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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

ESCOLA DE TALENTOS


O desafio é repensar a cultura de Escola, os seus mitos, o modo de organizar o currículo, a pedagogia, a avaliação. Reforma após reforma, permanece no sistema educativo tudo o que na escola é convenção, ritual, de acordo com lógicas herdadas, numa tirania de senso comum adquirido.

A Drª Júlia Caré assina, na edição de hoje do DN, um notável artigo de opinião, sobre Educação, causa há muitos anos por ela abraçada. Vale a pena ler e reflectir. Identifico-me, totalmente, com a sua leitura ao processo educativo, onde falta coragem para abandonar rotinas e estruturas retrógradas, coragem para abandonar a Escola fechada sobre si própria que relega os valores da iniciativa, da criatividade e da responsabilidade, abandonar a Escola   burocratizada, da legislação em catadupa, que subsiste no meio de papéis inúmeros, coragem para abandonar a Escola das iniciativas que caem em cascata, onde pouco interessa o porquê e para quê, a Escola traduzida nos projectos disto e daquilo, a Escola, enfim, incapaz de romper com os seus muros para interagir com os restantes sistemas. Esta Escola que temos é a escola da desmotivação e da entropia. Por isso, o artigo da Drª Júlia Caré assume particular importância. Aqui fica um excerto: 
"(...) Habituámo-nos a esta organização linear da escola em saberes e tempos compartimentados pré-definidos e iguais para todos, alunos alinhados por idades - a linha de montagem fabril - pautados por pausas regulares para medir conhecimentos e comparar produtos. O desafio é repensar a cultura de Escola, os seus mitos, o modo de organizar o currículo, a pedagogia, a avaliação. Reforma após reforma, permanece no sistema educativo tudo o que na escola é convenção, ritual, de acordo com lógicas herdadas, numa tirania de senso comum adquirido "established": a escola da conformidade, formatada, "fast-food", de que fala Ken Robinson. Que ao invés de potenciar talentos, muitas vezes castra dons, subalterniza percursos educativos, empobrece e desgasta energias".
Ilustração: Google Imagens.

9 comentários:

Mediocridade disse...

Tem razão. A Escola socialista e igualitária não leva a lugar nenhum. Castra os talentos e fixa-se nos que nada querem com a Escola. Trata-os como coitadinhos. Entende que todos podem chegar a todo o lado e, para isso, elimina a avaliação e a exigência. Aí, todos passam de ano. Elimina-se o insucesso. Simultaneamente, elimina a vontade de trabalhar dos talentosos. Que, logo, estão também na mediocridade. É que não adianta mesmo trabalhar. O prémio é igual. Se tens um olho, em terra (socialista) de cegos, mais vale fecha-lo.
Pois os reis, são logo abatidos. Qualidade, talento, líderança? É para abater.
Escola socialista: não obrigado. Infelizmente é a que temos.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comenntário.
Não se trata da Escola Socialista, mas sim da ESCOLA. A entrarmos por aí teríamos a frustração de uma "Escola Social-Democrata na Madeira" cuja responsabilidade é do PSD-M, desde 1976. Ou, então, a frustração de um Primeiro Ministro Cavaco Silva, no poder durante dez anos (duas maiorias absolutas), durante os quais mudou cinco vezes de ministro da Educação.
O problema é muito mais profundo, é de escolha entre uma Escola de matriz da Sociedade Industrial manufactura), ou de uma Escola de matriz da Sociedade de hoje e do próximo futuro, a da mentefactura.
É por aí que temos de olhar para o Sistema Educativo!

Mediocridade disse...

Referia-me mesmo a essa Escola. A de cá e de lá. É a Escola socializante.
Cavaco Silva foi do PSD mas regeu-se sempre pela Escola da sociedade industrial. Essa é a Escola de cariz socialista. Que reflete o caminho para a sociedade socialista que define a nossa Constituição. A que igualiza e elimina quem se salienta.
Ser socialista é lutar pela igualdade e, sendo assim, elimina-se sempre quem se salienta. Pois esses são os desiquilibradores, que colocam a nu a menor aptidão dos outros.
O que refere está correcto e até se compagina com o que sempre fez no Desporto de Alta Competição. Mas, reconheça, é totalmente contrário à idealogia que defende.
Ou se é socialista ou não se é socialista. Ou está correcta a sua visão da Escola (e do Desporto) ou a da sociedade socialista. As duas coisas não.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário.
Ser socialista não é sinónimo de nivelamento por baixo. Pelo contrário, é criar condições para que todos possam ter sucesso, sendo certo que uns, por múltiplas variáveis, serão excelentes. Isto é válido para todas as áreas de intervenção educativa.

Mediocridade disse...

Essa é a sua ilusão. A de todos os socialistas. Que todos podem ter sucesso. Essa ideia acaba por nivelar por baixo e elimina os referidos excelentes. Deixam de o ser...
Se todos puderem ir aos Jogos Olímpicos em vez de termos uma competição atractiva para a qual se trabalha afincadamente e só alguns podem ir, passamos a ter uma competição sem nenhum interesse, em que vão todos os medíocres. Os bons desinteressam-se e está a igualdade conseguida. Mas nivelada por baixo...
Não conhece a estória do professor que resolveu dar notas todas iguais a todos os alunos?

André Escórcio disse...

Não se trata de ilusão, meu caro. Olhe para os países que acabaram com o analfabetismo há mais de um século. Olhe para os países que servem de referência a Portugal. Olhe para o número de licenciados e de investigadores de países que decidiram investir na Educação e não no "cimento". Basta olhar e, depois, estudar como lá chegaram.

Mediocridade disse...

Pois, mas nenhum desses seguiu o socialismo...
Nós seguimos. Está na Constituição.
E não foi agora retirado, com o conluio do PSD.
É isso que nos leva à Escola que temos. A Escola socialista. Não a Escola do PS. A Escola que reflete a sociedade socialista, igualitária e, está provado, infelizmente, igualizada por baixo.

André Escórcio disse...

Meu caro, o problema não é constitucional, mas sim de mentalidade. Vou lhe dar um exemplo: A Constituição Portuguesa, no Artigo 79º, diz que "todos têm direito à prática do desporto". Na prática, apenas 23% da população dele desfruta como hábito cultural. A Espanha não tem aquela referência constitucional e, no entanto, julgo que há dois anos venderam 8 milhões de bicicletas de montanha média de 1 em em 4). Trata-se de um problema de mentalidade e de políticas que estão muito para além da CR.

Pica-Miolos II disse...

Senhor Professor
Não há volta a dar!
O sr.ou sra.(?)Mediocridade tem uma ideia fixa, da qual não há retorno.
Nem mesmo explicado,explicadinho - como se diz na tropa - para jardinista entender,se chega lá!
Há "fidelidades" que são tão sólidas como o betão instalado.
Delas,será o Reino dos Céus. Ámen!