Adsense

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS, NAS MÃOS DO POVO, A NECESSÁRIA MUDANÇA


O mentor desta estratégia partiu do errado pressuposto que este ainda era o tempo dos reis e que as caravelas vinham apinhadas de riqueza. Ou, então, mesmo sabendo que esta "caravela" atlântica afundaria de velhice, quis perpetuar a obra, já que as dívidas alguém as pagará, o Povo, certamente. Por isso, tem "placas" alusivas por tudo quanto é sítio e, um dia, um busto algures no meio da cidade que, por enquanto, o nega. Com o meu contributo nunca o terá.

 
Sempre a ofender
mas sempre a pedir perdão!

Estamos no final de mais um ano. Politicamente, foi mais um ano complexo. Muito complexo para os madeirenses e porto-santenses. E foi porque o governo regional assim quis. Começou a pagar a factura da megalomania, começou a sentir que o cofre estava vazio e que ninguém está para manter um quadro de despesismo absolutamente inviável e comprometedor para o futuro.
Quando a liquidação das facturas no sector da Saúde é superior a 1000 dias e que a banca bloqueou o sistema factoring, obviamente que estes constituem sinais óbvios do desastre, isto é, da incapacidade para governar. Só que todo este processo tem uma história, que vem de longe, muito longe, vem daquele "princípio" orientador de que a História não fala de dívidas, mas de obras. O mentor desta estratégia partiu do errado pressuposto que este ainda era o tempo dos reis e que as caravelas vinham apinhadas de riqueza. Ou, então, mesmo sabendo que esta "caravela" atlântica afundaria de velhice, quis perpetuar a obra, já que as dívidas alguém as pagará, o Povo, certamente. Por isso, tem "placas" alusivas por tudo quanto é sítio e, um dia, um busto algures no meio da cidade que, por enqunto, o nega. Com o meu contributo nunca o terá.
A tragédia não explica tudo.

Mas, dizia, este foi um ano politicamente difícil. A tragédia de 20 de Fevereiro e os fogos de Agosto vieram completar essa complexidade. Mas a crise, é preciso que se tenha em atenção, não vem daí. Tais acontecimentos acentuaram e colocaram a nu um quadro deveras preocupante. Quer a tragédia quer os fogos demonstraram a fragilidade da Região, os erros cometidos em matéria de prioridades e de prevenção. Puseram a nu licenciamentos de obras que nunca deveriam ter tido lugar. Não quer dizer que tais eventos não tivessem acontecido, mas os danos poderiam ter sido muito, mas mesmo muito atenuados. Tome-se em consideração, por exemplo, o número de obras de canalização de ribeiras e de pequenos afluentes que foram realizadas nos últimos tempos. Foi necessária a tragédia para tais obras serem consideradas prioritárias. E o que dizer do desordenamento do território, da falta de rigor e de respeito pelo planeamento! E o que dizer da ausência de vigilância preventiva no caso dos fogos florestais! Há, portanto, incúria e irresponsabilidade política, porque o tal mentor, um dia, disse que tínhamos de viver e de conviver com o risco. É evidente que todos sabemos que o risco faz parte da nossa vida, independentemente de vivermos numa ilha, só que nós, no plano individual, tentamos minimizá-lo, prevenindo-o. O que não aconteceu, nem acontece, com este governo cujas opções, desde há muitos anos, visam mais a sua auto-afirmação do que propriamente a defesa do Povo.
E essa auto-afirmação conduziu, mesmo neste tempo de vacas magras, a uma total incapacidade para alterar o seu paradigma de governação. Continuaram a não querer ouvir ninguém, judicialmente processaram pessoas, aviltaram-nas na praça pública, soltaram os cães, continuaram a onda de cimentização, jogaram fora contributos válidos e na Assembleia Legislativa tudo chumbaram na mais absurda política ditatorial de quero, posso e mando.
A situação é de dor.
Pela auto-afirmação do seu poder, negligenciaram os números do desemprego, onde as falências acontecem, mas a taxa de desemprego não cresce. Pela auto-afirmação, continuaram a esconder o número de pobres, inviabilizaram o processamento de um apoio acrescido aos pensionistas idosos e pobres, meteram na gaveta petições populares da maior relevância quer pelo número de subscritores quer pela matéria defendida. Atiraram o Porto Santo para uma situação de insustentabilidade, com 92% das empresas em insolvência técnica. Deixaram que o Turismo chegasse ao ponto a que chegou, onde já se fala do destino Madeira num arrepiante quadro de "sazonalidade". Pela auto-afirmação, porque o dinheiro não chega para tudo, esqueceram-se das empresas enquanto promotoras de economia viva e, naturalmente, de emprego. Deixaram, intencionalmente, que a Escola não partisse para a excelência dos resultados e, no plano da Saúde, os conflitos falam por si.
Este foi um ano político para esquecer. E como não aprenderam, em 2011, as vítimas serão as mesmas. Ficarão piores, porque a megalomania, o interesse pelas eleições, a fome de poder, conduzi-los-á a não olhar para os sectores prioritários, atenuando, com medidas estabilizadoras e no quadro da Autonomia, as medidas de austeridade que vêm a caminho. Tal como estão a fazer nos Açores. Espero que o Povo desperte enquanto é tempo e que, em Outubro, diga BASTA a um poder que o anda a triturar como se nada tivesse a ver com ele.
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
Por tudo o que revela, no que acaba de escrever, discordo do seu posicionamento no que se refere ao busto.
Pelo contrário, uma decisão que vá nesse sentido,merecerá a minha inteira aprovação.
Porquê e para quê?
Para que as gerações futuras,ao comtemplá-lo,tenham sempre presente quem foi o autor- causador das suas enormes dificuldades, e, jamais permitam que, tal aberração política, volte a repetir-se.
Nem só os Grandes Vultos merecem estátuas...

