacional. Desse trabalho dois aspectos prenderam-me a atenção: em 6.018 dias, o clube geriu 65 milhões de Euros obtidos através do financiamento público e, em 2009, cada atleta do Nacional custou à Região  mais do dobro do que o governo investiu por aluno. Trata-se, apenas, de um clube, mas há mais um com idêntica grandeza (C. S. Marítimo), fora outras duas centenas de clubes e de associações que sobrevivem à mesa do Orçamento Regional. É muito dinheiro atribuído, para, ainda por cima, estarem falidos ou a caminho disso. Nos dois clubes, os adeptos e simpatizantes (pagantes do espectáculo futebol) não conseguem encher os seus estádios, um construído outro em construção. O total de lugares disponíveis aproxima-se dos 14.000, todavia, a média, por jogo, de ambos os clubes é de, aproximadamente, 6000. O que significa que, em média, em função da capacidade disponível, apenas 42% dos lugares são ocupados.
A política desportiva
à frente da política educativa.
Bom, mas estes são números para reflectir, porque são preocupantes, sobretudo porque, na linha do pensamento que tenho vindo a desenvolver, confirma-se que o governo não hesita entre a Escola e o Desporto de âmbito federado. Os dados são claros. É por isso que temos um desporto educativo escolar com uma ridícula percentagem de participação (8%) em função do número de alunos, temos uma baixa cultura geral, incluindo a desportiva, temos 77% de habitantes, entre os 14 e os 65 anos, sem hábitos de prática física ou desportiva e dispomos de péssimos resultados ao nível do aproveitamento escolar. Esta é a realidade que nada tem a ver com o prestígio dos clubes e o brilhantismo do seu passado (sobretudo quando não havia dinheiro público em jogo). A situação tem a ver com outras coisas, com a realidade da Região do ponto de vista educativo, social, das prioridades e de como, todos nós, vamos sair deste sufoco financeiro no qual o governo nos meteu. O problema é este. 
Tudo o resto, os louvores, os choros, as palmas, a capela a Nossa Senhora da Conceição, com discursos políticos feitos no altar (já começaram a pecar!) fazem parte da encenação, do teatrinho que embala as consciências adormecidas. Ajudam à anestesia e o Povo que se dane!
Ilustração: Google Imagens.

15 comentários:

António Trancoso disse...

Meu Caro André Escórcio
Não há palavras para classificar uma população que,maioritariamente,admite e sustenta um tal estado de coisas.
Um abraço.

Anónimo disse...

...Mas há: "vilhões"!!

V-I-L-H-Õ-E-S. That´s it.

Anote para não esquecer.

Não conhece sr. Trancoso?!... Uns ainda usam o barrete de lã para proteger as orelhas do frio, mas ele há outros que até já vão falando à mesa dos cafés.

Estas duas estirpes sustentam, em largo número, o dito regime.

Há uma terceira estirpe, menos "avilhoada" (mas que continua sempre a gostar da poncha, do "sêco" e do "dentinho") - e que até já vai tendo estudos - mas que é desgraçadamente interesseira, calculista, sem escrúpulos e sem pudor.

São estes três pés-de-galo que lá vão sustentando o tampo pesado e gorduroso da estrutura.

Um dia, talvez, o sr. consiga compreender.

Perdoe-me no entanto se o subestimo.

Saudações a ambos.

Vico D´Aubignac

João Sousa disse...

Viva, Caro Amigo André Escórcio!

Concordo consigo. O jornalista do DIÁRIO desmontou toda a argumentação usada por Rui Alves para se fazer importante, nomeadamente quanto aos números da formação, que estão muito longe do milhar que tem apregoado.
Até o n.º de sócios é pouco significativo, tendo em conta o protagonismo que ele tem vindo a merecer na comunicação social e as ameaças de participação nas eleições legislativas do próximo ano. Oxalá que ele participe activamente na campanha porque toda a gente conhece essa ave negra, inclusive o Presidente do Governo que já ironizou que Rui Alves é a pessoa certa para falar de responsabilidades.

Nota: Isto de tanto falar em desporto, leva-nos a cometer erros linguísticos inopinados como o que está em «o governo não exita entre a Escola e o Desporto». O problema é que os êxitos governamentais não surgem, devido às muitas hesitações...

Abraço!

João Sousa

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Eu, que não suporto a ideia de "desporto profissional" (algo de paradoxal emerge dessa expressão), com especial incidência para o futebol, não posso concordar que o meu rico dinheiro sirva para sustentar essa actividade. Mesmo partindo do princípio de que essa despesa é devidamente controlada...
Ou seja, quem estiver interessado em assistir a esse tipo de espectáculos que pague. Se não puder pagar, fica em casa, porque quem não tem dinheiro não tem vícios.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
De tanto "pseudo êxito" na Região, até uma pessoa, resvala para a hesitação.
Por isso adoro a Língua Portuguesa.
Obrigado.
Um abraço

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário (Fernando Vouga).
Concordo, totalmente.

Atleta disse...

Você será um de entre todos os madeirenses entre os 14 e 65 anos. Que desporto pratica o Sr. Deputado? E com que frequência? Só para perceber se é consequente no que defende...

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Meu Caro "Atleta", felizmente tenho a possibilidade de ter um pequeno ginásio em casa. Quando a construi reservei um quarto para essa actividade (12m2). Tenho uma máquina para correr (vulgo "passadeira"), uma máquina para musculação, uma bicicleta e uma máquina para exercícios abdominais. No mínimo, três vezes por semana faço a minha prática física, fundamentalmente correndo em cada sessão 40/45'. Há semanas que, devido a reuniões a regularidade é menor. Não pratico, portanto, qualquer desporto, tenho a minha prática física regular. Por isso, estou dentro do peso considerado normal para a minha estatura.

Atleta disse...

A questão é se estará ou não no grupo estatístico que referiu... e se não está, não se deve ao Governo Regional ou se está também não...

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Tenho dificuldade em compreendê-lo, ou, pelo menos, onde quer chegar.
Apenas lhe posso dizer que estou dentro abaixo dos 65 anos, logo faço parte dos que são abrangidos pelo estudo.

Pica-Miolos II disse...

Ah!Ganda Atleta!
Até tem músculo acrescido na língua!
Este vale...cento e cinquenta!...

Atleta disse...

O que quero dizer é que não cabe ao Governo Regional "empurrar" ninguém para a pratica desportiva, principalmente nessas idades.
Bastará verificar que estão ao dispor de quem quiser os locais e a possibilidade de o fazer. A custos mínimos, tão mínimos que se arrisca a que as infraestruturas não tenham sustentabilidade.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
O problema não é esse. O problema é que, por um lado, o governo, responsável pela política educativa, atribui ao desporto escolar (aquele que motiva para a vida) cerca de 300.000 euros, mas para o sector federado atribui 34,5 milhões de euros. Se não educa não pode haver resultados. Tão simples, quanto isto. É como gostar de ler, de ir a um museu, gostar de pintura, e por aí fora.

Atleta disse...

Deve estar a brincar...
Trezentos mil euros?
E os cerca de 1000 professores de educação física, nas escolas e destacados, em clubes, na formação. Custarão, pelo menos 35 milhões. Porque não conta com esse valor? O pessoal técnico é o custo básico do desporto escolar. Ou não?

André Escórcio disse...

Oh, meu Caro, faço o favor de estudar os problemas.
Repito, são cerca de 300.000 Euros para actividades do Desporto Escolar.
Os professores destacados não têm nada a ver com a escola. Se estão destacados não estão, obviamente, na escola. Estão ao serviço dos clubes e associações. Percebeu, meu Caro?.