Luis Sousa disse...

Sabe qual é o seu problema?
É que orienta as suas opiniões contra o PSD regional, mas o seu PS nacional faz o mesmo ou pior...

A garantia que um PS regional faria o que defende, se no poder, é zero.
A sua luta até seria aceitável e válida, mas sempre fora dos partidos. Ou no mínimo, num partido sem ambições governativas onde se pode ser demagógico à vontade pois nunca terá que provar que aplica o que defende.
Dentro de um partido com ambições de ser poder as suas lutas soam a falso e de pouco valem. E têm o efeito contrário do que pretende. Menos votos. Pois os seus camaradas, quando (no) poder fazem o contrário.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Não sei o que lhe diga... mas, lá no fundo....

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário (luís de Sousa).
Vamos por partes: Eu respeito todos os partidos e todas as opções. Os partidos enquanto instituições e as pessoas que neles militam ou são simpatizantes.
Isto para dizer que não oriento as minhas posições contra o PSD. Entendo é que a sua práxis política já deu tudo quanto tinha para dar. A Sociedade exige a mudança. São os diversos indicadores que o dizem.
Por outro lado, não há luta política, quando se fala da governação, fora dos partidos. E as pessoas, neste caso, não são todas iguais. O PS-Madeira, por exemplo, tem autonomia e veja-se, por exemplo, o que se passa nos Açores em determinados domínios do desenvolvimento.
Não existe, portanto, demagogia da minha parte. Pelo contrário, tento, com a minha experiência e leitura da Região, do País e do Mundo, caminhar num sentido que me parece mais justo e mais consistente relativamente ao crescimento e desenvolvimento das populações.
A aceitar a sua posição como válida, obviamente, que nunca existiria alternativa, o que não é, de todo, um bom caminho. A Democracia exige inovação, criatividade, pessoas que tragam novas ideias que pela sua consistência transformem, localmente, a vida das pessoas.
É esse o meu objectivo. Se me conhecesse bem veria que assim é!